Ressaca: ondas e ventos fortes no litoral de Sergipe

(Foto: Arquivo Portal Infonet)

O litoral de Sergipe vem sendo surpreendido pela ação de ondas e ventos fortes, principalmente na região da praia do Abaís, em Estância.  Nos últimos finais de semana, mais precisamente nos dias 7 e 8 de setembro, ondas fortes destruíram parte da orla e algumas construções no litoral sul do Estado.

O oceanógrafo do laboratório Georioemar, da Universidade Federal de Sergipe, Jonas Ricardo, explica que o fenômeno acontece por conta de questões relacionadas à situação climática do período, aliado a lua cheia, além da maré alta. Jonas Ricardo ressalta que tinha uma frente fria junto ao litoral, que trouxe ventos fortes do quadrante SE, e chegaram a ventos de até 50km/h.

Em função disso foi registrado um fenômeno chamado efeito de Coriolis, quando a água é defletida da direção do vento de aproximadamente 45o na superfície em virtude da força de Coriolis (devida a rotação da Terra, sendo no hemisfério sul para a esquerda). “Assim os ventos fortes que incidem do quadrante SE, empilham as águas no litoral leste do Brasil. Associado a este fenômeno tivemos as ondas de grande magnitude, também produzidas pelos ventos fortes em alto mar”, ressalta.

Ele ainda detalha que em conjunto com esses dois fenômenos, também aconteceu a lua cheia, ou melhor, a denominada super lua, que é quando a lua mais se aproxima da terra. “Como a proximidade da lua influencia na variação da maré, esta aproximação ocasionou em um nível de maré prevista de 2.5 metros (maré prevista e não observada). Esta maré prevista, juntamente com o empilhamento das águas da maré pode ter chegado a três metros na madrugada de domingo para segunda (7 e 8 de setembro)", observa.

Degradação ambiental – Os fenômenos naturais – ondas fortes, maré alta, empilhamento das águas no litoral – deveriam acontecer sem nenhum estrago material e rastro de destruição, se o homem não tivesse intervido no ambiente de dunas da região.

Nos lugares das dunas costeiras se constroem casas, restaurantes, destruindo as dunas frontais que serviriam de barreiras naturais para estes fenômenos. “As dunas frontais servem como uma barreira física nestas situações, pois é lá que os ventos juntamente com a vegetação das dunas vão se acumulando/depositando as areias que serão utilizadas nestes momentos”, explica.

Jonas Ricardo compara e diz que as dunas seriam como um depósito de areia feito durante o ano, e quando é preciso, o mar consome essas dunas em vez dos bares e obras localizados em cima das dunas.

Para ele, o fato de colocar/jogar pedras é apenas uma mitigação momentânea, pois além de deixar a praia feia e promover um risco aos usuários da praia, não garante que na próxima ressaca elas serão úteis.

Jonas Ricardo acredita que a melhor solução, como já observadas em diversos locais do Brasil e em outros países, é a conscientização ambiental, que mostra a importância do ecossistema costeiro, fazendo com que os nativos e turistas conheçam a partir daí, preserve. “A gente só preserva quando conhece”, diz.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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