|
Festa do Mastro marca tradição cultural em Capela (Fotos Arthuro Paganini) |
O som dos bacamartes no início da manhã deste domingo, 30, anunciava o início de uma das mais tradicionais comemorações juninas do estado de Sergipe: a Festa do Mastro.
Realizada há mais de 70 anos no município de Capela, a festa reuniu em 2013 uma multidão de crianças, jovens e até mesmo de idosos que percorreram, da Prefeitura Municipal à Praça de São Pedro, 10 km ao som de muita música e, claro, muita lama!
O corretor Stwart Augusto, 26, participa da festa há 13 anos e diz que a motivação lhe foi passada por gerações. “Muitos homens da minha família participaram e participam da festa. Claro que, quando eu era adolescente, tinha mais animação, mais disposição para percorrer o trajeto inteiro do mastro, mas acho que a curtição real da festa vem com o passar dos anos”, disse Stwart.
|
"Quando criança, eu sempre quis brincar na lama, mas minha mãe nunca deixou", disse José Marden. |
Curtição mesmo não falta para o funcionário público José Marden, 27, que participa da festa pela quarta vez. Ele conta que, além de ser o melhor São Pedro do país, a festa lhe permite realizar um sonho de infância.
“Sempre quis brincar na lama, mas minha mãe nunca deixou. Aqui, é como se eu estivesse livre para fazer aquilo que nunca me foi permitido. Ninguém liga pra nada, é uma brincadeira de criança realizada por adultos. Só isso!”, explica ele.
Percorrendo a cidade, via-se claramente que não só os adultos estavam entusiasmados com a tradição da festa. A pequena Caroline D’Almeida, 12, veio de Salvador com os pais para conhecer o festejo e, a todo instante, mostrava-se entusiasmada. “Desde bem cedinho estou vendo tudo, acompanhando tudo. Já vi o mastro, os bacamarteiros, os presentes e achei tudo muito bom. Já disse aos meus pais que quero voltar ano que vem. Se desse, queria até ser bacamarteira”, contou a menina.
Encantando turistas
|
"Já pedi aos meus pais para voltar ano que vem", disse Caroline |
Pela primeira vez em Sergipe, o carioca Sérgio Mota, 67, veio visitar a família da esposa declarou-se absolutamente encantado com os festejos juninos do estado. “Cheguei no dia 20 e estou muito feliz em conhecer as festas de vocês. Aqui, o pessoal é muito animado, divertido, hospitaleiro. Já conheci o Arraial do Povo, o Forró Caju e, sexta (28), vim conhecer Capela. Estou amando e quero voltar mais vezes”, disse.
Mostrando timidamente as anotações dos lugares visitados num guardanapo, a esposa dele, Ianne Torres, disse estar muito contente em poder conhecer um pouco mais do mais tradicional São Pedro Sergipano. “A gente tem notícias dos festejos pelos parentes, mas vendo de perto é tudo muito, muito mais bonito. Não tem comparação”, salienta.
Também vindo do Rio de Janeiro, Jurandir Santiago, elogiou os festejos, a descontração da população na corrida do mastro e lamentou apenas não ter podido, quando estava na capital sergipana, andar na Marinete do Forró. “Vou embora ainda hoje e, infelizmente. não pude andar na marinete, mas Capela me deixou fascinado. Tudo muito organizado e, graças a Deus, sem violência. Brincaram aqui muitos jovens e crianças, o que me deixou muito feliz. Então já estou bem servido, né?!”.
Uma preparação popular
|
Pela primeira vez em Sergipe, Sérgio ficou encantado com a festa |
No último dia 30 de maio, feriado de Corpus Christi, uma árvore da mata do Junco Novo (Povoado Lagoa Seca) foi marcada e teve seus galhos retirados para que, no dia posterior, pendurassem os presentes conseguidos pelo grupo folclórico conhecido por Sarandaia.
Na companhia de bacamarteiros, zabumba e pífanos, o grupo saiu às ruas de Capela tradicionalmente às 22h para que toda a cidade pudesse participar daquilo que já é considerado tradição cultural do município sergipano.
No último sábado, 29, um homem vestido de baiana e com um cesto na cabeça saiu da Prefeitura de Capela, às 15h, em direção às casas comerciais da cidade para que os proprietários também pudessem ajudar na doação dos presentes que, geralmente, são bebidas alcoolicas.
|
O corte do mastro é o momento mais aguardado da festa |
Acompanhada de bacamarteiros e muita música em trio elétrico, uma multidão acompanhou o corte da árvore e a amarração dos brindes aos seus galhos, levando o famoso “mastro” à Praça Anderson de Melo, onde recebe uma saudação de bacamartes e é fincado num buraco.
“Depois , erguemos o mastro com cordas e começamos a soltar os busca-pés. Sobe quem aguenta, além do percurso de 10 km, os bacamartes, os fogos e, claro, a bebida, que já pegou desde cedo. Eu sempre tento, mas nunca consigo”, diz aos risos o comerciante Augusto Dias.
Por Jéssica Vieira