*Por Lucas Ferreira

Igreja matriz de Santo Amaro das Brotas (Foto:Acervo Web)

Trazida pelos colonizadores portugueses, a tradição de festejar o período do ciclo junino tem sua origem no Brasil a partir daí, mas bem antes, alguns povos festejavam nesse período o Solstício do verão onde era a época na qual o sol mudava de posição representando a fertilidade da terra. Percebendo a potencialidade da festa, a igreja católica absorveu essa manifestação e incorporou alguns aspectos religiosos, que foram criados para desviar os festejos do solistico do aspecto profano, percebeu que Santo Antonio morreu no dia 13, são João nasceu no dia 24 e são Pedro morreu no dia 29,estava criada a história.

Chegada ao Brasil, criou-se o costume de louvar a esses três Santos com Novenas,Trezenas e procissões,porém no nordeste incorporou-se o lado profano, e como no período solsitico,o que coincidia aqui no Brasil com o período chuvoso,ambos um campo de fertilidade da terra,onde os nordestinos plantavam e colhiam o milho,a mandioca e o amendoim, a religiosidade se incorporou e a festa se popularizou.

Em Santo Amaro das Brotas ,uma cidade do interior de Sergipe que ainda resiste em meio as transformações culturais sofridas com o passar do tempo,transformações essas naturais se levarmos em consideração que cultura é algo que se modifica.Tendo santo Antonio como um dos Padroeiros de um Povoado da cidade,o Povoado sape, é realizado pelos moradores locais a trezena de santo Antonio iniciadas sempre no dia 1 de junho e encerradas no dia em homenagem ao santo,13 de junho.

Já na sede da cidade em tempos Áureos eram montados os altares de santo Antonio,onde eram encenadas orações e ladainhas em formas de cânticos durante 13 noites,e em outros tempos durante somente no dia do santo porem rezadas em diversas casas onde eram montados os altares,encerradas com fogos em homenagem ao santo.Outro aspecto presente relacionado ao santo e a forte crendice em seu poder casamenteiro, onde era comum encontrar em torno do santo fitas,simbolicamente colocadas para segurar o relacionamento, ou aos pés da imagem para que o santo intercedesse na realização do matrimônio.

Durante o mês de junho é comum encontrar a cidade enfeitada com bandeirolas coloridas, na entrada das ruas arcos feitos com a planta nativa do Bambu faz-se como um convite, nos postes, folhas de coqueiro completam o cenário,onde muitas vezes eram enfeitadas com fitas confeccionadas a partir de bolsas plásticas,no lugar das bandeirolas, um forma bem mais simples porem com o mesmo encanto.As festividades eram comemoradas geralmente nas ruas em arraias feitos pelos próprios moradores onde sempre se colocavam uma Bananeira ou um mamoeiro representando a fertilidade,sempre esquentados pelo calor das fogueiras,essa que tem sua origem a partir dos tempospré-históricos ou ainda como forma de avisar sobre o nascimento de são João Batista onde foi acessa em cima de um morro avisando sobre o nascimento do mesmo,Como um dos símbolosmaiores da festa a Fogueira tem varias formas e dimensões,nomunicipio de santo Amaro das Brotas era erguida na praça Matrizuma grande fogueira pelo Sr Afonso que prosseguia acessa desde o são João ate o encerramento da festa no são Pedro,outro fato histórico presente nas festas juninas de Santo Amaro era a busca pelo mastro de Santo João,Idealizado por Dona Ilza Brandão junto com um grupo de jovens participantes de grupos religiosos da cidade a busca pelo mastro era feita pela manhã,em direção ao caminho do porto onde o mastro era recolhido da Reserva de Mata Atlântica ao som de Cânticos e de instrumentos de percussão,depois de enfeitado com fitas e outros adereços era erguido na praça da matriz.

As quadrilhas eram outra atração muito esperadadiferente das quadrilhas Francesas onde eram acompanhadas das orquestras e com vestimentas luxuosíssimas,as do Nordeste e especiais as de santo Amaro não erram mais acompanhadas com uma orquestra e sim com uma zabumba,triângulo e sanfona.as vestimentas eram típicas do período  junino feitas com chitão ,às vezes tão mal representando o caipiracom remendos na roupa passando uma imagem de Flagelado,uma imagem não verdadeira pois de costume os caipiras vestiam suas melhores roupas nas festas,eram encenado o casamento do matuto auto maior da apresentação,Das mais tradicionais da Cidade de Santo Amaro das Brotas se Destacam a quadrilha Farinha seca Idealizada pelo Sr GI e a quadrilha Milho Verde,as presentes hoje se resume as feitas por projetos socias da prefeitura Municipal.O Batalhão de são Pedro e um dos grupos mais tradicionais da cidade

Idealizado pela  professora Aparecida traz a frente dona Liliuma Mulher com Mais de cem anos mostrando a força do grupo,com roupas coloridas e ritmados pela batida forte dos tambores semelhantes ao samba de coco,realizado também no período junino.No Povoado Aldeia encontra-se também o Batalhão do SrBagé.

Hoje porém, pouco se vê a presença dessas manifestações em Santo Amaro,seja pela falta de uma politica cultural no município ou por falta de um comprometimento com a mesma da administração local,onde “festas”são realizadas mais com intuitos pessoais de que compremetidos com a tradição local.

*Gestor Cultural e graduando em Arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe