Ivan Valença

O Brasil já vai para 20 anos que vive num regime democrático normal, praticamente sem sobressaltos. Neste meio tempo houve uma devassa na vida pública nacional, que culminou com o afastamento de muitos nomes considerados de primeira grandeza. Agora mesmo, o País assiste, incrédulo, a vida econômica secreta de um Senador, Jader Barbalho, não por acaso presidente do Senado. Muita coisa mudou, portanto, em todo esse tempo, exceto o fato de que o político brasileiro ainda não sabe viver sob o guarda-chuva de um partido. Ainda hoje, o partido político não tem representatividade. O político o usa como único meio de se eleger. E se o partido anda fraco, não oferece essa opção de eleição, ele muda de legenda como quem troca de roupa.

PPS – Só assim se pode explicar o anúncio de debandada do PPS de mais de meia dezena de nomes que se elegeram pelo partido. Esses nomes acreditam que o partido hoje não pode dar o suporte que eles precisam. O deputado estadual Nego da Farmácia adiantou-se e já se filiou ao PL, uma legenda pequena onde ele não vai ter muitos concorrentes. Mas no PPS, apesar de tanta estrela, os votos de legenda não garantem a eleição de um candidato. Fabiano Oliveira, por exemplo, teve a expressiva votação de 11 mil votos e mesmo assim amargou uma primeira suplência, o que não aconteceria em outra legenda. Susana Azevedo não se sente confortável no partido justamente porque o PPS não lhe garante uma boa legenda. Longe de prevalecer a ideologia ou o programa do partido, vale o fisiologismo. Até chegarmos ao fatídico 30 de setembro, muitos vão trocar de partidos, não importando se eles têm alguma familiaridade com a nova sigla…