Sergipe tem 120 tartarugas mortas este mês (Foto: Projeto Tamar)

Foram encontradas mortas nas últimas semanas, nas quatro estações do Projeto Tamar em Sergipe – Aracaju, Abaís, Ponta dos Mangues e Pirambu, 120 tartarugas, em sua maioria da espécie Oliva. Acredita-se que a elevação do número tem relação direta com o fim do defeso do camarão, que concedeu de volta a permissão para a pesca de arrasto aos mares.

De acordo com Fábio Lira, biólogo do Tamar, há uma relação direta entre a prática pesqueira e o alto índice de mortandade do réptil. “Assim que acabou o período de resguardo, no dia 16 de janeiro, que aumentou o número de tartarugas mortas e com ovos. Isso quer dizer que estão sadios e em fase reprodutiva, com boa condição corpórea”, comentou.

O defeso do camarão acontece duas vezes por ano. Entre os dias 1º de dezembro a 15 de janeiro e entre 1º de abril a 15 de maio. No último período, foram 45 encontradas mortas. Desde o dia 16 de janeiro, mais 75. 

Hoje, a tartaruga é uma das espécies ameaçadas de extinção, por conta também da alta taxa de mortalidade. A ação humana é quem mais prejudica a preservação, segundo Lira. "Todas as espécies possuem uma importância para o equilíbrio ambiental. Hoje, a tartaruga, na fase adulta, ocupa o topo de cadeira alimentar. A morte delas causa um desequilíbrio grande. A ação antrópica é o principal problema, e a pesca é tida no mundo como a atividade mais impactante para a população de tartarugas marinhas", destacou. 

Existe a estimativa de que a cada mil tartarugas que nascem, apenas uma chegue à vida adulta. Cerca de 600 mil filhotes são liberados ao mar a cada temporada reprodutiva. 

Cenário comum

Há quase um ano, o Portal Infonet noticiou que 108 tartarugas foram mortas em uma semana. Na época, entidades de conservação das espécies, como o Projeto Tamar e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) discutiram o problema com comunidades pesqueiras e proprietários de embarcações. Apesar de reconhecerem que não há a intenção deliberada de matar as tartarugas por parte dos pescadores, nenhuma solução foi viabilizada entre as partes. 

Por Victor Siqueira