Bebidas ricas em açúcar: pesadelo para nossas crianças e adolescentes

Qualquer um pode zangar-se – isto é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e de maneira certa – isto não é fácil.( Aristóteles-Filósofo Grego )

A obesidade é a maior das ameaças à saúde do século 21,sabemos com toda com toda a certeza de que o processo inflamatório crônico, os hormônios e os mediadores químicos produzidos e liberados pelo tecido adiposo, acumulado em excesso, aumentam o risco de doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares e de diversos tipos de câncer, além disso o que sabemos é que no Brasil, metade da população adulta está acima da faixa de peso saudável, o nosso consolo é de que nos Estados Unidos, esse número ultrapassa 70%: cerca de 30% estão com excesso de peso, 30% são obesos e 10% sofrem de obesidade grave, concluímos portanto de que infelizmente se continuarmos no mesmo ritmo, é provável que nos próximos dez ou 20 anos estejamos na situação deles.

De uma coisa temos absoluta certeza, as bebidas açucaradas são pobres em nutrientes, não induzem saciedade e estão ligadas a maus hábitos, sendo que a característica mais assustadora dessa epidemia é o número crescente de crianças e adolescentes obesos, e com diabetes tipo 2 ( antigamente inexistentes), consequência do acesso ilimitado a alimentos de alta densidade energética e da vida em frente da TV e dos computadores.

O impacto dessa nova realidade será tão abrangente, que a próxima geração provavelmente terá vida mais curta do que a atual, por isso a previsão demográfica é de que os avanços da medicina não conseguirão reverter essa evolução desastrosa de nossos jovens rumo à obesidade, além disso os custos da assistência médica aos portadores das doenças crônicas associadas à obesidade arruinarão as finanças dos sistemas de saúde de países como o nosso.

O consumo de refrigerantes e sucos açucarados é uma das maiores fontes de calorias ingeridas por nossas crianças e adolescentes, salientando de que um levantamento realizado recentemente de que os adolescentes americanos consomem em média 357 calorias diárias dessa fonte, e infelizmente é possível que os nossos não fiquem para trás. Convém frisar que se para cada 9 mil calorias ingeridas em excesso o corpo acumula um quilo de gordura, um exagero de apenas 357 calorias por dia significa um quilo a mais por mês ou 12 kg a cada ano que passa.

Ao contrário dos carboidratos complexos contidos nos alimentos ricos em fibras, como as frutas e as verduras, as bebidas açucaradas são extremamente pobres em nutrientes, não induzem saciedade e estão ligadas a maus hábitos alimentares, como o consumo de “fast food”, doces, biscoitos e salgadinhos empacotados. Recentemente foram concluídos e publicados três estudos sobre a relação entre refrigerantes e obesidade em crianças e adultos. Observou-se que no primeiro, um grupo de uma grande Universidade Americana acompanhou cerca de 33 mil mulheres e homens, que tiveram a predisposição genética avaliada por meio da detecção laboratorial de 32 genes ligados à obesidade, e de forma bastante incisiva os resultados mostraram que quanto maior o número desses genes e maior o consumo de refrigerantes com açúcar, maior o risco de ganhar peso, nesse estudo foi observado de que entre os portadores de 30 genes, o número de obesos foi cinco vezes mais alto do que naqueles sem nenhum dos 32 genes, mas que consumiam o mesmo volume de refrigerantes.

Essa é uma demonstração inequívoca da interação existente entre o patrimônio genético e os fatores ambientais: pessoas predispostas geneticamente são mais suscetíveis aos efeitos adversos das bebidas açucaradas, por isso os nossos órgãos ligados à Saúde devem fazer bastante intervenções destinadas a reduzir o seu consumo, ou seja essas ações devem ser dirigidas principalmente para essa subpopulação.

No segundo estudo, um grupo de uma renomada Universidade Europeia distribuiu refrigerantes com e sem açúcar para 641 crianças de cinco a 12 anos,e no sentido de validar adequadamente essa pesquisa as bebidas vinham sem nenhuma indicação no rótulo que permitisse à criança identificar se continham açúcar ou adoçante artificial; observou-se que depois de 18 meses, os que recebiam os refrigerantes com açúcar pesavam em média 1,02 kg a mais do que os que consumiam as bebidas com adoçante, além disso apresentavam maior relação cintura/altura e maior quantidade de gordura no corpo.

Já no terceiro e último grupo, também conduzido em uma Universidade Americana, 224 adolescentes obesos ou com excesso de peso foram divididos em dois grupos à saber: em um grupo considerado controle os participantes continuaram a tomar a mesma quantidade de refrigerantes que estavam habituados a consumir todos os dias, enquanto os demais praticamente pararam de tomá-los, e de forma bastante significativa após um ano, os adolescentes do grupo-controle pesavam em média 1,9 kg a mais, em relação ao segundo grupo, porém de forma bastante paradoxal passados cerca de dois anos mais tarde, essa diferença havia desaparecido.

Quando avaliados em conjunto, esses três estudos sugerem que as calorias dos refrigerantes não são a única causa, mas contribuem para a disseminação da epidemia de obesidade, no entanto devemos considerar de forma bastante incisiva de que as recomendações do Ministério da Saúde para que crianças e adultos evitem refrigerantes e sucos açucarados e, principalmente, aumentem os níveis de atividade física, devem ser levadas bastante à sério.

Uma Boa Semana com mais afeto e menos açúcar.

Fiquem em CASA, e divirtam-se…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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