Três erros de Lula

Na vida, todos cometemos erros e com o Ex-Presidente Lula isso não pôde ser diferente.

Ouso refletir sobre três erros, entre muitos, cometidos por Lula, o presidiário sem crime mantido no cárcere de Curitiba, dizendo de antemão que o vejo ali, pura e exclusivamente, por absoluta necessidade de excluí-lo da próxima eleição presidencial, um estelionato eleitoral gestado e pronunciado para impedir a livre manifestação popular, enquanto melhor expressão de sua real escolha e desejo.

Dito isso por preâmbulo, vamos aos erros:

1º Erro de Lula.

Lula não ousou tentar mudar a Constituição Federal, permitindo uma nova reeleição em 2010. 

Desde o princípio, Lula quis dar, em minha opinião, uma imagem de bom moço, por desambicioso e confiável.

Quis afastar aquele retrato de “sapo barbudo”, pintado anteriormente por Leonel Brizola, como dourado purgante a quem devíamos deglutir tapando o nariz

Se foi por isso ou não, Lula decidiu que iria posar de democrata e respeitador das regras então vigentes, como ninguém, e aqueles que o demonizavam agarraram-se a tais promessas, elogiando nele tal novo figurino.

Inaugurar-se-ia aí uma vulnerabilidade que lhe seria fatal.

Lula, que venceu sua primeira eleição por absoluta esperança de seu anterior discurso, teve sua vitória explicada por interpretação cavilosa, de que tal acontecera, exclusivamente, por seu novo discurso, trinado em suavizada canção em “Carta aos Brasileiros”, missiva que se fosse bem lida pelo seu eleitorado, este voltar-se-ia contra ele e já lhe negaria a eleição.

Lula, evidenciou-se depois por extremo erro, não assinara tal carta como simples promessa política.

Não lhe animara o pragmatismo de Henrique IV, para quem “Paris bem valia uma Missa”.

No governo, permaneceu fiel ao que escreveu. Virou um sapo tornado príncipe, barba podada, elegância edulcorada em nova versão, demasiadamente elogiado pelos áulicos de ocasião, que já não o temiam, embora não o amassem, nem pretendessem. 

E Lula, como príncipe entronizado, evitou ser temido, preferindo ser amado em demasia, colhendo mais ódio que alegria.

Lula quis demonstrar excessivamente seu apreço à democracia, ao livre debate na arena sem golpes, nem escaramuças.

Não ousou manipular regras, acreditando mesmo na salubridade da alternância do poder, quando o poder não é disputado por santos, nem idealistas, e também não pode ser entregue com arrefecimento de gana, e sem luta ferrenha.

Mais que por convencimento, e na impossibilidade disso por definição concreta, o poder para ser mantido precisa, se necessário, do real esmagamento do adversário, afinal o melhor deles é sempre aquele bem afastado e exangue, por repelido.

Porque o adversário sempre falseia e golpeia sem pejos, afinal bem dissera Paulo Maluf em seus tempos de glória: “Feio é perder”.

Neste particular, Fernando Henrique Cardoso, entendendo-se como o vero déspota esclarecido, não teve pruridos em pensar quase igual empalmando o poder, cravando para si uma reeleição com denúncias escusas de corrupção no Congresso.

Ou seja: Diferente de Getúlio Vargas, Franklin Roosevelt, Josef Stálin, Fidel Castro e até Hugo Chaves, Lula não se aproveitou de sua ampla aceitação popular e não ousou atender o provo que desejava a sua continuidade, em extensa aprovação de seus oito anos de governo. 

Chegou a dizer ingenuamente, hoje em palavras perdidas, que um terceiro mandato nunca seria tão bom, e gerou em prejuízo próprio, só e somente para si, é bom repeti-lo: um vácuo no seu poder; um orgasmo desfrutado tanto por inimigos quanto por aliados.

Afinal se Maquiavel não o preceituou, diga-se que; se os Príncipes têm muitos aliados, que não lhes seja concedido, a nenhum, o seu vácuo de poder.

Ninguém deve cede-lo; a ninguém!  Só se for inevitável! Ele é sempre bem apoderado por amigos se é que existem tantos, aí incluídos aqueles originados por nomeações convertidas em escolhas equivocadas e inimigos enrustidos e ladinos.

Assim, quando Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto deixou atrás de si um vácuo ocupado por Dilma e pelas escolhas de ambos, e um amplo flanco, cada vez mais vulnerável.

2º Erro de Lula.

Lula foi assaz leal com a sua sucessora.

Lula não tentou se candidatar à sucessão de Dilma em 2014.

Foi-lhe Leal, mesmo desagradando a muitos. Achou que ela tinha o direito de concorrer, e assim a Presidenta obteve um segundo mandato. Uma evidência do real apoio de Lula. 

O futuro mostraria que ele fora ingênuo, também aí, em acreditar sem desconfiar da democracia. 

E neste erro, imaginou que o país estaria vacinado contra o golpismo sempre inerente à República brasileira.

Não pensou que Dilma sofreria um golpe travestido de legalidade democrática, e de roldão ele próprio fosse enviado à cadeia mediante um processo sem crime.

3º Erro de Lula.

Este foi o erro fatal de Lula: acreditou no judiciário. 

E o judiciário não é tão imparcial quanto Lula o demonstrara em atos, intenções e sobretudo nas disputas a que se submeteu, peito aberto sem escudos, privilégios de armas, nem escaramuças imprevistas, compromissada inclusive por uma “carta aos brasileiros”, um seu ideário de bom moço confiável, tão inútil, quão desnecessário.

Ideários à parte, o judiciário é feito de homens comuns e erráticos, e inconfiáveis como todos em suas paixões, desejos, angústias e misérias. 

Homens que diferentes dos demais nunca respondem por seus desacertos, e são por isso estimulados a errar, já que suas decisões, fruto de convencimento pessoal e não da impessoalidade científica, conduzem ao engano, a desídia, o propósito mesmo, e até o embuste, sobretudo quando se golpeiam no foro tantos punitivistas exaltados e aplaudidos, e tão poucos garantistas apupados e acovardados.

E como o erro sempre jaz extremamente mal provado e o eventual dolo pior fica comprovado, jamais será punido ou prevenido, remediado restando apenas uma improvável reforma, em instâncias superiores, sempre com procrastinação sem ônus nem paga, mesmo quando tais erros são refeitos e remendados em prejuízos pouco saneados.

Porque nos tempos pacíficos, o estado democrático de direito, que tem também seus excessos de terrores “prairiais”, não permite a possibilidade revolucionária de uma reação “Termidoriana”, em que os pescoços possam se alternar, e nivelar, perante o comum cutelo. 

“Prairial” e “Termidor”, é bom lembrar, foram tempos iguais e antagônicos, em terror e justiçamento, lugares comuns nos momentos de pogroms e de caça às bruxas, tudo ao amparo da lei e da toga que a referenda e preside.

Hoje todo o mundo repete: Lula devia ter fugido para uma embaixada estrangeira, como Brizola, Jango e Arraes, conduzido até mesmo nos braços do povo, para melhor denunciar o seu julgamento de exceção.

Preferiu entregar-se corajosamente à sanha de seus inimigos e submeteu o próprio pescoço ao machado dos muitos algozes, entre tantos canalhas que assim o requeriam.

No cárcere, Lula talvez não pense assim.

Crê ingenuamente ainda que igual a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, será melhor lembrado que Dona Maria I, “a louca”, seus prepostos, e até a corda do carrasco Capitania.

Cada tempo, com seus erros e suas manias.

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