Em entrevista à Infonet, Edgar fala do amor pelo forró
20/06/2008


Edgar do Acordeon: 44 anos de carreira
Com 61 anos de idade e 44 de carreira, o sanfoneiro de Malhada dos Bois, Edgar do Acordeon, participa do Forró Caju desde a primeira edição do evento. Ele, que é um dos grandes representantes do forró pé-de-serra em Sergipe, tem uma discografia composta por quatro LPs e quatro CDs, todos com produção independente. Além disso é um dos integrantes da Orquestra Sanfônica de Aracaju. Assim que terminou o show, o sanfoneiro conversou com o Portal Infonet e falou sobre as dificuldades de manter uma carreira de tantos anos e sobre o amor pelo forró.

 

Portal Infonet – Como o senhor se sente por estar presente em mais um Forró Caju?

Edgar do Acordeon – É uma felicidade imensa. A cada ano procuro dar o melhor de mim para que o povo se divirta, e eu faça jus ao carinho do público. O Forró Caju é uma festa linda, que melhora a cada ano.

 

Infonet – Como representante do forró pé-de-serra, o que o senhor acha das bandas que fazem o forró elétrico?

EA – Essas grandes bandas não fizeram tão mal. Acho que ajudaram mais do que atrapalharam. Trouxeram mais visibilidade ao forró. O ponto negativo é com relação a valorização financeira do nosso trabalho. As pessoas pagam fortunas para essas grandes bandas, mas não valorizam muito o trabalho dos trios pé-de-serra, que chegam a fazer mais de quatro horas de show em uma única tocada. Mas no geral acho que tem espaço pra todo mundo. O importante é que haja harmonia e respeito pelo trabalho do outro.

 

Infonet – A questão financeira então é a maior dificuldade para quem faz o forró autêntico?

EA – A falta de patrocinadores é a maior dificuldade de todas. Todos os CDs e LPs que lancei foram independentes, tirei dinheiro do meu bolso para gravar e lançar todos eles. Mas o mercado exige que tenhamos uma produção constante, nem que seja de dois em dois anos. Toco forró porque é uma grande paixão, além de ser uma renda extra. Sou funcionário público e não vivo disso. Não dá para viver disso, infelizmente.

 

Infonet – Conta um pouco sobre a sua participação na orquestra sanfônica. Dá para conciliar tanto trabalho?

EA – Dá sim. Nós temos uma agenda bem selecionada porque são muitas pessoas e cada um tem outras atividades. Então às vezes é difícil conciliar a agenda de todo mundo. Mas fazemos a coisa com muito amor. Estamos viajando bastante, inclusive para outros Estados. É um orgulho muito grande levar o nome de Sergipe para tantos lugares do Brasil.

 

Infonet – Mas o senhor não se cansa? Não pensa em se aposentar?

EA – Confesso que já estou cansando sim. Depois de 44 anos de carreira a sanfona já começa a pesar, às vezes a coluna dói bastante. A música ‘Lamento de um sanfoneiro’, do meu último CD, ‘Festa na casa da vovó’, fala um pouco disso, é na verdade um pouco da minha história. Mas não quero me aposentar tão cedo. Enquanto Deus me der força e saúde não paro de tocar. A música é uma das minhas maiores paixões.

 

Por Carol Madureira