Na tradição brasileira, especialmente no Nordeste, junho é mês de fogueira, quentão, quadrilha e de se deliciar com maravilhosos pratos da culinária regional. Para alguns, motivo de pura festa, para outros, de aclamação aos padroeiros Santo Antônio, São João e São Pedro. Se você, internauta, gosta das festas juninas, mas não sabe nada sobre os Santos celebrados neste período, conheça aqui um pouco da história de cada um deles.
SANTO ANTÔNIO - 13 DE JUNHO |
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Frade franciscano ganhou fama de casamenteiro
Santo Antônio de Pádua, também conhecido como Santo Antônio de Lisboa, nasceu em Lisboa, no ano de 1195, com o nome de Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo. É contemporâneo de um outro grande santo, São Francisco de Assis. Santo Antônio foi cônego regular em Portugal até os 25 anos, quando um fato mudou a sua vida. Ao saber que cinco franciscanos tinham sido martirizados em Marrocos, como conseqüência da tentativa de evangelizar infiéis, Santo Antônio decidiu seguir-lhe os passos e ser um missionário.
Foi então que entrou para a ordem dos frades franciscanos e logo foi enviado para trabalhar entre os muçulmanos de Marrocos. Porém, com problemas de saúde, foi obrigado a retornar para a Europa, permanecendo na Itália. Durante esse tempo, ocupou vários cargos, como o de professor em sua ordem na Itália e na França e também pregando nos lugares onde a heresia era mais forte. O combate à heresia era feito não apenas através da pregação, mas também por meio de milagres espantosos. Sabia quase todas as Escrituras e tinha um dom especial para explicar e aplicar as mais difíceis passagens.
Em 1231, seu sermão alcançou o ápice de intensidade, porém, foi neste mesmo ano que o santo foi acometido de uma doença inesperada e faleceu em Arcella, no dia 13 de junho, aos 36 anos de idade. Santo Antônio foi canonizado por Gregório IX em 30 de maio de 1232. Santo Antônio é doutor da Igreja e padroeiro de Portugal. Foi um dos pregadores itinerantes mais conhecidos do século XIII e São Francisco o chamava de “meu bispo”. Sua popularidade chegou ao Brasil via colonização portuguesa, mais precisamente por influência dos frades franciscanos. A popularidade de Santo Antônio advém também do fato de ele ser considerado pela tradição um santo casamenteiro.
João Batista era primo de Jesus e teve o prazer de batizá-lo
A Bíblia conta que Isabel era prima e muito amiga de Maria e elas tinham o costume de se visitarem. Numa dessas ocasiões, já grávida, “quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo” (Lc. 1,41). Ainda no ventre da mãe, João se reverencia e reconhece a presença do Cristo Jesus. Na despedida, as primas combinam que o nascimento de João seria sinalizado com uma fogueira, para que Maria pudesse ir ajudar Isabel depois do parto.
Desta forma os evangelistas apresentam com todo rigor a figura de João como precursor do Messias, cujo dia do nascimento é também chamado de “Aurora da Salvação”. Ele era um filho muito desejado por seus pais, Isabel e Zacarias, ela estéril e ele mudo, ambos de estirpe sacerdotal e já com idade bem avançada. Isabel haveria de dar à luz um menino, o qual deveria receber o nome de João, que significa “Deus é propício”. Assim foi avisado Zacarias pelo Anjo Gabriel que o visitou anunciando a chegada do tão esperado herdeiro.
Conforme a indicação de Lucas, Isabel estava no sexto mês do nascimento de João, que foi fixado pela Igreja três meses após a Anunciação de Maria e seis meses antes do Natal de Jesus. O sobrinho da Virgem Maria foi o último profeta e o primeiro apóstolo. Com palavras firmes, pregava a conversão e a necessidade do batismo de penitência. Anunciava a vinda do Messias prometido e esperado. Sua originalidade era o convite a receber a ablução com água no rio Jordão, prática chamada batismo. Daí o seu apelido de Batista.
João Batista teve a grande missão de batizar o próprio Cristo. Ele apresentou oficialmente Cristo ao povo como Messias, com estas palavras: “eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Mt. 3,11). João Batista morreu degolado sob o governo do rei Herodes, por defender a moralidade e os bons costumes. É um dos Santos mais populares em todo o mundo cristão. Em sua festa, que tem música e dança, o ponto central é a fogueira, lembrando a primeira feita por seus pais para comunicar o seu nascimento.
Padroeiro da longevidade, São Pedro encerra o ciclo junino
São Pedro, cujo nome de nascimento era Simão, nasceu em Betsaida, na Galiléia. Filho de Jonas, Simão era pescador, casado, e mantinha uma pequena frota de barcos pesqueiros, juntamente com seus irmãos André, Tiago e João. Durante um período de baixa estação de pesca, André encontrou Jesus e comentou com seu irmão a respeito do Messias. Simão quis conhecer Jesus e este o elegeu como um de seus escolhidos, nomeando-o Pedro, que significa pedra, rocha. A partir deste dia, Pedro deixou de ser pescador de peixes, para se tornar pescador de homens.
Pedro tinha um temperamento impulsivo, mas uma imensa generosidade e um grande amor ao mestre. E Jesus o coloca em evidência sempre, marcando-o como o futuro chefe da Igreja. Em Cesaréia de Filipe, Jesus diz a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus e tudo que ligares sobre a terra será ligado também no céu, e tudo que desligares na terra será também desligado no céu” (Mt. 16 13-20).
Os primeiros 10 capítulos dos Atos dos Apóstolos descrevem a atuação marcante do apóstolo Pedro, o grande líder da comunidade cristã após a morte de Jesus. É ele quem faz o primeiro discurso no dia de Petencostes, convertendo três mil pessoas. Também é o primeiro a ser preso como responsável pela nova religião e quem convoca o primeiro concílio dos apóstolos, tomando a palavra no conclave.
Segundo a tradição, mais tarde Pedro foi para Antióquia, onde permaneceu sete anos na direção da igreja e de lá seguiu para Roma, onde ficou até a morte, em 29 de junho. Foi crucificado como seu Mestre, mas pediu a seus carrascos para que fosse crucificado de cabeça para baixo, porque não se achava digno de ser tratado como Jesus. Há provas irrefutáveis de que foi sepultado onde hoje está a maior igreja do mundo: a Basílica do Vaticano.