Direção: Carl Theodor Dreyer

Elenco: Eugene Silvain, Renée Falconetti, André Berley, Maurice Schutz, Antonin Artaud

Idioma: Mudo

Legendas: Inglês, Português, Espanhol e Francês

Áudio: (Dolby Digital 2.0)

Vídeo: Tela Cheia

Apesar de passados oito décadas desde que foi realizado pelo dinamarquês, Carl Theodor Dreyer, “O Martírio de Joana D’Arc” mantém a força de cada fotograma até hoje. Isso se deve, sobretudo, ao fato do diretor, apesar de escolhido se fixar ao processo de julgamento da “santa” francesa, realizando um filme mudo e intimista, ter acertado na atriz para interpretar o papel principal.

Renée Maria Falconetti foi descoberta pelo diretor em uma de suas apresentações no palco. Inexperiente, no que diz respeito à nova arte, surgida há pouco mais de 20 anos, ela se utilizou da experiência que possuía de teatro para interpretar, de forma magistral, Joana D’Arc diante das câmeras.

Dreyer abusou dos close-ups para mostrar as expressões sofridas de Falconetti, interpretando uma jovem extenuada pela dor e pelo medo, devido à tortura física e psicológica. Ao mesmo tempo, utilizou muitos contra-plongées para enaltecer a “superioridade” dos religiosos que a julgam herege. São 80 minutos de puro deleite contemplativo, em que Dreyer, utilizando de sua destreza como cineasta, mostra a sensação de esgotamento da heroína.

Inspirado nos manuscritos oficiais do julgamento da donzela de Orléans, o filme teve seus originais destruídos pelo fogo, um ano depois de finalizado. Sendo encontrado um rolo do filme, apenas no início da década de 80, num sanatório da Dinamarca e, posteriormente, restaurado.

É uma obra-prima, que arrebata o espectador pelo apuro técnico de Rudolph Mate (diretor de fotografia), pela única e soberba interpretação de Renée Falconetti no cinema e pela competência de Dreyer no manejo da câmera. Nos extras do DVD, entrevista com Helena Falconetti (filha de Renée), texto de André Bazin, biografias de Dreyer e Falconetti.