O poeta sergipano Santo Souza foi homenageado durante a abertura do ano acadêmico da Academia de Letras de Aracaju (ALA) na tarde desta quinta-feira, 14, no Instituto Hélvio Dória Maciel Silva. Na ocasião, destacou-se o pioneirismo do literário e sua importância durante o decorrer do século XX. A ALA também irá celebrar neste ano o centenário do poeta. Santo Souza faleceu vítima de um câncer de pulmão em 2014.

Um dos palestrantes do evento, o pesquisar Wagner Lemos, destaca a contradição que permeou a vida do poeta: ser reconhecido pela crítica literária no eixo Sul-Sudeste, mas pouco agraciado em sua terra natal, Sergipe. “Talvez ele não tenha tido o reconhecimento devido por ter permanecido num Estado pequeno e ter uma produção de obras baseada em tiragens pequenas”, afirma. Apesar desse contrassenso, Wagner afirma que ele fez a diferença e o legado de sua obra foi capaz de sobreviver ao tempo.

Ainda segundo o pesquisador, os escritos de Santo Souza mesclam a mitologia, metáfora e o caráter social do tempo em que ele estava inserido. Wagner destaca a obra “Pássaro de Pedra e Sono” , publicada em 1964, onde o poeta se manifesta com um caráter social e bastante político, mesmo sendo já conhecido como poeta de imagens mitológicas. “Foi um poeta que se posicionou em momentos decisivos do seu tempo, como no regime militar”, destaca.

No decorrer deste ano, a ALA irá promover uma conferência mensal sobre a obra de Santo Souza. A cada mês um pesquisador será convidado para debater a obra do poeta sergipano. “Muito dos seus seres mitológicos são criaturas que apresentavam um reflexo do seu tempo”, diz Wagner. “Certamente Santo Souza foi um argonauta da nossa geração”, completa.

por João Paulo Schneider e Verlane Estácio