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  Infonet Eleições 2006
 

Debate: Alckmin volta a endurecer os ataques contra Lula


24/10/2006, 09:41


Depois da relativa placidez do confronto anterior, no SBT, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) elevou novamente o tom dos ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na frente das câmeras, desta vez no debate da TV Record, com mediação de Celso Freitas.

Ao final do debate, Lula acusou o golpe. Disse, nas considerações finais, que nunca um governo havia sido tão atacado quanto o seu. Segundo pesquisas dos institutos Datafolha, Ibope e Vox Populi, Lula abriu vantagem de 20 pontos sobre Alckmin na semana passada. O comportamento na noite desta segunda-feira sinaliza para mais tensão no debate final, na próxima sexta, na Rede Globo.

Lula e Alckmin se enfrentaram pela terceira vez no segundo turno. A primeira foi no debate da Bandeirantes, em 8 de outubro, e a segunda na semana passada, no dia 19, no SBT. Lula utilizou os minutos iniciais de apresentação para citar, como tema de debate, o problema da desigualdade social entre regiões e entre regiões metropolitanas. "Discutir o problema do Nordeste, que há décadas é tratado como região de segunda classe", sugeriu.

O Nordeste reapareceu como tema ao final, no quarto bloco: o candidato tucano cobrou promessas não cumpridas do governo Lula, enquanto o presidente citou realizações como o programa do leite, a construção de cisternas e a ampliação do Ensino Médio em nove Estados da região.

Já na apresentação, Alckmin partiu direto para as críticas ao adversário. "É importante analisar a atualidade. Temos uma notícia muito ruim, o Brasil é o penúltimo da América Latina em crescimento, e notícia péssima, um novo escândalo do atual governo", disse, citando denúncias de superfaturamento no Aeroporto de Congonhas.

"São duas marcas no atual governo: parado na economia e acelerado nos escândalos."

Também na primeira pergunta, o tucano voltou ao ataque e indagou Lula sobre os seus ex-ministros denunciados pelo Ministério Público e Polícia Federal.

O presidente revidou lembrando as CPIs abafadas na Assembléia paulista durante a gestão de Alckmin: "Se você não tivesse bloqueado 69 CPIs em São Paulo, talvez tivesse mais escândalos do que no governo federal". E Lula retomou um bordão do segundo turno, referindo-se ao seu governo: "Acabou no Brasil a era em que as coisas eram varridas para debaixo do tapete".

A pergunta-refrão da campanha de Alckmin, sobre a origem do dinheiro do dossiê contra tucanos, escândalo que levou a eleição para o segundo turno, surgiu ainda no primeiro bloco. "De onde veio aquele 1,7 milhão em reais e dólares para comprar dossiê fajuto?" O tucano citou nomes de assessores e ministros de Lula afastados por denúncias.

"O povo está repudiando esse comportamento do Alckmin", disse Lula.

Uma pergunta sobre planos para a indústria naval feita pelo petista não foi respondida pelo tucano. Alckmin enveredou pelo tema do desemprego e do baixo crescimento econômico, acusando o governo Lula de prestigiar os banqueiros. No primeiro bloco, Lula ainda não havia perdido o humor: "Esses banqueiros são ingratos porque ganham de mim e votam no Alckmin", respondeu o petista, provocando risos na platéia.

Nas suas perguntas, o candidato do PSDB procurou negar avanços do governo Lula em áreas como atendimento a deficientes físicos, saúde, investimentos no Nordeste. Por várias vezes, Lula se irritou com os dados controversos fornecidos pelo adversário.

"Queria pedir desculpas ao telespectador porque é difícil debater com tanta desinformação", disse o petista. "A taxa Selic era mais alta no governo FHC. Vocês entregaram esse país sem credibilidade sequer para financiar as exportações".

Alckmin prometeu cortar gastos na corrupção. Lula afirmou que 80% dos crimes da máfia das sanguessugas (o superfaturamento das ambulâncias a partir de emendas de parlamentares) começaram nos quatro anos que antecederam a sua posse. O escândalo foi retomado no terceiro bloco, destinado a perguntas de jornalistas.

