Essencial amada, Sou agora azul intenso, deixo-me livre a rebentar por vós Onde estais agora, que não me vêm acariciar as mãos E beijar a face pálida desta folha sedenta de vós? Estais no vento? Em qual plaga do tempo estais? Sempre menina a brincar comigo. Sempre serelepe, escondendo-se nas flores, no mar, na janela aberta para o mundo, nos olhos de uma criança brilhantes em sonhos, no silêncio caótico do poeta, nos discursos inflamados e declarações de amor… Sois a essência que me toma sempre que me lembro humano. Sois nuvens de pensamentos, Sois a ousadia, a coragem, a alegria e a tristeza cristalizadas. Vinde até mim, ó palavras, trazei-me a liberdade tão sonhada. Vinde até mim, ó palavras, revestidas de símbolos, sonhos e poesia. Entrai por minha janela feito pássaro encantado e tomai minhas mãos em tuas mãos, conduzindo-me a vida por entre alamedas de poesia tão esperada. Vinde com sua candura quase intocada, trazer-me o sonho, o gozo e as asas. Gigantes sois em força e por isso devem ser ditas, propaladas aos quatro cantos ao sabor dos ventos, saciando a sede até mesmo de folhas com sentidos e versos. Soprai o mundo de coisas em vós, pois sois que constroem, destroem e mobilizam o mundo e o homem, sois rocha e ferro figurados, Sois também rosa do lácio que de inculta e bela transforma, estado de graça que me consome e humaniza. Onde estais agora que não chega? Quero um beijo vosso para dormir gostoso em rede perene de sentidos, embalado em ritmo. Espero-vos como quem espera uma mãe que já se foi, um amor que partiu e ainda não voltou. Espero-vos com um sorriso íntimo, ansioso por ser liberto tão logo a tenha amada e magnífica nas mãos.