Moradores protestam contra aterro sanitário em Socorro

Fogo impede tráfego na BR (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Um protesto contra a construção do aterro sanitário no município de Nossa Senhora do Socorro provocou grande congestionamento na BR 101. Os manifestantes se concentraram na altura do km 87, atearam fogo em pneus e galhos de árvore e convenceram o Corpo de Bombeiros a se manter inerte até que o prefeito Fábio Henrique se comprometesse a buscar entendimentos com os moradores do povoado Taboca, local onde aconteceu a manifestação.

Do gabinete, na sede da Polícia Rodoviária Federal, o superintendente Nelson Felipe fez contatos diretos com o prefeito Fábio Henrique (que está em férias). O inspetor Fábio Santos, chefe da seção de policiamento, que se concentrou na BR, transmitia as informações e os manifestantes só se dispuseram a por fim à mobilização quando comprovaram o compromisso do prefeito em participar de uma reunião com as lideranças comunitárias.

Desta forma, a autorização chegou ao Corpo de Bombeiros para apagar o fogo e o trânsito foi liberado, duas horas

Até criança participa de manifestação

depois. “Ficamos aqui de prontidão e só agimos quando acabou a negociação, ficando aguardando a ordem superior”, informou o aspirante Queiroz, comandando de socorro do 1º Grupamento de Bombeiro Militar de Aracaju, guarnição que atuou para dissipar o fogo.

A ordem superior partiu do capitão chefe negociador da PM, que, durante todo o tempo, manteve contato com os manifestantes, com o compromisso de só autorizar a ação de combate ao fogo quando houvesse consenso com os manifestantes.

Tensão

Houve momento de tensão quando a guarnição do Corpo de Bombeiros chegou ao local. Os manifestantes correram em direção à viatura e convenceram os bombeiros a se manterem inertes, apesar do fogo dominar toda a pista sentido Aracaju. No sentido oposto, a PRF controlou o tráfego em meia pista, de forma a evitar acidentes já que os manifestantes se deslocavam de um lado para o outro da pista.

Corpo de Bombeiro: ação depois de negociações

As primeiras negociações foram comandadas pelo capitão Marco Carvalho, negociador chefe do Grupo de Gestão de Crises e Conflitos da Polícia Militar. Ele se comprometeu com os manifestantes que o Corpo de Bombeiros somente atuaria quando ocorresse uma negociação plausível e a decisão pelo combate ao fogo seria tomada de forma unificada, entre ele, enquanto chefe negociador, e os manifestantes. “Como se trata de rodovia federal, os entendimentos com o prefeito estão sendo feitos diretamente pelo superintendente da Polícia Rodoviária Federal”, explicou o capitão PM.

No primeiro momento, a proposta seria o prefeito Fábio Henrique receber as lideranças no gabinete na sede da Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, na manhã da próxima quarta-feira, 18. Mas a proposta foi recusada porque os manifestantes não aceitaram ser recebidos na prefeitura. Eles exigiram que o prefeito se deslocasse do gabinete para encontrar com os moradores do povoado Taboca na própria comunidade e, ao final de um segundo contato do superintendente da PRF com o prefeito, o encontro foi selado: acontecerá na noite da quarta-feira no Centro Cultural do povoado.

Capitão Marco: negociação bem sucedida

O presidente da Associação dos Moradores da Taboca, Valtemir Henrique Santana, informou que a mobilização foi articulada pela própria associação e algumas lideranças comunitárias do município de Nossa Senhora do Socorro, que não concordam com a construção do aterro sanitário. “Porque ninguém aceita a ideia de trazer uma lixeira para a nossa comunidade”, justifica o presidente da entidade.

O presidente da associação explica os motivos que levam os moradores a fazer o protesto. “Estamos com orientação jurídica, já procuramos a Adema e outros ambientalistas e estamos preparados para dizer não à construção do depósito de lixo nesta região e hoje nosso objetivo é chamar a atenção, mostrar a nossa inconformação”, pontuou.

Por Cássia Santana