"Sensibilização Política e Cidadania", por Adilson Oliveira Almeida
14/10/2004, 15:02
É delicado o quadro sócio-político de nosso país, do nosso Estado e por que não dizer também de nossa capital, Aracaju. Não podemos continuar sendo coniventes com essa atual conjuntura que se instaura em nosso meio.
Está sob nossa responsabilidade, como cidadãos conscientes que devemos ser de nossos direitos e deveres, o papel de ajudar os governantes e legisladores no pleno exercício de suas obrigações e atribuições públicas e sociais de forma coerente, competente e acima de tudo honesta.
Nesse sentido, necessitamos urgentemente exercer nossa cidadania, usando a inteligência, sabedoria e discernimento de que somos portadores para escolher os candidatos a cargos eletivos que deverão representar-nos nas Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas, poderes executivos das instâncias Federal, Estadual e Municipal, Congresso Nacional e Senado Federal.
Como parte integrante da sociedade, não devemos nos esquivar nem nos isentar das questões políticas, pois elas fazem parte, diariamente, de nossa vida. De uma forma ou de outra, todos nós estamos inseridos na política. Nós até podemos dizer que não gostamos de política, expressando assim um sentimento negativo proveniente, quase sempre, das práticas ilegais e imorais de muitos políticos partidários, as quais nos fazem perder a crença nesses indivíduos e não mais ter esperança de mudanças e de dias melhores. Contudo, somos todos seres políticos desde que nascemos – ou pelo menos precisamos sê-lo o quanto antes –, uma vez que fazemos parte de uma sociedade constituída por normas e padrões (a serem seguidos e questionados) que regulam nossa vida e nosso comportamento.
Para aceitarmos a política partidária, e assim contribuirmos para o processo de mudança que muitos de nós tanto almejamos, precisamos estar seguros de nossos direitos, reivindicá-los quando for preciso, saber quais são nossos deveres e cumpri-los, trabalhar para uma causa justa e para o bem de todos. Enfim, temos de ser cidadãos leais e atuantes, o que somente é possível quando adquirirmos um aguçado senso crítico diante do que nos é exposto; quando soubermos julgar com responsabilidade e ética as propostas a nós dirigidas; quando participarmos das discussões e tomadas de decisão acerca das questões sociais da comunidade em que vivemos; quando, enfim, nos unirmos em prol de um projeto comum.
Num sentido institucional, todas as decisões tomadas pelos poderes executivo e legislativo que envolvem interesses da população são ações políticas. Por conta disso, temos a grande responsabilidade de eleger pessoas que tenham compromissos com nossos ideais e satisfação dos anseios da sociedade. Sendo assim, devemos apoiar e eleger candidatos cujas histórias de vida e conduta conhecemos, e que nos sejam próximos, pois para nós será bem mais fácil cobrarmos deles o cumprimento de seus deveres, caso não o façam.
Temos de nos sensibilizar e entendermos de uma vez por todas que quando votamos em determinado candidato somente porque ele nos deu algo ou nos fez algum favor ou benefício particular, sem ao menos perguntar a nós mesmos o que ele fará em benefício de todos ou de uma grande maioria, além de estarmos sendo individualistas, estamos cometendo crime eleitoral, corrompendo nossa consciência, ferindo nossa dignidade, desrespeitando-nos, portanto; e o pior: estamos também perpetuando e dando asas à corrupção e conseqüentemente contribuindo para a manutenção e agravamento dos males que estão à nossa volta.
Apesar de ainda estarmos distantes de alcançar um nível satisfatório de politização, podemos ver que a política partidária está mudando, haja vista que muitos de nós estamos nos despertando para uma consciência crítica e passando a adquirir outras atitudes diante de nosso papel social.
Essa mudança já é percebida nas atuais campanhas eleitorais de muitos candidatos, pois estes estão percebendo que proferir discursos e promessas bastante conhecidos ao longo da história, como por exemplo: oferecer educação de melhor qualidade, investir em saúde pública, criar empregos e postos de trabalho e outros bens necessários à clientela menos assistida; abraçar eleitores e apertar sua mão; dar beijinhos; utilizar crianças e idosos para marketing eleitoreiro; comer no mesmo prato e beber no mesmo copo só para demonstrar que está do lado do povo são práticas há muito ultrapassadas, mesmo porque não atestam compromissos firmados para com os diversos grupos sociais, e as pessoas já estão fartas de tudo isso.
Com o objetivo de viabilizar e agilizar as mudanças que todos nós merecemos, com o intuito também de sermos uma mola propulsora nesse processo de modernização da política, devemos fazer opção pelo candidato que proponha projetos de trabalho diferenciados, os quais devem ser voltados aos anseios e necessidades das comunidades, contemplando suas reivindicações.
Como eleitores conscientes, devemos evitar fazer opção por candidatos que pretendem trabalhar dentro dos gabinetes elaborando leis que atendem a interesses particulares, não condizentes com as reais necessidades das comunidades; aqueles que vêem na eleição uma forma de empregar parentes e amigos, aqueles candidatos que se valem da máquina pública para promover suas campanhas espetaculosas e comprar o eleitorado através de cestas básicas, dinheiro e presentes, assim como aqueles que rifam cargos de confiança na máquina estatal, não promovendo concursos públicos ou realizando outros procedimentos que envergonham nosso país.
Diante dessas reflexões, nós que desejamos ter uma cidade, um estado e um país gerenciados de uma forma coerente, justa e transparente devemos pensar bem e ponderar sobre tudo isso, pois somente assim poderemos ser cidadãos atuantes e fazermos valer com dignidade o real sentido da democracia através de nosso voto.
* Licenciado em Letras Vernáculas pela UFS, Servidor Público Estadual / Técnico Pedagógico da Divisão de Ensino Médio/DRE-8/SEED.