Prefeito de S. Cristóvão diz que errou ao pedir aumento de até 40% para salário
19/09/2008


Jadiel Campos: prefeito de São Cristóvão
Mesmo com os salários dos servidores atrasados desde agosto, o prefeito de São Cristóvão, Jadiel Campos, que está no cargo desde o dia 29 de agosto, eleito em uma votação indireta pelos vereadores, enviou um projeto para a Câmara Municipal da cidade no qual aumenta o salário de prefeito em até 40%. Se fosse aprovado, o próximo gestor de São Cristóvão, que será eleito no dia 5 de outubro, poderia vir a ganhar até R$ 28 mil.

Do jeito que a proposta foi feita ela não pode ser aprovada, primeiro porque o prefeito não tem legitimidade para aprovar um aumento no seu próprio salário - apenas a Câmara Municipal pode fazer isso. Outro motivo é que o valor é tão alto que passa do teto de salário instituído no Brasil para servidores públicos, que tem como base o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que é de R$24,5 mil.

Atualmente o prefeito de São Cristóvão recebe R$ 19 mil e os vereadores R$ 4.900. O projeto enviado à Câmara prevê que o prefeito ganhe R$ 28 mil, os vereadores R$ 18.600 e os secretários do município R$ 7 mil. Após muita polêmica a assessoria de comunicação da prefeitura divulgou que o projeto seria retirado de pauta e reformulado.

Projeto de lei enviado à Câmara Municipal
“O erro partiu da empresa que faz a contabilidade da prefeitura, que fez o projeto. Sei que não temos legitimidade para solicitar, por essa razão já o retiramos o projeto de pauta”, disse Elton Coelho, secretário de Comunicação. Ele não soube informar o nome da empresa responsável pela contabilidade da prefeitura e, nas palavras dele, responsável pelo projeto.

Questionado sobre os motivos que levaram o prefeito, que não é candidato, a assinar um aumento de 40% dos salários quando há 14 dias decretou Estado de Emergência alegando que a cidade tinha uma dívida de mais R$ 6 milhões de reais, o secretário de Comunicação de São Cristóvão alegou que o ato foi um erro do prefeito, que pensou que esse era um procedimento de praxe. “Quem apresentou o projeto foi uma empresa que faz a contabilidade da prefeitura. Jadiel Campos cometeu um erro e sabe disso, mas está disposto a reparar”, disse.

A situação

No dia 5 de setembro, data da decretação do Estado de Emergência, o prefeito convocou a imprensa para uma coletiva na qual apresentou a situação da cidade, que ele descreveu como caótica. Nas contas apresentadas, a dívida de São Cristóvão passa hoje de R$ 6 milhões, enquanto a receita é de apenas R$ 3 milhões e 900 mil. O prefeito também falou dos salários dos servidores, que estão atrasados desde agosto. Apontou a falta de merenda escolar nas escolas, a pressão feita pelos fornecedores, que ameaçam parar de mandar suprimentos e de executar serviços básicos, como limpeza e até tratamento de água e, através do seu secretário de saúde, Luiz Pádua, apresentou fotos com as deficiências que o setor da saúde enfrenta.

Só hoje, 19, foi anunciado que os servidores, na sua maioria da educação, receberão 70% do salário de agosto. Os outros 30% só serão pagos no dia 25. Mesmo com essa situação, os salários dos vereadores e prefeito nunca deixaram de ser pagos e até um projeto de aumento foi enviado para a Câmara.

Por Letícia Telles