Não Terceirize o seu destino

Gosto muito de campanhas publicitárias, sobretudo, daquelas criativas e inteligentes. Atualmente, está sendo veiculada uma dessas pérolas da publicidade brasileira que, com simplicidade, nos leva a uma profunda reflexão. É da Femama.org.br e versa sobre o Câncer de Mama. São vários filmes curtos e bem simples, onde familiares e amigos se comprometem a fazer algo por uma mulher, mãe que tem mais de quarenta anos.

Exemplo:
Primeiro filho: Mãe, eu posso arrumar a cama por você;
Esposo: Eu posso trocar as lâmpadas da sala por você;
Segundo filho: eu posso chegar mais cedo em casa por você;
Primeiro filho: mas, tem uma coisa que eu não posso fazer: Mamografia;
Terceiro filho: se você não fizer por você, faça por mim.
E, todos aparecem, separadamente, cada um exibindo uma placa onde está escrito “Mamografia. Se não fizer por você, faça por mim” e uma sonora dizendo: se você tem mais de quarenta anos, faça mamografia, descobrindo o câncer de mama logo no início, as chances de cura são de 95%.  Cuide-se e viva melhor ao lado de quem ama você.

Se pensarmos um pouco, concluiremos que, nas nossas vidas, acontece invariavelmente o mesmo, somos obrigatoriamente responsáveis em fazer quase tudo, por nós mesmos. E, se não fizermos por nós mesmos, devemos fazer pelos nossos. Esta obrigação não se restringe à mulher/mãe com mais de quarenta anos e nem tão somente à mamografia.

Digo isso porque, muitas vezes, percebo a dificuldade que é delegar a outro ou aos outros a solução de problemas que somente podem ser resolvido por nós, mas insistimos em terceirizá-los.  Sabe aquele axioma que diz: “quem quer vai quem não quer manda um recado?” Pois é, são obrigações e atitudes que somente ao próprio individuo cabe a sua realização e ele, tentando se livrar e pensa que delegando estará construindo melhor a sua vida. Isso acontece, infelizmente com todos. Fico muito preocupado quando é diretamente comigo, se percebo, tudo faço para corrigir imediatamente. Quando é com o outro, tenho vontade de dizer bem alto:

Por favor amigo, resolva o seu problema. É você o responsável pela sua vida. Não aceite que os outros decidam por você. Você pode realizar melhor, você pode fazer mais, você pode… Não terceirize esta oportunidade, pois lá na frente você vai sentir falta. O sentimento do: eu fiz, do dever cumprido, é reconfortante e engrandecedor.

Tem um sonho? Corra atrás, vá em frente, não espere. As coisas demoram, mas acontecem. Entretanto, elas só acontecem quando você mesmo age. Há obstáculos? Supere-os. Há incompreensões? Ignore-as e siga em frente. Acredite numa verdade absoluta: tudo tem um preço. Tudo tem um dono. Tudo tem uma finalidade. Creia, também: nada é de graça. Quer algo? Pague por ele, não fique na vã esperança de que alguém venha saldar por você. Sabe por quê? Porque, dificilmente alguém pagará por você o que somente você vai usufruir e, se acaso pagar, não sairá barato.
 
Tudo é caro, tudo é difícil… Todavia, tudo é possível. É claro que o possível deverá estar no limite do alcançável. Se alguém conseguiu, você também vai conseguir. Se for exequível, você também executará.

A longa caminhada dos mais experientes, daqueles que acertaram e erraram muito, autoriza a afirmar, com segurança, que tudo o que queremos é possível conquistar, é claro, repito, se o que almejamos estiver dentro do campo das possibilidades. Não se justifica, por exemplo, que uma pessoa, com cinquenta anos, suponha-se apto a participar, como jogador, da seleção brasileira. Esta aspiração, naturalmente, extrapola a linha do razoável, o que é, por si só, um limite impossível de transpor por mais utópico que seja o pretendente. Porém, esta mesma ideia postada na cabeça de um jovem já é mais adequada. Querer é poder, já diz o adágio, vastamente divulgado e minimamente praticado. Percebe-se, com muita facilidade que está faltando sonho, que estamos apáticos em relação a nossa construção maior que é o resto de nossas vidas. Não devemos nos enganar: é lá, no futuro, que vamos viver. E, cá pra nós, é muito melhor viver realizando o sonhado por nós mesmos do que sermos serventes de sonhos alheios.

A percepção de que está faltando sonho, a mim, particularmente, entristece muito. Porém, penso melhor e chego, imediatamente, a uma conclusão: sempre foi e, ao que parece, sempre será assim. Nada é tão novo. Não é possível que nós, mais velhos, cobremos dos mais novos algo que eles só conhecerão daqui a alguns anos.  Temos que estar cientes de uma coisa: eles ainda não andaram a estrada por nós já percorrida. Porém, nós sim, já passamos pelas mesmas trilhas que eles somente agora exploram. Têm, portanto, como nós tivemos, o direito do acertar e errar.

Aos mais experimentados, resta acender naqueles que estão aquém deles a chama dessa realidade. São responsáveis em dizer para eles que há uma possibilidade de realização e que esta probabilidade está dentro de cada um deles.

A experiência credita sabedoria e cobra obrigações e, uma dessas obrigações, é exatamente esta: a missão de dizer e tudo fazer para introjetar e, se possível, convencer e estimular a que façam a sua parte no processo e ultrapassem sem medo a mediocridade, a que subam no lugar mais alto do pódio e recebam os louros da merecida vitória.

Faça isso amigo. Se não fizer por você, faça por nós…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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