Sindicato denuncia perseguição de professores em Aracaju

Sindipema realizou ato na Praça Fausto Cardoso (Fotos: Portal Infonet)

O Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município de Aracaju (Sindipema) esteve na praça Fausto Cardoso nesta sexta-feira, 20, para denunciar os casos de perseguição à professores pela atual gestão da Secretaria Municipal de Educação (SEMED). Segundo o sindicato, dois professores já foram punidos por não adotarem o material didático que integra o Programa Alfa&Beto e um novo profissional pode ser penalizado na próxima semana. 

Para a presidente do Sindipema, Maria Magna Araújo, a prefeitura adotou o programa de forma indevida. “O Ministério de Educação (MEC) envia livros para as escolas a partir do diálogo dos professores, da escola e comunidade. Esta entrega foi realizada no ano passado e os livros têm uma validade de três anos. Com a adoção do Alfa&Beto – programa de uma empresa privada – os professores foram obrigados a seguir a nova metodologia a partir do mês de abril. Só para frisar, os livros deste programa não foram avaliados pelo MEC”, diz.

Maria Magna, presidente do Sindicato

Roseane Melo, professora de Artes

Pedro Rocha, diretor assessor de comunicação da Semed (Foto: Arquivo / Portal Infonet)

A presidente relata também que o motivo da recusa dos professores começa com tal problemática. “Além do mais, os livros do programa Alfa&Beto tem referências e frases racistas e preconceituosas. As professoras se recusam, principalmente por esses dois fatores”, adiciona.

“Os dois professores foram indiciados com punição de 30 dias. Elas entraram na justiça comum e receberam uma liminar que garantiram a volta deles para a sala de aula. Agora o processo é contra a professora Edileide Maria Barrozo dos Santos, que está sendo ameaçada de expulsão. Segunda-feira, dia 23, acontecerá uma audiência inquérito sobre o caso de Edileide, na Semed. Também acionamos Ministério Público e estamos esperando a audiência pública”, afirma Maria Magna.

A professora de Artes, Roseane Melo, conta que os professores também estão indignados com o fim da gestão democrática nas escolas. “A escolha dos novos diretores nas escolas agora é feita por indicação da Semed, isso é um retrocesso. Tal indicação acontecia há 10 anos atrás. Agora eles vão indicar também os cargos de coordenadoria e secretarias”, comenta.

Semed

O diretor assessor de comunicação da Semed, Pedro Rocha, alega que diálogos foram feitos com o intuito de convencer as professoras, mas elas foram irredutíveis. “Se você é ordenado a trabalhar com um método e você se recusa e faz de qualquer jeito, o que acontece? A resposta mais considerada neste questionamento é a demissão”, admite.

Ele aborda que no universo de 1726 professores, apenas dois não querem aplicar o determinado programa. “Racistas são eles, que estão querendo criar um apartheid social em Sergipe. Eles querem misturar política e educação”, argumenta Pedro Rocha, explicando que o livro não tem conteúdo racista. “Em nenhum momento o livro retrata acerca da cor, raça e etnia”.

Sobre a gestão democrática, Pedro Rocha é enfático em afirmar que tal modelo está fracassado. “A gestão democrática não deu certo. Deram autonomia aos professores para fazer o que quisessem. Com o novo programa, o professor será autônomo, mas terá diretriz. Eles querem que os filhos de pobre fiquem analfabetos. Queremos que nossas crianças sejam alfabetizadas aos 6 anos e não como está hoje. Isso é inegociável para o nosso projeto de governo”, finaliza.

Polêmica

Vale ressaltar que o Ministério Público da Bahia expediu em maio deste ano, uma suspensão para que a prefeitura de Salvador rescindisse o contrato e suspendesse imediaramente a utilização do programa Alfa&Beto nas escolas administradas pela prefeitura de Salvador. Na ocasião, o programa foi acusado de ser custoso para a prefeitura, já que os livros enviados pelo MEC são gratuitos, e de ser um programa racista.

Por Geilson Gomes e Verlane Estácio

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