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Pais denunciam problema em EMEI da Coroa do Meio (Fotos: Portal Infonet) |
Pais e responsáveis de alunos matriculados na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Professor Nunes Mendonça, localizada no bairro Coroa do Meio, denunciam irregularidades no funcionamento da unidade. Entre os problemas relatados pelos pais, alimentos dentro do prazo de validade têm sido jogados fora e as crianças são constantemente enviadas de volta às suas casas por insuficiência de pessoal.
De acordo com uma mãe que preferiu não se identificar, um problema na bomba hidráulica da Escola fez com que as aulas fossem suspensas mais de uma vez. “Eles mandaram as crianças de volta para casa por que não tinha água. Disseram que só aparando a água da chuva para ter jeito. E isso não é a primeira vez. Quando falta algum funcionário ou existe algum problema pessoal, eles param as atividades”, afirma.
Ana Maria de Jesus, que mora em frente à EMEI e diariamente deixa seu neto aos cuidados da creche, relata que o problema da entidade diz respeito ao número de cuidadores. “É uma pessoa para dar conta de 15 crianças. Eu sou avó e sei que é difícil cuidar de um só, imagina de 15?”, questiona. Apesar de relatar a deficiência, Ana Maria reconhece o trabalho da Escola. “Eles fazem o que podem, por que o número de funcionários é pouco. Mas fora isso, não tenho do que reclamar”, diz.
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Pais reclamam de impossibilidade de verem seus filhos dentro da unidade |
Integrante do Conselho Escolar da Nunes Mendonça, Vilma Maria Freire explica ter sido testemunha do descarte de alimentos válidos. “Eles jogam biscoito, óleo, achocolatado, frutas… Tudo ainda válido. E com tanta comida, as crianças ainda chegam em casa com fome. Meu neto chegou semana passada com tanta fome que comeu dois iogurtes e um pacote de biscoitos sozinho”, conta.
Segundo Vilma, outro alvo de insatisfação é o fato de que a diretoria não permite a entrada de responsáveis na entidade. Os pais têm permissão para buscar as crianças apenas do lado de fora do prédio. A falta de higiene íntima com as crianças é mais um problema relatado pela conselheira.
“As crianças chegam em casa com resíduos de excremento nas cuecas e calcinhas. Um dia um pai foi reclamar, e eles disseram que ele deveria enviar uma roupa íntima da filha para ser trocada. Ele respondeu que não faria isso, por que a escola já estava devendo 13 calcinhas que foram e não voltaram”, informa.
Mobilização
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Vilma Maria: denúncia ao MP |
Diante das reclamações, o Conselho Escolar organizou um abaixo-assinado solicitando a destituição da coordenação. 118 assinaturas foram reunidas. Durante reunião do Conselho com a direção da EMEI na última quinta-feira, 22, pais e responsáveis organizaram uma manifestação em frente à Escola para cobrar providências. Na oportunidade, Vilma Freire dirigiu-se à sede da Secretaria Municipal de Educação (Semed) para apresentar o documento.
“Fui até a assessoria jurídica e mostrei o abaixo-assinado. Eles me garantiram que iriam resolver a situação em dois dias. Se isso não acontecer, iremos até o Ministério Público do Estado na segunda-feira [26]”, alerta.
Coordenação
Procurada pela reportagem, a coordenadora pedagógica da Escola Professor Nunes Mendonça, Magna Conceição Santana, rebateu as acusações dizendo existir uma perseguição do Conselho em relação à gestão. “Como nós fixamos normas internas, os pais ficaram descontentes por que nós não permitimos que eles conduzam as atividades como querem aqui dentro”, expõe.
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Magna Santana: perseguição do Conselho |
A coordenadora afirma que a resolução que suspende a entrada de pais desacompanhados se baseia no princípio da igualdade. “Eu não posso deixar que um pai, só por que é membro do conselho, entre para ver seu filho. Ou entram todos ou não entra ninguém. E nós cobramos a identificação por questão se segurança, para que nenhum problema aconteça”, diz.
Magna desmente as acusações relativas ao descarte de alimentos e higiene íntima das crianças. “Nós temos o acompanhamento de nutricionistas, que fiscalizam o preparo e a dieta. O que tínhamos, de fato, é uma insuficiência de merendeiras. Mas essa demanda já foi sanada. Nós jamais permitiríamos que alimentos bons para o consumo fossem para o lixo”, defende.
“Sobre a higiene das crianças, nós nunca recebemos reclamações do tipo. Pelo contrário, é constante que as crianças estejam indo embora e as mães, percebendo que elas defecaram, voltem para que as cuidadeiras lhes dêem banho”, completa.
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Mato que cresce no interior da Escola será retirado, diz coordenação |
A pedagoga confirma a denúncia sobre a insuficiência de funcionários. A EMEI atualmente é responsável por 71 crianças na creche, e 200 na pré-escola. “Mesmo com o concurso público, existem desistências e burocracia. Por isso, o número de cuidadores é limitado. Mesmo assim, contamos com a boa vontade e a colaboração do pessoal da limpeza para cuidar das crianças quando tem alguma falta. Tudo para evitar ao máximo que fechemos as portas”, alega.
A representante finaliza afirmando que um recurso disponibilizado pela Prefeitura chegou recentemente às mãos da coordenação. A verba deverá ser empregada na adequação estrutural do prédio. Entre os serviços requisitados, Magna ressalta a necessidade de capinagem e limpeza, em virtude da proximidade de um terreno baldio em relação à Escola.
Por Nayara Arêdes e Aldaci de Souza