Ao responder sobre seus defeitos, Alckmin disse que certamente teria vários, mas "roubar não". O tucano cobrou de Lula o conhecimento da origem do dinheiro do dossiê e disse que, como presidente, não jogaria a culpa nos outros.

"Isso poderia ter um efeito prático", Lula sugeriu. "Ele poderia chamar o Barjas Negri (ex-ministro da Saúde no governo FHC) e perguntar até que ponto ele se envolveu nesse negócio (da máfia das ambulâncias)".

Segundo bloco

Lula questionou o adversário sobre o rombo nas contas do Estado de São Paulo que estaria paralisando obras anteriormente "apressadas por conta do processo eleitoral". Segundo Alckmin, o governo de Cláudio Lembo termina este ano com déficit público zero e as contas estão "rigorosamente em dia".

Sobre o suposto superfaturamento nas obras do Aeroporto de Congonhas, apresentado pelo tucano como "o escândalo desta semana", Lula respondeu que "o dado concreto é que não tem nenhum julgamento do Tribunal de Contas". "As ilações feitas por você são maiores do que a força da própria denúncia", afirmou o petista.

Terceiro bloco

Os jornalistas Adriana Araújo, Bob Fernandes e Cristina Lemos fizeram perguntas para os presidenciáveis no terceiro bloco. Fernandes quis saber de Alckmin o seu sentimento em relação às pesquisas, que apontam uma vantagem de cerca de 20 milhões de votos para Lula. O tucano lembrou que obteve nas urnas 11 pontos percentuais a mais de votos do que indicavam as últimas pesquisas no primeiro turno. "A população já não dá muita bola para isso porque sabe que há oscilações (nas pesquisas)".

Neste bloco, o candidato do PSDB acusou Lula de quebrar a agricultura brasileira e provocar a maior crise nos últimos anos. "Ele agiu de forma irresponsável, só pensa em eleição".

"Fomos nós que criamos o seguro agrícola, vocês poderiam ter criado isso 50 anos atrás e não criaram", respondeu Lula. Também diante dos jornalistas, Alckmin prometeu reduzir o Imposto de Renda, os juros e os gastos supérfluos.

Quarto bloco

Como já havia feito no debate na Bandeirantes, Alckmin reiterou a palavra "mentira" no quarto bloco, referindo-se a supostas afirmações de Lula de que ele iria acabar com o Bolsa-Família, com a Zona Franca de Manaus e privatizar o Banco do Brasil e a Petrobras.

"É válida a mentira?", perguntou.

"Tem a história do PSDB que me induz a acreditar que vocês podem privatizar qualquer coisa", respondeu Lula. "Vocês não tem experiência de política social".

"É mais uma mentira. Não há apreço pela verdade", sublinhou o tucano.

"Nosso governo tem feito uma política social que há muitos e muitos anos precisava ser feita", disse Lula.

Antes das considerações finais, os candidatos engataram uma discussão sobre política externa. Lula ficou visivelmente irritado com o fato de o adversário não reconhecer o superávit comercial do Brasil e a ampliação das relações comerciais para diversos países, na África e no Oriente Médio, além dos tradicionais parceiros na América do Norte e na Europa.

"Conheço gente boa do PSDB sobre política externa, mas me parece que esse pessoal não está trabalhando contigo, Alckmin", provocou o presidente. O adversário prometeu, se eleito, privilegiar "economias fortes" e "fazer política externa que defenda o interesse nacional, e não política ideológica".

"Nós criamos condições para a Alca não ser imposta pelos Estados Unidos", disse Lula.
"A diferença entre eu e ele é tão grande que eu não preciso ficar falando isso o tempo inteiro", acrescentou.

Considerações finais

No último bloco, Alckmin lembrou ser "um homem de fé, temente a Deus". "Trabalhei para sustentar meus estudos, fui professor de madureza, de cursinho. Sei o quanto me fez bem aquele salário", disse, anunciando seu compromisso com "emprego, renda, trabalho".

Lula reiterou a necessidade de compatibilizar crescimento econômico com distribuição de renda. "Esse país durante muito tempo foi governado apenas para 35 milhões de habitantes", disse.

Fonte: UOL

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