![]() |
Sanfona, zabumba e triângulo são a base dos ritmos nordestinos (Fotos: Arquivo Portal Infonet) |
O Forró é um dos ritmos mais amados no Nordeste, e um dos que mais caracteriza a cultura regional. Mas a raiz da música nordestina é composta de muitos outros ritmos, que se misturam em um grande caldeirão de sonoridades. Do Xote ao Xaxado, do Coco à Toada, o que diferencia um ritmo do outro é a batida.
Segundo o pesquisador Paulo Corrêa, a base instrumental dos ritmos nordestinos é a marcação diferenciada do trio de zabumba, triângulo e sanfona. Nesse sentido, Luiz Gonzaga foi um dos grandes nomes responsáveis pela difusão da musicalidade do Nordeste. “Gonzaga criou uma batida diferente para cada instrumento, para ser tocada em cada um desses ritmos”, explica.
Saiba mais sobre os ritmos que embalam a cultura da região e que, junto com o Forró, animam as festas juninas mais tradicionais do Nordeste. São eles quem dão o tom plural das tradições e que contam Brasil e mundo afora as histórias e o dia-a-dia do povo mais alegre e contagiante do País.
Xote: De origem européia, o xote ganhou o gingado dos escravos e se popularizou em diversos cantos do País, como Rio Grande do Sul e Pará. No tradicional xote do Nordeste, a batida é reconhecida por ser mais lenta e cadenciada do que no Forró. A música “Cintura Fina”, de Luiz Gonzaga, é um exemplo dessa variedade.
![]() |
Marchinha junina é presença garantida nas quadrilhas |
Baião: A canção “Baião”, parceria entre Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, é um exemplo desse ritmo cuja origem é portuguesa. Gonzaga, inclusive, ganhou fama sob o título de Rei do Baião. Quando recriou a batida do triângulo e da zabumba para esse ritmo, o compositor buscou inspirações na chula, típica de Portugal. Outros instrumentos típicos do Baião são a viola caipira, a flauta doce e a rabeca. No Baião, a batida é mais rápida que no Xote e mais lenta que no Forró.
Coco: Os primeiros versos da música “Derramaro o Gái”, também de Luiz Gonzaga, deixam claro o estilo musical no qual a canção se enquadra: “Eu nesse coco num vadeio mais/ apagaro o candeeiro, derramaro o gai”. A faixa se caracteriza pela batida aguda do triângulo, que marca a pisada da dança típica. O surdo e o pandeiro também são instrumentos tradicionais nesse ritmo.
Marchinha junina: Não é só no carnaval que se dançam as marchinhas! No São João, essa variedade é ilustrada por músicas como “Nem se despediu de mim” e “Olha pro céu”, mais lentas e marcadas por combinações melódicas repetitivas. É um dos ritmos preferidos dos quadrilheiros, que encontram nele o compasso ideal para as coreografias. Na marchinha, a sanfona é quem dita a condução.
|
Pífano também é tradicional nos ritmos nordestinos |
Xaxado: É a dança típica dos cangaceiros, marcada pelo arrastar em ziguezague das sandálias no chão. Além de zabumba, sanfona e triângulo, toca-se o pífano. Como pode ser notado na música “Óia eu aqui de novo”, a levada é rápida a ponto de que a dança não possa ser executada em conjunto. Embora a origem do xaxado seja incerta, sua difusão ocorreu sobretudo no sertão nordestino na primeira metade do século XX.
Toada: A toada é conhecida como uma canção de lamento, onde os sertanejos contam as desventuras da seca e as tentativas de uma vida melhor na cidade grande. Por ser uma música de tom mais triste, a toada se caracteriza por ser mais lenta. É o caso da música “Meu Pajeú”, na qual Luiz Gonzaga conta sobre a saudade de sua terra e da vida em São Paulo. Nesse ritmo, destaca-se a presença de instrumentos de corda, como a viola.
Por Nayara Arêdes