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Subida do mastro, um dos momentos mais aguardados da festa (Fotos: Marco Viera/Portal Infonet) |
A chuva que caia desde o começo da manhã ajudou a fazer lama para que os participantes da Festa do Mastro, em Capela, pudessem se lambuzar à vontade neste domingo, 1º. Homens e mulheres de todas as idades se juntavam às crianças e caiam nas poças lamacentas enquanto esperavam que a árvore deste ano fosse escolhida na mata.
Com o tronco derrubado, seguiram em cortejo até a Praça de São Pedro. No caminho, mais pessoas se juntavam à multidão que arrastava o símbolo da festa popular pelas ruas da cidade. A garoa que caia não desanimou os brincantes, que eram saudados por onde passavam com os estrondosos tiros dos bacamarteiros.
Ao chegarem à praça, os homens mais fortes se juntaram para levantar o tronco. Amarradas as cordas, cada grupo puxava para um lado, fazendo a grande árvore se erguer novamente. Com o mastro fincado no chão, os mais corajosos tentavam subir para buscar as garrafas de bebida amarradas nos galhos.
Folia do povo
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Joelma (à direita) curtiu a festa pela primeira vez com os amigos: "próximo ano não perco" |
Todos os anos, a Festa do Mastro atrai centenas de pessoas a Capela, município do Leste sergipano. Para os filhos da terra, é quase uma obrigação ir à cidade no dia da brincadeira. Participando pela primeira vez da folia, Joelma Costa não hesitou em ir para o meio da guerra de lama. “Estou achando a festa ótima, muito divertida”, comentou a diarista que curtia na companhia de amigos. Ela gostou tanto que fez uma promessa: “próximo ano não perco”.
Os capelenses costumam dizer que quem participa uma vez, não perde jamais. O analista financeiro Poliano Dantas faz jus ao dito e desde que brincou pela primeira vez, há mais de 10 anos, não perde uma Festa do Mastro. “É uma sensação inexplicável. Só quem está lá no meio sabe a emoção e a adrenalina que é”, expressou. Poliano enfatiza que essa é uma tradição que deve ser preservada. “A festa é muito importante para a cultura de Capela e de Sergipe”.
Além dos zabumbeiros que, como de costume, animaram a multidão, as bandas Seeway e Saia Rodada complementaram a festa deste ano. Para quem curte a folia, a programação não podia ser melhor. “A gente se diverte com a festa tradicional e ainda pode dançar muito com o som desses cantores maravilhosos”, ressaltou o pedreiro Alexandre Costa.
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Poliano, ainda limpo, esperava o cortejo: "só quem já participou sabe a emoção que é" |
Fé e festa
A Festa do Mastro foi organizada pela primeira vez em 1939, quando os irmãos Nelson Francisco de Melo, Napoleão Francisco de Melo, Wilson de Melo e Anderson Francisco de Melo decidiram festejar o Dia de São Pedro, 29 de junho, com amigos e familiares. A brincadeira começava com a busca de uma árvore seca na mata, que, à noite, era queimada e servia de fogueira.
Os anos se passaram e a festa se modificou, mas sem perder a tradição de buscar a árvore que serviria de mastro. Como o caminho até a floresta era de terra, quem participava ia sujando os amigos com a lama das poças d’água, brincadeira que foi incorporada à tradição. Hoje, 73 anos depois, o folguedo é realizado no domingo da semana do São Pedro, encerrando o ciclo junino sergipano com a queima do mastro e guerra de buscapés.
Por Michel Oliveira