Eleições 2000

Fábio Figuerôa

O desemprego está se tornando uma verdadeira epidemia.
Segundo o IBGE, estima-se que três milhões de empregos evaporaram nos anos noventa, 2/3 eram vagas para jovens com menos de vinte anos. Em toda parte nos deparamos com pessoas desesperadas à procura de emprego. E o que elas fazem? A maioria parte para os chamados bicos (serviços informais), ou seja, sem vínculo empregatício, onde o funcionário não tem registro na carteira profissional nem os devidos direitos trabalhistas.

Em Aracaju, muitas lojas foram fechadas nos últimos 3 anos, como as Lojas Brasileiras, Mesbla, Brilhante, Pernambucanas entre outras. Somente aqui em Sergipe, mais de 5 mil pessoas foram jogadas no mercado informal, piorando ainda mais esse quadro. Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários, Ronildo Almeida, isto tudo é fruto da própria política, do neoliberalismo e da globalização.

Em período de eleições, o comércio dos bicos cresce ainda mais. Os partidos declararam ao TRE que vão gastar cerca de R$ 16 milhões nas eleições 2000. Mas na prática, esse valor aumenta. Segundo a cúpula do PSB, eles pretendem trabalhar em média com 100 a 150 pessoas em sua equipe de apoio. A maioria vai receber um salário mínimo para executar trabalho do tipo: afixar bandeiras em postes, colar cartazes em paredes, distribuir propaganda do candidato, entre outros serviços.

Estima-se que o serviço de boca de urna em 2000, seja em média de R$ 20,00. Ano passado, esse valor chegou a metade, e às vezes, até menos. A porta dos partidos e comitês ficam lotadas de pessoas em busca de ganhar um dinheirinho para aumentar o orçamento. O desempregado, João Oliveira, revela que fazer bico no período de eleição é um risco, isso porque quando o candidato perde a eleição, geralmente, o último mês de trabalho ninguém recebe. "Trabalhei para um candidato nas últimas eleições e fiquei a ver navios. Ele perdeu a eleição e eu perdi o meu dinheiro", declara.

Câmara Municipal de Aracaju vai à reeleição
O Tribunal Regional Eleitoral tem 1.086.177 eleitores sergipanos credenciados a comparecer em 1º de outubro, nas 3.752 urnas eletrônicas existentes em todo o Estado. Existem mais de 5 mil candidatos nas ruas em busca de voto. O maior número de candidatos a vereador está concentrado em Aracaju. São 432 candidatos que concorrem às 21 vagas da Câmara Municipal de Aracaju. Além disso, todos os vereadores da capital vão tentar à reeleição. A composição atual da câmara em Aracaju é a seguinte: Sérgio Goes, Elber Batalha, Adelson Barreto, Alcivan Menezes, Antônio Samarone, Antônio Soares da Mota, Daniel Fortes, Emmanuel Nascimento, Jeremias Romão, Jidenal dos Santos, João Carlos Pimentel, João de Oliveira Santos, Evando Franca, José Carlos Azevedo, José Paz da Silva, José Silvio Monteiro, Josenito Vitale de Jesus, Maria Nazaré de Carvalho, Pedro Firmino, Renilson Cruz Silva e Tânia Soares da Mota.

O segundo maior número de candidatos está concentrado em Nossa Senhora do Socorro, na grande Aracaju, com 352 pretendentes às 17 vagas na câmara municipal. A concorrência chega a 20,7 candidatos por vaga. O município sergipano com menor número de candidatos é em Macambira, 16 competidores concorrendo às nove vagas.

Censo descobre situação do Brasil
Começa hoje o censo 2000, que pretende avaliar a situação da população em todo o país, cerca de 240 milhões de brasileiros, abrangendo questões como renda, sexo, emprego e moradia. O órgão responsável pela pesquisa é o IBGE (Instituto de geografia e Estatística). O primeiro a responder, foi o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Este ano há um diferencial, em relação ao ano passado, a escolha dos recensiadores foi feita com pessoas da própria comunidade, dificultando a ação de marginais.

Segundo o Ministro do Planejamento, Martus Tavares, através do censo, o governo pode verificar a real situação da comunidade de todos os bairros, estados e municípios e espera que toda a população responda a este questionário, com a devida seriedade.

O que esperamos, é que não só estes, como os futuros governantes que participam este ano das eleições 2000, também sejam sérios e tomem as devidas providências, quando constatarem a miséria, que todos os dias enxergamos, sem a ajuda de censo algum.