Como a Internet está ajudando eleitores e candidatos
11/09/2004


Carlos Eduardo Franciscato

 

A internet está abrindo um novo campo de batalha por informação e propaganda eleitoral. Seduzidos pelas potencialidades desta nova ferramenta, arquitetos das campanhas políticas tornaram a 'net' um novo espaço de luta e convencimento do eleitor. A estratégia é aliar a conquista do voto ao prazer de navegação em sites onde o eleitor pode desde ouvir jingles dos candidatos (com direito a variações rítmicas!), publicar sua opinião (favorável ao candidato, claro...) e até entrar numa sala de bate-papo com outros potenciais eleitores. Sem esquecer que os sites trazem também biografias, planos de governo, realizações, opiniões etc.

 

Esta nova 'onda' não parece apenas uma moda, mas sim reflete a entrada das campanhas eleitorais em um ambiente de comunicação bastante atrativo para jovens de classe média e alta. É desafiador oferecer um novo produto de comunicação política a um público que já parece saturado por propaganda nos meios de comunicação e pela papelada que jogam dentro dos seus carros nas principais esquinas de Aracaju. Mas os comitês políticos investiram na internet como opção para pegar aqueles eleitores rebeldes que desligam o rádio e a tevê e fazem cara feia aos distribuidores de 'santinhos'. E também para pegar os jovens, os mais entusiasmados com as múltiplas possibilidades da internet.

 

Os sites de Déda (PT), Susana Azevedo (PPS) e Jorge Alberto (PMDB) são boas surpresas ao navegador desavisado. Todos usam recursos como a interatividade, em que o eleitor pode emitir opiniões em pequenas mensagens ou responder a enquetes. O candidato do PMDB ousou inclusive criar salas de bate-papo especialmente para eleitores interagirem com seus pares (isso se a sala não estiver vazia, como aconteceu nas vezes em que este colunista entrou nela). Curioso é que simpatizantes podem até imprimir seus panfletos e cartazes pela internet!

 

A rede de computadores ganhou força como estratégia de comunicação política nas eleições presidenciais de 2002. Lembremos que os sites dos candidatos José Serra e Ciro Gomes foram usados como instrumentos para trocas de acusações e tentar direcionar o noticiário da mídia, conforme constatou a pesquisadora fluminense Alessandra Aidé. Felizmente, as páginas dos candidatos em Aracaju estão de bom nível, sem agressões ou críticas de baixo nível. Vale mesmo visitar as três candidaturas a prefeito que entraram na internet: www.deda13.can.br, www.susana23.can.br e www.jorgealberto15.can.br.

 

O jornalismo on-line está também mostrando sua força. Notícias em tempo real alimentam o noticiário com o dia-a-dia das campanhas, e matérias especiais para a internet são complementos necessários ao insosso jornalismo político diário nos veículos impressos, rádio e televisão. Por exemplo, os sites  da Infonet e do Cinformonline oferecem entrevistas com os candidatos, e a Infonet criou debates interativos com os seis candidatos em chats, com a participação de internautas e jornalistas. Outro detalhe: o jornalismo on-line tem preservado um equilíbrio de tratamento entre candidatos, evitando uma perniciosa partidarização - um vício comum e condenável no jornalismo sergipano.

 

Outra rica fonte de informações para eleitores, membros partidários e comunicadores é o site do Tribunal Regional Eleitoral (www.tre-se.gov.br). Há vários serviços úteis para o eleitor, como a emissão de quitação eleitoral e a consulta aos locais de votação. Estão também disponíveis as principais legislações eleitorais.

 

Sabemos que os navegadores da internet são uma minoria privilegiada na população brasileira. Mas, mesmo nesta elite, há muita desinformação, desconhecimento ou pura má vontade com a política séria. Assim, a internet surge como uma atrativa opção para envolver eleitores e ajudá-los a decidir bem.

 

 

* Professor do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe. Especialista em Ciência Política (PUC-RS), Mestre e Doutor em Comunicação (UFBA). Atuou como repórter e editor de política do jornal Zero Hora (RS).

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