Conhecendo sergipanos: a alegria das quadrilhas mirins
Desde cedo, crianças já mantêm tradição das danças juninas
"O que eu mais gosto é de dançar”, diz a Rainha do Milho / Fotos: Arthuro Paganini
Conta-se nos dedos, talvez até de uma só mão, quais coisas do mundo são mais sinceras do que o sorriso de uma criança. Principalmente, se essa criança trouxer no DNA a genética quadrilheira. É uma alegria franca que escorre a cada gota de suor em busca do passo exato. E pensar que, dentro daquela grande roda, damas e cavalheiros ainda são seres sobrecomuns.
Aos 13 anos, esta é a primeira vez que Mikael Oliveira comanda a ala infantil da Quadrilha Xodó da Vila. No entanto, já faz cinco anos que ele integra o grupo originário do Conjunto Jardim Esperança. “Tinha o concurso dos adultos lá no bairro [Inácio Barbosa]. Aí, um dia, eu soube que tinha a ala mirim e me interessei”, relembra o precoce marcador.
Desde então, ele não largou mais a paixão pela dança. Com o passar dos anos, e a cada novo mês de junho, o entusiasmo só foi aumentando. “Isso já veio dentro de mim. Aprendi vendo e fui fazendo”, garante Mikael, que assume a ansiedade pelas apresentações. “Os ensaios já começam depois do Carnaval. E fica um vazio quando acaba”, desabafa o garoto.
É compreensível. A animação pulsante das crianças, do primeiro ao último instante em que pisam no tablado, logo evidencia a importância do período junino para cada uma delas. Todo “anavan!” e “anarriê!” é respeitado com seriedade de gente grande. Quando erram no pé, levantam a cabeça, cientes de que não lhes falta tempo e vontade para aprimorar os passos.
Mikael, de 13 anos, e Ariana, de 12 anos, já estão na Xodó da Vila há cinco anos
“A responsabilidade é a mesma. Meu irmão mais velho já dançava, e eu sempre ia ver os ensaios. Comecei a participar e gostei”, afirma Ariana Vitória, parceira de Mikael, que recentemente foi convidada para compor a ala adulta da Quadrilha Xodó da Vila. Aos 12 anos, ela não titubeia quanto ao maior prazer que tem na vida. “Dançar quadrilha. Sem dúvida”.
E não tem mesmo como duvidar. Afinal, trata-se de convicção coletiva entre os membros da “Xodó Mirim”. Quem ousaria contestar o reinado da pequena Carla Vitória? “O que eu mais gosto é de dançar, em todos os lugares. Fico sorrindo, gosto que todo mundo me veja”, revela a Rainha do Milho, de apenseis anos, que rouba a cena a cada toque da sanfona.
É só o começo
Enquanto a meninada recebe os aplausos do público, o presidente da Xodó da Vila, Etelvan dos Santos, se enche de orgulho e satisfação. E não é por menos. “Hoje, é mais prazeroso trabalhar com as crianças do que com os adultos”, confessa, mesmo diante de toda a danação típica dessa faixa etária – os integrantes têm entre 6 e 13 anos.
A alegria por participar da quadrilha fica registrada nos sorrisos das crianças
“A quadrilha ajuda no comportamento deles, a desenvolver a coordenação motora, os sensos de grupo e coletividade”, afirma Etelvan, atento a cada movimento dos 40 componentes. Ao final de mais uma apresentação, de mais um período junino e de mais sorrisos gratuitos, fica a certeza de que o São João não acabou ali. Na verdade, para eles, está apenas começando.
Confira abaixo o vídeo feito com os quadrilheiros mirins:
Por João Camilo
Produçãoe e dição: Arthuro Paganini