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O cantor Flávio José (Foto: Marco Vieira) |
Ele é considerado um dos mais importantes representantes da música nordestina. Nascido na pequena Monteiro, localizada na região do Cariri paraibano, aos cinco anos assistiu a um show de Luiz Gonzaga em uma praça pública e ficou encantado com aquele espetáculo. Depois de muita insistência, ganhou uma sanfona do pai e, aos sete anos, já conseguiu tocar a primeira música.
Reconhecido pelo talento e por conseguir manter-se autêntico, preservando a sua identidade e a originalidade de seu trabalho, Flávio José já faz parte da história do Forró Caju. São mais de 10 anos tocando no principal arraial do estado. Pouco antes da apresentação desta noite, ele conversou com a equipe do São João Infonet.
São João Infonet: Como aquele menino nascido na pequena Monteiro, que aos cinco anos ganhou uma sanfona do pai, conseguiu se tornar um ícone da música nordestina?
Flávio José: Isso tudo aconteceu porque quando pequeno assisti a um show de Luiz Gonzaga em Arco Verde (PE). Ali fiquei impressionado com a desenvoltura daquele homem e queria imitá-lo. Enchi o saco de meu pai para que ele pudesse me dar uma sanfona. Ganhei, e aos sete anos consegui tocar a minha primeira música. Aos 10, já fazia pequenos shows em minha cidade. Dos 13 aos 17 montei uma banda baile e tocávamos forró em alguns meses do ano.
São João Infonet: Mas nessa época não dava para sobreviver da música?
FJ: Era difícil, pois só havia mercado durante os meses de maio, junho e julho. Então, para pagar as contas, comecei a trabalhar no Banco do Brasil. Nesse período, comecei a gravar meus primeiros LPS, mesmo contra a vontade da instituição. Em 1991 veio o primeiro sucesso, ‘Quem vem me ver?’, e a partir daí a carreira deslanchou. Quatro anos depois, quando seria transferido para o Mato Grosso, pedi demissão do banco e vi estourar a música ‘Tareco e Mariola’. Foi aí que decidi priorizar a carreira musical.
São João Infonet: Então essa mudança foi uma espécie de libertação?
FJ: Até 1995 eu era conhecido como o cantor dos 300 km, pois essa era a distância que podia percorrer para conseguir retornar a Monteiro e no outro dia cumprir meu expediente no banco. Acho que fiz a escolha certa. Tenho orgulho do meu trabalho como bancário, mas é na música que encontrei a felicidade.
São João Infonet: Ao longo de 30 anos de carreira você jamais mudou o seu estilo. Como resistir ao modismo e às transformações pelas quais passou a música nordestina nesse período?
FJ: Não sei cantar outro tipo de música. Essas canções de duplo sentido não combinam comigo. A minha missão é defender a música nordestina e gravar músicas de qualidade. Por conta disso, tenho um público fiel, que acompanha o meu trabalho e aprova essa postura.
Sã João Infonet: Você é um dos principais seguidores de Luiz Gonzaga. Qual a influência dele no seu trabalho?
FJ: O Rei do Baião é o nosso maior expoente. Fico feliz por poder reproduzir as suas canções durante o show. Ele foi, é, e sempre será lembrado como o mais importante artista nordestino. Em minhas apresentações busco homenageá-lo com algumas músicas. Este ano pretendo lançar um projeto chamado ‘Flávio José canta Luiz Gonzaga. É uma forma de deixar registrada a minha devoção por ele.
Por Wellington Amarante