“Entre médicos, a tendência às artes é acentuada pela necessidade de aliviar as tensões do cotidiano”.

     A frase é do médico paulista Marcelo de Toledo, já falecido, que escondia atrás do jaleco branco uma alma artística das mais sensíveis. Além de poeta, Marcelo escreveu contos, crônicas e também se revelou um fotógrafo de peculiar senso estético. Ele é um exemplo, dentre tantos, de médicos que revelam uma sensibilidade tocante ao rimar suas tragédias cotidianas ou amorosas, com expressões artísticas, expondo por vezes seu ambiente de trabalho com emoção.

    Por ser uma profissão que lida com o que há de mais sagrado, que é a vida, os sentimentos e as relações entre as pessoas, sentimentos colhidos por uma anamnese cuidadosa que revela muitas vezes conflitos e tensões do dia-a-dia, há uma necessidade intrínseca e uma tendência natural por essas incursões.

     Não são poucos os que se dedicaram, e os que ainda hoje se dedicam, por opção, à música, pintura, escultura,  literatura, entre outras manifestações artísticas. Nomes de prestígio nacional como Pedro Nava, Jorge de Lima, Carlos Lacaz, Moacyr Scliar, Álvaro Souza e em Sergipe, Garcia Moreno, Airton Teles, Antonio Garcia, Augusto Leite, Dr. Carrera, Marcos Prado, José Abud, Eduardo Garcia, Sálvio Paiva, Marcelo Ribeiro, Emanoel Zacarias, Gilmário Macedo, Luiz Carlos Andrade, Antonio Samarone, Marcos Almeida, José Carlos Santana, João Lima, José Augusto Bezerra, Rômulo de Oliveira Silva, Fedro Portugal, Arlinda Costa, Marcos Almeida, Déborah Pimentel, João Alberto Silveira, Sérgio Lopes, Petrônio Andrade Gomes, Anselmo Mariano, Gildo Simões, Natanael Dórea, Paulo Leal, William Soares, Cesar Faro, Marcos Ramos, Stela Santana, Gilmário Macedo, Henrique Batista, Augusto Esmeraldo, André Monteiro, só para citar esses, são exemplos de médicos do passado e do presente com atuação literária, artística ou musical.
       Analisando a estrutura da Academia Sergipana de Letras, na galeria dos Patronos, por exemplo, observamos as presenças dos médicos Felisbello Freire (1858-1916), Ascendino Reis (1852-1926), Maximiniano Maciel (1855-1923), Antonio Dias de Barros (1871-1928), José Lourenço de Magalhães (1831-1905), Guilherme Pereira Rabelo (1858-1928). Como fundadores, Ranulfo Hora Prata (1896-….), Helvécio Ferreira de Andrade (1864-1940) e Augusto César Leite (1886-1978). Foram acadêmicos Antonio Garcia Filho (1916-1999), Renato Mazze Lucas (1919-1985), José Maria Rodrigues Santos (1929-1997), João Batista Perez Garcia Moreno (1910-1976), Walter Cardoso (1911-2001) e João Gilvan Rocha. Atualmente ocupam assento no sodalício os médicos Eduardo Garcia, José Abud, Marcelo Ribeiro e Marcos Almeida. Não é estranho pois,  que haja entre os médicos, um grande número de excelentes escritores, poetas e músicos, resultado do esplêndido conhecimento da natureza humana, do requinte estético e da largueza do espectro.
       Que os leitores não julguem esse artigo pela escassez dos fatos e citações nela ardorosamente jungidos, mas sim, levem em consideração o cândido desejo de prestar uma homenagem à ínclita SOBRAMES- Sergipe, fundada em maio de 2000 pelo mano Marcos Prado Dias e mais seis colaboradores e que agora ressurge radiante com a realização de eleições para escolher a diretoria que comandará a entidade no  próximo biênio.
       Evoquei essas reminiscências também para convidar os colegas médicos já inscritos na Sobrames ao longo desses 14 anos e a todos que tenham o interesse de participar da nossa confraria, para comparecer à assembleia que vai ocorrer no auditório da Somese, a partir das 18 horas, do dia 26 de maio próximo. Quem quiser fazer logo a sua inscrição pode acessar o site da Academia Sergipana de Medicina (www.infonet.com.br/asm) e no link “Sobrames” preencher os dados requeridos e enviar eletronicamente.
        Teremos o prazer e a honra de receber nesta assembleia do dia 26, nesta segunda-feira, o presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES, o médico Sérgio Pitaki, ortopedista, escritor, poeta, desbravador, visionário e combatente das grandes causas, que vem da longínqua Curitiba especialmente para prestigiar o nosso evento.

         Vida longa, pois, para a nossa SOBRAMES.