24/06/2015 - 17:36
Licor: o queridinho dos festejos juninos
Licor da Gabriela é um dos mais famosos de Aracaju
Carlos Henrique fala sobre a produção secular do licor (Foto: Portal Infonet)

Conhecida pela cor de cravo e canela, a personagem Gabriela, do escritor baiano Jorge Amado, dá nome a um dos licores mais conhecidos de Aracaju, produzido artesanalmente por Carlos Henrique de Oliveira, mais conhecido como ‘Henrique da Gabriela’, que conta a historia centenária da produção da bebida mais queridinha dos festejos juninos no Nordeste, o licor.

De acordo com Carlos Henrique, a tradição, que teve início ainda no século XIX, começou com seu avô, em 1880, que fazia os licores para a família ou para dar de presente aos amigos e vizinhos no período junino. Desde então, o processo de fabricação do licor passou para o pai de Henrique, e até hoje, há mais de 100 anos, a tradição é mantida. “Comecei a fabricar o licor ainda quando menino, ajudando meu pai. Aprendi a fazer, e até hoje estamos aqui fabricando o licor”, conta.

Carlos Henrique conta ainda que o nome licor da Gabriela foi batizado por seus clientes, quando ele oferecia um licor no sabor de cravo e canela. “Eles chegavam no balcão e gritavam: Traz uma Gabriela!, e nisso ficou conhecido como o ‘Licor da Gabriela’", diz. Hoje ele comercializa seus produtos em mais de 70 sabores, em sua residência, que também é bar e fábrica, localizada na Avenida Rafael de Aguiar.

Processo de fabricação

Todas as garrafas são rotuladas uma a uma, também de forma artesanal

Carlos Henrique conta que a produção dos licores é feita durante o ano todo, e que para uma boa fermentação, é necessário o tempo de um ano em conserva. As frutas são compradas em diversos fornecedores, e a cachaça utilizada na bebida vem do município de Capela. No período junino, ele chega a produzir aproximadamente 4 mil litros de licores, nos mais diversos e exóticos sabores. “Tudo é feito artesanalmente. Juntamos as frutas com a cachaça, adoçamos, adicionamos os segredinhos, e colocamos nos vasilhames para que ocorra a fermentação”, salientou.

Além das frutas tradicionais, como jabuticaba, tamarindo e jenipapo, Carlos Henrique fabrica licores com sabores mais exóticos, como o de murici, o “viagrinha”, feito com uma mistura de ervas e casca de pau, e o “lágrima”, feito com vinho de boa qualidade. “Temos que variar os sabores para atender o diversificado público que consome o nosso licor. Começamos com dois sabores e hoje já trabalhamos com 70”, ressaltou.

A procura

Existe uma variedade de mais de 70 sabores de licor 

Com a chegada dos festejos juninos, a residência de Carlos Henrique vira um ponto de informações de fabricação de licor para jornalistas e estudantes, além da grande procura de clientes e empresas pelos seus produtos. “Nessa época é correria por aqui. Contrato mais funcionários para me ajudar a engarrafar e rotular as garrafas. O movimento não para. É sinal que o produto é bom, de qualidade e com um preço bacana”, finalizou.

Por Adriana Meneses

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