Dieese e comerciantes não acreditam no reajuste do pão

Luis Moura

Apesar do preço da saca de farinha de trigo ter sido reajustada em 12,8% em novembro, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) não acredita que o preço do quilo do pãozinho terá aumento em Sergipe. O economista do Dieese, Luis Moura, explica que o receio de diminuir as vendas irá fazer com que as padarias não repassem o reajuste. Hoje, o preço do quilo do pão francês (ou de sal) varia de R$3,80 a R$4.

“A quebra de safra do trigo argentino ocasionou um aumento de cerca de 10% no seu valor. E como é a matéria-prima provocou crescimento no preço da farinha, mas não creio que as padarias repassem para o consumidor”, diz ele, informando que de acordo com as pesquisas da cesta básica do Dieese o pão não tem aumento desde 2005.

Luis Moura comenta que o sergipano tem o costume de comer outros alimentos em seu café da manhã e da noite, a exemplo do inhame, cuzcuz e aipim e com isso a dona de casa poderá avaliar se deve substituir o pão ou não.

Como opções para os proprietários de padarias, o economista sugere procurar outro fornecedor de farinha de trigo além do argentino, caso o valor continue a subir. E para as donas de casa ele lembra que ainda existe a alternativa de se fazer o pão caseiro.

Padarias

Da mesma forma pensa os proprietários das panificadoras de Aracaju ao não repassarem os aumentos aos clientes e absorverem o impacto, reduzindo a margem de lucro.

O gerente de uma padaria do bairro São José, Alison Mota, comenta que a farinha de trigo teve reajuste, mas que ele não irá aumentar o valor do quilo do pão. “Não remarcamos o valor do pão há cinco anos”, revela.

De acordo com ele esta não é a primeira vez que uma safra causa aumento no valor da farinha. “Seu preço já esteve maior e depois de algum tempo diminuiu. Acredito que vá acontecer o mesmo até se equilibrar novamente”, diz confiante.

Estabilidade

Pesquisa feita pelo Portal Infonet em algumas padarias e supermercados na capital sergipana comprovou que a maioria das padarias está mantendo o preço do pão estável. No entanto, o levantamento aponta reajustes significativos, como no caso de um supermercado, onde o preço do quilo do pão francês passou de R$ 3,20 para R$3,80. Também em uma padaria o aumento ficou em 6% – passando de R$ 3,60 para R$ 3,80.

De acordo com o proprietário de uma padaria localizada na Coroa do Meio, Antônio Silva, a saca de farinha teve uns 13% de aumento, mas mesmo assim ele não pensa em repassar esse acréscimo do custo da matéria-prima para o pãozinho. “Não podemos perder o cliente e para isso diminuímos o lucro, mas não aumentamos o valor do pão”, diz.

Além disso, ele ressalta a concorrência com os supermercados, que não prevêem lucro na venda do pão francês. “Eles oferecem o produto a preço de custo e até abaixo para atrair o consumidor às outras mercadorias da loja. Isto sim, vem prejudicando as padarias”, comenta.

Fornecedor

A Argentina, maior fornecedora de trigo para o Brasil (80% do consumo brasileiro), colheu na safra passada 16 milhões de toneladas e neste ano caiu para 13 milhões. Com a diminuição da safra o valor do produto aumentou.

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