José Lewgoy morre vítima de crise respiratória

José Barrell Lewgoy, filho de pai russo e mãe americana que se conheceram em Nova York, nasceu em Alfredo Chaves (hoje, Veranopólis), Rio Grande do Sul (BR) a 16 de novembro de 1920. Já morando em Porto Alegre (RGS), frequentou um ginásio americano. Com o primeiro emprego, numa loja de móveis, passou a estudar a noite, chegando a concluir a Faculdade de Ciências Econômicas e Políticas de Porto Alegre. O conhecimento da língua inglêsa levou-o, na Segunda Guerra, a um emprego nos Correios. Quando foi trabalhar como tradutor na Editora Globo, do escritor Érico Veríssimo, passou a ter contato com a nata dos intelectuais gaúchos, lapidando a sua cultura. Por essa época, estréia no Teatro dos Estudantes do Rio Grande do Sul, preferindo sempre os clássicos, como Pagnol e Anouilh. Entre 1947 e 1949, fez o Curso de Arte Dramática da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. De retorno ao Brasil, estabelece-se no Rio de Janeiro e estréia no cinema, mas os seus dois primeiros filmes só foram lançados comercialmente no correr de 1950. Para interpretar o vilão na chanchada Carnaval no Fogo tomou emprestado a amigos um smoking – mas o papel o consagra como o grande vilão do cinema brasileiro. Em 1954, foi assistir ao Festival de Cannes e decidiu fixar-se na França, e só retornou ao Brasil 10 anos depois. Passou um ano de imensas dificuldades na França, até começar a fazer filmes. Decidiu-se, porém, por um emprego na embaixada brasileira, e a partir de 1960 foi o encarregado dos negócios do comércio do café. No retorno ao Brasil, integra-se ao cinema novo e, nos anos 70, por falta de opções, às chanchadas. O conhecimento de línguas estrangeiras, aliado ao talento e a presença forte nas telas, leva-o a ser escolhido por equipes estrangeiras que filmam no Brasil. Em 1973, estréia na televisão e a partir daí participa de inúmeras novelas, como Cavalo de Aço, Divinas e Maravilhosas, O Rebu, Anjo Mau, Nina, Dancin’Days, Feijão Maravilha, Água Viva, Plumas e Paetês, Louco Amor, Um Sonho a Mais, Anos Dourados, O Outro, Vida Nova, Gente Fina, Perigosas Peruas, Labirinto, A Força de um Desejo, geralmente fazendo papéis de vilão, milionários, avôs, etc. Em 1983, um acidente de carro obriga-o ao uso de moletas. Conhecido pelo mau-humor constante, e por dizer sempre o que pensa dos filmes que participa, Lewgoy também atuou no teatro e foi colunista do jornal “O Pasquim”. Em 1970, ganhou o prêmio de melhor ator, no Festival de Veneza, por Pecado Mortal, e em 1977, o de melhor ator no Festival de Gramado, por Ibrahim do Subúrbio. O Judeu, em 1994, rendeu-lhe um prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Cartagena, na Colômbia. Em 1997, a Fundação Banco do Brasil outorga-lhe o Troféu Oscarito, pelo conjunto de sua obra. Morreu vítima de crise respiratória no dia 10 de fevereiro de 2003. FILMOGRAFIA – 1948 – Quando a Noite Acaba/Perdida Pela Paixão. 1949 – Carnaval no Fogo. 1950 – Katucha; Aviso aos Navegantes; Cascalho. 1951 – Aí Vem o Barão; Maior Que o Ódio. 1952 – Areias Ardentes; Os Três Vagabundos; Barnabé, Tu És Meu. 1953 – Carnaval Atlântida; Amei um Bicheiro; Os Três Recrutas. 1954 – Matar ou Correr; Carnaval em Caxias. 1957 – S. O. S. Noronha (S. O. S. Noronha); Quando Sonnera Midi; Les Fanatiques; Escapada (Escapade). 1965 – História de um Crápula; Uma Rosa Para Todos (Una Rosa Per Tutti). 1966 – Duelo Nel Mondo; Arrastão (Les Amants de la Mer); Mercenários do Crime. Ep. “Carnaval de Assassinos”; As Cariocas, epis. dir. p/ Roberto Santos; Terra em Transe. 1967 – Jerry, A Grande Parada; Palmeiras Negras (Svarts Palmekroner). 1968 – Roberto Carlos em Rítmo de Aventuras; Vida Provisória; Os Viciados, epis.: “A Trajetória”; Olho Por Olho; Os Olhos do Leão; Operação Tumulto (Le Grabouge). 1969 – Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa; Os Paqueras; Não Aperta, Aparício; A Um Pulo da Morte, epis. “A Madona de Ouro”/ A Cama ao Alcance de Todos, epis. “A Segunda Cama”; Tarzan e o Menino da Selva (Tarzan and the Jungle Boy). 1970 – Prá Quem Fica, Tchau; Pecado Mortal; O Bolão. 1971 – Lua de Mel e Amendoim, epis. “Berenice”; O Donzelo; Gaudêncio, o Centauro dos Pampas; Os Amores de um Cafona. 1972 – O Grande Gozador; Independência ou Morte; Quando o Carnaval Chegar; Como Era Boa Nossa Empresa, epis. “O Terror das Empregadas”; A Viúva Virgem. 1973 – Os Mansos, epis. “A B… de Ouro”. 1974 – Gente Que Transa/Os Imorais; Relatório de um Homem Casado. 1975 – O Homem de Papel/Volúpia do Prazer; Um Soutien Para o Papai; As Alegres Vigaristas, epis. “O Padre e a Modelo”; Assim Era a Atlântida; Eu Dou o Que Elas Gostam; As Secretarias Que Fazem de Tudo. 1976 – O Flagrante; Intimidade; O Padre Cícero; O Quarto da Viúva. 1977 – Ibrahim do Subúrbio, epis. dir. p/ Cecil Thiré.1978 – As Aventuras de Momo Montanha; Ouro Sangrento; Os Mucker; Diário da Província; O Outro Lado do Crime. 1979 – Terror e Êxtase; República dos Assassinos; O Gigante da América. 1980 – O Curumim. 1981 – Engraçadinha. 1982 – Fitzcarraldo (Fitzcarraldo). Tabu; Perdida em Sodoma. 1984 – Feitiço do Rio (Blame It On Rio); Tensão no Rio; Os Bons Tempos Voltaram, epis. “Sábado Quente”. 1985 – O Beijo da Mulher Aranha (The Kiss of Spider Woman); La Mansion de Araucária. 1986 – Os Trapalhões e o Rei do Futebol. 1988 – Feliz Ano Velho; Luar Sobre Parador (Moon Over Parador); A Dama do Cine Shangay; O Escorpião Escarlate; Faca de Dois Gumes. 1989 – Festa; Cobra Verde (Cobra Verde); Os Sermões. 1990 – Stelinha. 1992 – Perfume de Gardenia .1995 – O Quatrilho; O Monge e a Filha do Carrasco; Mil e Uma; O Judeu. 1996 – Felicidade É…, epis. “Carnaval a Três”, d. Guilherme de Almeida Prado. 1998 – Policarpo Quaresma; A Hora Marcada. 2002 – Apolônio Brasil, o Rei da Alegria. Por Ivan Valença

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