Porto da Folha – O sertão às margens do Rio São Francisco

    Fotos: Bruno Antunes

Carente de infra-estrutura, o município de Porto da Folha, distante 190 km da capital Aracaju é mais um município banhado pelo Rio São Francisco. Com belas “prainhas” formadas ás margens do rio, os locais recebem muitos turistas nos finais de semana.

À beira do rio, no povoado Niterói, Porto da Folha faz divisa com a cidade de Pão de Açúcar em Alagoas, famosa pela passagem do imperador Dom Pedro II, a cidade também foi local de abrigo do famoso cangaceiro Lampião e possuí um Cristo Redentor, semelhante ao monumento erguido no morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, o Cristo de Pão de Açúcar foi inaugurado no dia 29 de janeiro de 1950.

O destaque de Porto da Folha é para o povoado Mocambo é formado por uma comunidade remanescente do antigo quilombo que o local abrigava. Como descendentes quilombolas, por lei a comunidade tem direito a propriedade de suas terras das quais eles brigam para poder utilizar desde a década de 90.

Histórico

Quilombolas é designação comum aos escravos refugiados em quilombos, ou descendentes de escravos negros cujos antepassados no período da escravidão fugiram dos engenhos de cana-de-açúcar, fazendas e pequenas propriedades onde executavam diversos trabalhos braçais para formar pequenos vilarejos chamados de quilombos.

Não existe uma data de criação do quilombo do Mocambo, as pessoas mais antigas contam que há muito tempo o local era uma fazenda chamada Mocomba onde os negros fugiam da senzala e se refugiavam no local. Desde 1994 cerca de 20 famílias brigam pelo direito as terras que ficam ao redor da comunidade. “As pessoas se sentiam daqui, tem uma raiz neste local e precisam plantar e criar porque até então não se tinha espaço e as terras vizinhas eram todas de fazendeiros. Então, essas famílias se agruparam formando um grupo bem forte e unido e começaram a lutar e buscar com entidades como a Fundação Palmares com o padre Izaías,

 

o Centro José Brandão de Aracaju”, aponta o presidente da associação comunitária do local Ademar Rosa.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) atualmente realiza estudos nas igrejas da comunidade quilombola, pois os moradores pleiteiam o tombamento. “Nós solicitamos ao governo o tombamento das duas igrejas da comunidade como patrimônio histórico, pois elas são muito antigas e nos reunimos com a comunidade e solicitamos. As duas chamam Sagrado Coração de Jesus, a padroeira é a gloriosa Santa Cruz que é a padroeira de todos os quilombolas”, finaliza o líder comunitário.

Por Bruno Antunes