A crise criada com a bisbilhotice... - Ivan Valença
10/09/2008


É gravíssima a crise entre os poderes constituídos da República. O Executivo (leia-se Agência Brasileira de Inteligência e Informação – ABIN) grampeia a si próprio (o presidente da república, ministros de estado,etc), o Legislativo e o Judiciário (neste, o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes) que, por sua vez, dá um prazo de 180 dias para o legislativo aprovar uma lei e, finalmente, este último não pode legislar porque está impedido pela avalanche de Medidas Provisórias encaminhadas pelo Executivo.

Enquanto isso, o presidente Lula dá boas risadas e diz que vai apurar (os grampos) tudo com rigor, doa a quem doer. Você acredita? A propósito dos grampos, num veemente discurso na última 4ª feira, no Senado, o líder do PSDB, Senador Arthur Virgilio, cobrou a presença de Lula no Congresso para se pronunciar sobre a crise institucional que atravessa o país, já que é ele o Primeiro Magistrado da Nação. Você acredita que ele irá?

Tudo isso merece ser refletido com seriedade, pois o que está em jogo, com a deterioração das relações entre os Poderes, ou a “desconstrução das instituições”, como afirma o professor Marcos Vieira, é a democracia brasileira, ainda em construção. Essa coisa fascista de o estado bisbilhotar a vida de autoridades e cidadãos foi denunciada há exatamente 50 anos, por George Orwell, no seu célebre romance “1984” (uma inversão de 1948) numa alusão metafórica à brutal ditadura comunista de Stalin, daquela época.