Subvenções: MPF vê vínculo de Venâncio com associação

Rosilda: contradições consideradas graves em depoimento (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Novas contradições e gastos exagerados com combustíveis feitos por dirigentes das associações beneficiados com as verbas de subvenções destinadas pela Assembleia Legislativa marcaram os depoimentos prestados na manhã desta terça-feira, 28, por testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal em processo que tramita na Justiça Eleitoral.

Com as versões das pessoas que administravam as entidades que receberam as verbas de subvenções, os procuradores regionais eleitorais Eunice Dantas e Rômulo Almeida não têm dúvida da relação dos parlamentares com as entidades beneficiadas com os recursos destinados pela Assembleia Legislativa em ano eleitoral, o que, na opinião deles, caracteriza a conduta vedada.

Pelo menos três testemunhas já estão na mira do Ministério Público Federal por falso testemunho e certamente serão conduzidas à condição de réus em novos procedimentos que já começam a ser adotados pelo MPF. A procuradora Eunice Dantas também não descarta a possibilidade de solicitar abertura de inquérito policial no âmbito da Polícia Federal para investigar o falso testemunho e incluir novas testemunhas no alvo destes novos procedimentos.

Sirlei comparece à audiência acompanhada de advogado

Nesta terça-feira, 28, a grande contradição foi detectada no depoimento de Rosilda Andrade, representante da Associação Comunitária de Malhador, que recebeu verbas no valor de R$ 105 mil indicadas pelos deputados Maria Mendonça, Venâncio Fonseca e Suzana Azevedo [esta deixou a Assembleia e atualmente ocupa cargo vitalício no Tribunal de Contas de Sergipe].

Na época das investigações, a procuradora Eunice Dantas constatou que a sede da associação funcionava na própria residência da representante, que naquele momento se apresentou como presidente da entidade. No entanto, ao prestar depoimento em juízo nesta terça-feira, 28, Rosilda Andrade se apresentou como tesoureira e justificou alegando que, no momento da investigação, teria confundido a sua função na associação. Versão que não convenceu os procuradores eleitorais.

No endereço onde funcionava a sede da entidade, a procuradora registrou um adesivo fixado na parede do imóvel com a propaganda do deputado Venâncio Fonseca. Mas Rosilda negou relação com o parlamentar, dizendo que a sede da associação funcionava no imóvel vizinho à casa dela. Mas a procuradora revelou que a divisão do imóvel, que distingue a sede da entidade e a residência, só foi realizada depois que o MPF realizou a investigação.

Combustível e veículos

Fabiano Feitosa: equívocos no processo

Também chamou a atenção os gastos com combustível e contratos de locação com veículos feitos pela Associação Comunitária Gabriel Arcanjo de Oliveira, que tem sede em Tobias Barreto, e que recebeu no ano passado R$ 230 mil, destinados pelos deputados estaduais Venâncio Fonseca e Mundinho da Comase. A funcionária da associação, Maria Sirlei Araújo dos Reis, informou que apenas fazia a contabilidade da entidade e repassa todos os dados para os dirigentes. 

O representante do Posto, Douglas Diego Lima Costa, confirmou que abastecia os veículos que prestavam serviços à Associação enquanto o representante da Dantas Transporte e Turismo também recebeu verbas da associação para os contratos de locação de veículos.

Apesar dos procuradores relacionarem as atividades das entidades beneficiadas com os parlamentares que fizeram as respectivas indicações, os advogados Fabiano Feitosa e Márcio Conrado, que atuam conjuntamente na defesa dos parlamentes, veem equívocos na condução dos processos. “A associação de Tobias Barreto é presidida pela esposa de Diógenes Almeida, que foi candidato a deputado estadual pela coligação adversária de Venâncio Fonseca e o deputado Venâncio Fonseca também destinou recursos para esta associação. Isso mostra que os recursos são destinados sem interesse político”, ressaltou o advogado Fabiano Feitosa.

Por Cássia Santana