A UNIT completa cinquenta anos

“Deus quer, o homem sonha, a obra aparece”.
Fernando Pessoa

Com este pensamento do maior poeta português, com a permissão dos camonianos, Sua Excelência, o Governador Marcelo Deda principiou a sua oração em homenagem aos cinquênta anos da Universidade Tiradentes.

A frase foi bem escolhida, a metáfora não poderia ter sido outra, senão aquela, tão sabiamente usada pelo ilustre e competente tribuno. A Universidade Tiradentes – UNIT é, de fato, uma obra que Deus quis e um devotado visionário sonhou e com muito trabalho e boa vontade realizou. A obra apareceu.

Jouberto Uchôa de Mendonça é um idealista determinado, daqueles que seguem a trilha dos vencedores: sonha, realiza, sonha novamente e realiza outra vez… Indeterminadamente… Sempre mais, sempre melhor. Para homens como Uchôa somente os limites da humildade, da ética e do trabalho justo são suficientes para intimidá-lo, nada mais. Eles sabem o que querem, onde querem chegar e trabalham duro para dar vida a obra e, por fim, ela sempre aparece.

De humilde funcionário do Colégio Pio X, conseguiu seguir sempre numa escala ascendente, rumo a uma posição melhor na hierarquia daquela instituição de ensino: servente, auxiliar de limpeza, vigia que tinha medo de alma, bedel…, entre outros, até alcançar a função maior de diretor daquela conceituada escola.

No entanto, sentia que mais ainda poderia e deveria fazer. E, de fato, quis e fez. Tornou-se, em 1962, dono de seu próprio Colégio, o Colégio Tiradentes. A sua grande obra nascia.

Porém, Uchôa, um escultor de sonhos e sempre sonhos amplos, que se ultrapassavam sucessivamente uns aos outros, seguiu uma trajetória de realizações simultâneas. As ideias se agigantavam à sua frente e ele, simplesmente, as encarava com destemor. Perguntava a si mesmo: Alguém fez? Eu também posso fazer.

Percalços? Houve e muitos. Porém, nestas oportunidades, ele fazia outra pergunta: E para que servem mesmo os obstáculos? Então, ele próprio respondia: Para serem ultrapassados. E, os ultrapassava.

Lamentavelmente, quase sempre isso incomodava. Por tal razão, muitas vezes, ele teve que remar contra a maré para enfrentar “aqueles que não querem trabalhar, mas, desejam sempre derrubar quem trabalha”, conforme suas próprias palavras durante o seu discurso de agradecimento.

Porém, agora, neste momento, a nobreza dos grandes se impõe e ele, de coração aberto, afirma com convicção que, até a estes, ele também perdoa, pois entende as suas razões e os ama. Para ele Deus foi muito bondoso, dando-lhe muito mais do que merecia.

Declaração de humildade, sabemos. Que Deus nos dá tudo o que necessitamos, disso estamos conscientes. Porém, é necessário que façamos a nossa parte, pois se não fizermos, a obra não aparece.

A jornada foi longa e, é claro que ele não esteve sozinho nessa empreitada. Chegou um momento em que, sabiamente, descobriu não haver líder solitário ou, ainda, não existir líder sem outro líder que o apoie e encoraje e foi aí que, no despertar do sonho, entrou em sua vida a eterna e amada Amelinha, que soube velar: na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, apoiando, orientando e, sobretudo, executando a sua parte em todas as empreitadas.
D. Palmeira Lessa foi muito oportuno ao se referir, durante a homilia da missa que celebrou em ação de graças, sobre o valor da união dos dois, destacando a tolerância, a dedicação, o comprometimento e as sucessivas superações, dizendo que isso foi muito bom para o casal, para a família, para o negócio, para a vida e para Deus.

E, de igual modo, ao se referir aos entraves que apareceram e que não foram suficientes para estancar o ímpeto empreendedor do casal, assim se manifestou o celebrante: “ele (o casal) não parou nos obstáculos”.

Não parou. A UNIT, esta jovem senhora, completou cinquenta anos no dia 21 de abril de 2012. É meio século bem servindo a este próspero Estado, que sabe o débito que tem para com esta empresa e, por isso mesmo, a prestigiou tão bem com a presença maciça das maiores autoridades e do povo em geral e até do seu representante maior, o Senhor Governador, à solenidade.

A UNIT é hoje a maior instituição particular de ensino de Sergipe, equiparada às maiores do país em quantidade e, sobretudo em qualidade. São mais de trinta e dois mil alunos, um quadro de mais de mil e oitocentos funcionários, cinco Campi, sendo dois em Aracaju, um em Estância, um em Itabaiana e um em Propriá, uma Faculdade em Alagoas, além de vinte e três postos de educação à distância.

É uma das maiores pagadoras impostos em Sergipe e, também a instituição que mais se preocupa com a cultura deste povo.

Criou e mantém o Memorial de Sergipe, que está à disposição de todos os sergipanos com peças de valores históricos inestimáveis do nosso Estado, do Brasil e do mundo.

É guardiã e mantenedora de todas as obras de arte de Rosa Moreira Faria, honorária professora e artista plástica que deixou para a posteridade o registro com riqueza de detalhes de todos os monumentos de Sergipe, pintados em porcelana: azulejos, pratos e em telas.

É também a UNIT, guardiã e mantenedora do rico acervo do médico, cientista e professor Dr. Nestor Piva, grande profissional, devotado à saúde, que colecionou e catalogou, durante toda a sua vida, documentos importantíssimos para o estudo e a história da medicina em Sergipe.

Abriga e mantém o acervo, com mais de 280 mil fotos, do maior fotografo deste Estado, Lineu de Carvalho Deda.

Além de ser a responsável pelo maior resgate cultural deste Estado com a aquisição e instalação do Instituto Tobias Barreto, construído, peça a peça, livro a livro com sacrifício estoico do maior historiador de Sergipe Luiz Antônio Barreto. Que, infelizmente, como disse Uchôa, “parece que Deus precisou de um historiador lá em cima e mandou buscar Luiz Antonio”. O Instituto Tobias Barreto está modernamente instalado anexo à Biblioteca Central Jacinto Uchôa de Mendonça.

Esta é a Unit, a obra que Deus quis, um homem sonhou e ela aconteceu. E, por falar nisso, renovo aqui o convite feito pelo Magnífico Reitor Jouberto Uchôa de Mendonça: “… todos estão convidados para juntos comemorarmos em 2062, os 100 da materialização deste sonho”.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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