Rindo à toa
04/10/2004


Reeleito prefeito de Aracaju, o petista Marcelo Déda, que encabeçou a coligação “Aracaju Orgulho de Todos”, não esconde a satisfação de sair vitorioso da disputa com a maioria esmagadora dos votos. Na coletiva que concedeu na tarde desta segunda-feira, dia 4, no Sindicato dos Bancários, ele ensaiou um discurso contrito, de respeito aos oponentes, mas os gestos e sorrisos largos davam provas de que o prefeito não conseguia conter a alegria.

 

“Seria hipocrisia se não dissesse que estou felicíssimo. Mas as pessoas não devem ter medo. Sou um homem de 44 anos de idade, calejado na vida e na política, que viveu vitórias gloriosas e derrotas arrasadoras. Não é agora que vou me envaidecer e deixar o sucesso subir à cabeça” garantiu. E teria motivos se o fizesse. Déda conseguiu angariar 71,38% dos votos válidos de Aracaju. É o percentual mais alto conseguido entre os prefeitos das capitais, eleitos no primeiro turno.

 

Entre agradecimentos às dezenas de pessoas que o ajudaram na campanha, o prefeito eleito destacou, de maneira rasgada, sua gratidão à população de Aracaju. “Serei eternamente grato a esse povo, que quando quer mudar, muda. Que quando diz ‘Este é o caminho. Continue com o trabalho que estaremos com você’, o apóia abertamente. Devo minha vitória inteiramente ao povo, que é meu juiz e meu patrão”, declarou.

 

No encontro com a imprensa, o prefeito esteve ladeado do vice Edvaldo Nogueira, do presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, do prefeito eleito da Barra dos Coqueiros, Airton Martins, além de outros representantes da coligação e do PT. Durante a conversa, Déda elogiou a decisão dos partidos de oposição em manterem-se unidos após a derrota de Dutra para o governo do Estado, em 2002.

 

“Isto foi um dos grandes feitos da oposição sergipana. Nós nunca tínhamos conseguido isso. Saíamos de uma eleição, às vezes até um pleito de crescimento e fortalecimento, dois anos depois nos esbagaçávamos em Aracaju e continuávamos a nos esbagaçar, muitas vezes, no interior do Estado. Agora não. O núcleo que apoiou Zé Eduardo Dutra em 2002 se manteve unido. Logo depois de 2002, tivemos o grande acerto de convocar todos os partidos aliados para compor nosso governo, de coalizão democrática”, analisou.

 

Sobre a eleição para vereadores em Aracaju, Déda foi enfático. “Tivemos uma grande vitória nas eleições legislativas. Como nós dizíamos desde o começo da campanha, tínhamos todas as condições para compor maioria na Câmara de Vereadores. Houve até algumas interpretações na imprensa de que nós tínhamos quebrado em três a coligação. Esta vitória mostrou que nosso cálculo estava correto. Talvez se tivéssemos feito um chapão, não conseguíssemos esse resultado”, defendeu. E os números comprovam o argumento. Dos 19 vereadores eleitos, 10 são do bloco governista.

 
PT AVANÇA NO ESTADO -
O crescimento do PT no Estado e os planos para o futuro também foram destacados por Marcelo Déda. “Ontem, o PT, o PSB, o PTB e o PL elegeram 28 Prefeituras do Estado. Isto revela um dos maiores crescimentos que a oposição em Sergipe já teve em uma eleição municipal. Uma grande ampliação do espaço político da oposição e desta coligação no interior. Só o PT elegeu candidatos em cinco cidades: Aracaju, Japaratuba, Barra dos Coqueiros, Nossa de Lourdes (que está com impugnação processada no Tribunal Superior Eleitoral, esperando julgamento) e Porto da Folha”, comemorou ele, que não descarta a possibilidade de encarar o embate de 2006.

 

O prefeito também destacou a derrota do grupo do governo do Estado em Itaporanga D’ Ajuda e Pinhão. “É uma demonstração inequívoca de que algo está mudando no Estado de Sergipe. Não adianta tentar esconder o sol com a peneira. Se houve um grande vitorioso no Estado foi a capacidade de união das nossas oposições. Não dá para negar o crescimento das lideranças e forças políticas que estão no campo da oposição”, afirmou de maneira categórica.

 

Amanhã, Déda viaja a Brasília, onde será recebido – juntamente com os outros prefeitos petistas eleitos no primeiro turno – pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já a carreata da vitória, comemorando o resultado da eleição, só acontecerá no domingo. “Não deu para fazer ontem, estava muito cansado”, justificou.   

 

Por Valnísia Mangueira