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(Foto: Ascom Unit) |
A Editora Universitária Tiradentes (Edunit) promove o lançamento de três livros neste mês de agosto. Voltados para as áreas de cinema e jornalismo, as obras serão lançadas no próximo dia 15, a partir das 18 horas, no Campus Aracaju Farolândia da Universidade Tiradentes – Unit. O evento contará com a participação do presidente da Associação Brasileira de Editoras Universitárias – Abeu – João Canossa, e da diretora-secretária, Flávia Goulart Garcia Rosa.
“A Edunit configura-se como uma editora universitária em Sergipe que já está filiada à Abeu. É um espaço para disponibilizar informações científicas, produzir conhecimentos por intermédio do suporte impresso e online, socializando a utilização da tecnologia disponível. A Edunit busca ampliar a oferta de oportunidades de publicizar e melhorar a qualidade da educação, incluindo as modalidades de educação continuada e educação a distância, em conformidade com a função social do conhecimento. É um momento que marca não apenas a história da Unit, mas, também, a história da publicação científica no Estado”, afirma a diretora da Edunit, Cristiane Porto.
Cada obra será lançada com tiragem inicial de 500 exemplares. No livro “Mazzaropi em: um pícaro na pátria de Jeje de Exu”, a autora Jesana Batista Pereira, doutora em Antropologia pela UFPE, busca mostrar que o cinema de Amácio Mazzaropi (1912-1981) revela valores e dinâmicas próprias de nossa cultura, mais especificamente o seu Jeca. “Esse personagem pode ser visto como manifestação de uma das figuras do imaginário tributário da cultura cômica popular da Idade Média, ou seja, um pícaro”, afirma Jesana.
A obra evidencia o Jeca de Mazzaropi, não importando em quais personagens ele se incorpora – O Grande Xerife; Betão Ronca Ferro; Chofer de Praça; O Noivo da Girafa; O Vendedor de Linguiça; O Lamparina; Um Pistola para D’jeca; Zé do Periquito; Candinho; Pedro Malazartes; O Jeca Macumbeiro; Um Caipira em Bariloche; Fuzileiro do Amor; Chico Fumaça; Jeca Tatu; O Puritano da Rua Augusta; O Corintiano; Jecão…Um Fofoqueiro no Céu – todos podem ser vistos como personagens que se prestam a ser lidos como parte da galeria dos pícaros que povoaram a literatura, bem como o cinema.
O segundo livro que será lançado pela Edunit, “Letras projetadas sobre fundo em movimento: palavras que dizem cinema”. Foi organizado por Jesana Batista, Juliana Michaello Dias, Pedro Simonard e Walcler Mendes Junior. A obra traz uma reflexão sobre o cinema enquanto instância que constitui objetos ao mesmo tempo em que incentiva ações políticas, que buscam discutir questões relativas à inserção de sujeitos e grupos periféricos em risco frente às demandas da sociedade moderna.
“É o cinema como produtor e divulgador de signos, que interage com o público cinéfilo, mas também com os grupos sociais pertinentes aos temas abordados, criando uma vontade de ação e de mudança disseminada entre extratos e classes sociais diferentes, porém, afinadas em opiniões e engajamento que propõe compromisso com a ética e a estética da reinvenção e da justiça social”, é o que afirma um dos organizadores Walcler Mendes Junior.
O perfil metodológico proposto pelos organizadores privilegia a leitura do cinema como evocação sugestiva das imagens, predominando, na maioria dos artigos da coletânea, a conexão entre o método crítico desconstrutor e a análise que aparece nos ensaios. Muitos deles flagram a potência do cinema enquanto catalisador interdisciplinar e constituinte de operações radicais de simultaneidades, enfim, os autores procuram ler o aparato técnico do cinema radicalmente comprometido com a ética e a estética do imaginário contemporâneo.
Arquivo de brasilidade
O jornalista e doutor em Linguística, Letras, Estudos Gerais e Ciências Humanas pela Universidade Federal de São Carlos – Ufscar –, Pedro Varoni, é quem assina o livro “Revista piauí: um acontecimento no arquivo de brasilidade”. Varoni analisa as 12 primeiras edições do periódico caracterizado por textos longos e com poucas fotos – o oposto da tendência contemporânea. “piauí atualiza o jornalismo literário e dialoga com experiência da imprensa alternativa brasileira nos anos da ditadura, sobretudo O Pasquim”, diz Varoni.
Fundamentada na análise do discurso de vertente francesa, um ramo da linguística, a pesquisa procura ir além das discussões específicas do jornalismo. “A ordem dos discursos é o próprio movimento da história, como nos ensina Michel Foucault. O conceito de arquivo, trabalhado pelo filósofo, procura pensar como os enunciados materializam a relação entre a história e a linguagem. O surgimento da Piauí, aparece assim, como sintoma tanto das transformações do País nas últimas décadas quanto do reencontro com uma memória que fala ao presente: aquela da contracultura e dos movimentos libertários dos anos 1960”, explica o autor.
“Revista Piauí: um acontecimento no arquivo de brasilidade” procura ajudar o leitor a entender a complexidade do tempo presente em que o culto às aparências e à frivolidade convive com lutas micropolíticas de emancipação das subjetividades. O pano de fundo é o Brasil das últimas décadas. Leitura indicada tanto para os que querem se aprofundar na história do jornalismo, quanto para quem busca o entendimento da experiência de viver num espaço territorial e simbólico chamado Brasil.
Fonte: Ascom Unit