Maestrinho, sergipano que não nega as origens (Foto: Ana Lícia Menezes)

O cabelo estilo Black Power e a barba por fazer destoam, completamente, da figura que se espera de um sanfoneiro. Ainda mais quando esse sanfoneiro é o filho de Erivaldo de Carira, o Erivaldo Junior, conhecido como Maestrinho.

Sergipano de nascimento, mas morando fora há vários anos, o músico de 24 anos tem feito histórica na música brasileira. Atualmente, ele é considerado um dos melhores sanfoneiros de sua geração.

Talento, é verdade, não lhe falta, pois além de ter a música no sangue, Maestrinho tem construído uma carreira de grande sucesso. Ele trabalhou, por três anos, com Dominguinhos. Foi ele, inclusive, quem indicou o sergipano para trabalhar com Elba Ramalho – com quem toca há dois anos.

Mas isso não é o suficiente: Maestrinho também integra, esporadicamente, a banda do cantor Gilberto Gil, com quem viaja para uma turnê pela Europa em julho. Logo depois dessa viagem, ele finaliza o primeiro disco, que deve ser lançado em setembro.

Ainda nos bastidores do show que o pai realizou na abertura desta oitava noite de Forró Caju, Maestrinho conversou com o São João Infonet. Confira!

São João Infonet – Seu pai lhe apresentou, nesta noite, como substituto dele. O que isso representa para a sua carreira e para a sua vida?
Maestrinho – É uma responsabilidade enorme. Não é brincadeira, é algo muito sério. Eu cresci ouvindo-o tocar; aprendi o que sei com ele, assim como aconteceu com meus irmãos. Isso é muito emocionante porque eu passei por muita coisa para chegar onde estou. Meu pai fez muito pela música sergipana, por isso esta noite é gratificante e prazerosa. Quero continuar levando não só o nome de Sergipe, pois nunca neguei minhas origens, mas a sanfona e o forró aonde eu for. Vou agradecer ao meu pai sempre, farei o meu trabalho sempre levando o nome dele.

Infonet – Você construiu uma carreira bem sucedida fora de Sergipe. A aceitação foi difícil?
Maestrinho – A aceitação do músico daqui é maior lá fora. Aqui, por ser um Estado pequeno, tem muito pouco trabalho. Meu pai, junto com minha mãe Dina, sempre me incentivou a buscar meus caminhos. Talvez, se eu não tivesse ido para São Paulo, não seria quem sou hoje.

Infonet – Antes de integrar a banda de Elba Ramalho, você trabalhou com Dominguinhos. Este ano, contudo, ele é uma das grandes ausências dos palcos.
Maestrinho – O São João deste ano está triste. Toquei com ele por três anos e foi uma experiência maravilhosa. Foi um aprendizado musical e para a vida. Ele é o grande ícone do forró e tem uma energia muito grande, que nos contagia. Dominguinhos é extremamente importante para todo o Nordeste.

Infonet – E como foi que você chegou à banda da Elba Ramalho?
Maestrinho – Foi o próprio Dominguinhos quem me incentivou a ir. Mas, antes de trabalhar com a Elba, eu toquei por um tempo com Gilberto Gil. O sanfoneiro dele, Toninho Ferragutti, que é meu amigo, foi quem me levou. De lá, fui para a banda da Elba. Isso já faz dois anos. Mas ainda toco com o Gil de vez em quando. Em julho, viajarei com ele em uma turnê pela Europa. Hoje, para mim, isso é muito gratificante. Eu já assisti aos shows da Elba e do Dominguinhos da platéia do Forró Caju e, depois, passei para o lado deles.

Infonet – Você está preparando o primeiro disco. Quando pretende lançá-lo?
Maestrinho – Vou finalizar as gravações depois que voltar da turnê com Gilberto Gil. É um disco de forró, com muita música nordestina, mas também vou misturar outras coisas. Eu costumo dizer que é um disco de MPB. Se tudo der certo, lanço entre agosto e setembro.

Por Diógenes de Souza