O País está blindado para a crise americana?

Por mais que o presidente Lula e seu Ministro da Fazenda afirmem que o país está blindado contra a crise financeira que se aprofunda nos Estados Unidos, a realidade tem mostrado que seus efeitos já chegaram até aqui. O primeiro sintoma é a escassez de crédito externo, em razão da quebradeira em cadeia da banca americana.

Para atenuar o problema, o Banco Central, esta semana, baixou portaria adiando o recolhimento compulsório das empresas que operam com leasing, reduzindo ainda o compulsório das instituições financeiras sobre depósitos a prazo, poupança e recursos à vista. Essas medidas deixarão os bancos com mais recursos para emprestar. Cerca de 13 bilhões, segundo cálculos do Banco Central.

Contraditoriamente, novas elevações da taxa básica de juros virão por aí, não mais para combater a inflação que parece estar temporariamente sob controle, mas para compensar a valorização (escassez) do dólar que, em setembro, já acumula alta de 12%, e com isso atrair o investidor externo. Muito embora sejam significativas as reservas cambiais acumulados pelo país nos recentes anos de vacas gordas – mais de 200 bilhões de dólares – o fato é que toda essa grana pode ir pro espaço em pouco tempo se os déficits no balanço de pagamentos continuarem crescentes. Este fato vem tirando o sono das autoridades monetárias.

E isto pode se acelerar se o mundo entrar numa recessão prá valer. Daí ser vital para a economia brasileira a manutenção de um fluxo positivo de dólares para compensar o nosso déficit corrente. Mas isto vai ter um preço salgado: os juros altos, aliás, altíssimos.

Por Ivan Valença