O Aviador – Oportunidade que o verdadeiro fã de cinema tem para avaliar uma das obras mais injustiçadas do diretor Martin Scorsese. Concorreu em 11 categorias no Oscar, inclusive, a melhor filme e melhor diretor, que foram ganhos por “Menina de Ouro” e Clint Eastwood, respectivamente. A partir deste fato, passou-se a destratar a película de Scorsese, imerecidamente, aliás.

Na verdade, “O Aviador” não é uma obra-prima, nem talvez seja o melhor de Scorsese, diretor de muitos altos (como “Táxi Driver”, “Os Bons Companheiros”, entre tantos outros) e poucos baixos. De qualquer forma, é uma obra digna, de um diretor que sabe principalmente burilar as imagens e extrair dos seus atores, mesmo canastrões irredutos, ótimos desempenhos.

Aqui, ele revê os momentos de glória de um dos moguls de Hollywood, dos mais excêntricos. Howard Hughes era um apaixonado pela aviação e pelo cinema. Ao primeiro “esporte” ele montou empresas de aviação e até construiu uma superaeronave.

Ao segundo, chegou através das mulheres que amou (Katherine Hepburn, Ava Gardner, Terry Moore, Faith Domergue) e deu obras como mostram toda sua criatividade – um western dele, “O Proscrito” foi feito para realçar a formosura do busto de Jane Russel, mas para tanto teve que brigar com a censura americana.

Era um homem – um cineasta e um aviador – tão obcecado que pouco se sabe dos seus últimos dias, porque vivia trancado com medo que a “sujeira” o fizessem adoecer. A esse personagem fabuloso, Scorsese consagra o melhor do seu cinema, e extrai de Leonardo Dicaprio uma de suas melhores interpretações, ao lado de Cate Blanchet (como Katherine Hepburn), Kate Beckinsale (como Ava), Jude Law, Alec Baldwin, John C. Reilly, Alan Alda, Ian Holm e Danny Huston. Estréia as 21h de sábado, na HBO (Lig TV).