Estudantes confirmam que dupla armada invadiu escola

Escola teve computadores roubados na madrugada de sexta-feira, 22 (Fotos: Portal Infonet)

Para os estudantes do Colégio Estadual Monsenhor Olímpio Campos, localizado em Itabaianinha, a 118km da capital, é inevitável não fazer uma alusão dos momentos de pânico que eles viveram na tarde desta quarta-feira, 27, com o que ficou conhecido, há alguns meses, como ‘Massacre de Realengo’, no Rio de Janeiro.

No início da segunda aula do turno da tarde, por volta das 14h30, a unidade de ensino foi surpreendida pela invasão de dois jovens armados – um com revólver e outro com um facão. Eles haviam pulado o muro e ainda estavam sem aparentar qualquer atitude mais ameaçadora quando foram abordados pela coordenadora da escola, pedindo que eles deixassem o espaço.

No mesmo momento, ambos mostraram as armas que carregavam. Através de um buraco na parede de uma das salas os estudantes viram a atitude da dupla e, assustados, saíram em disparada pelos corredores, acreditando que poderiam ser vítimas da ação criminosa.

Apesar do que ocorreu, os portões estavam sem cadeado. Não havia ninguém na escola

Com o susto a coordenadora – que terá a identidade preservada – desmaiou. Mas não só ela. Duas estudantes do Ensino Médio que estavam na escola naquele momento relataram ao Portal Infonet que outras colegas também desmaiaram, tamanho foi o susto. A polícia foi chamada por populares e, se não tivessem chegado a tempo, provavelmente o desfecho do caso seria mais trágico. Uma mãe revelou ter ouvido pelo menos um tiro. Apesar disso, os dois suspeitos conseguiram fugir pelo mesmo local por onde entraram.

A adolescente C.C.S.C., 17, relata que ela e os colegas perceberam o tumulto, apesar de a sala ser mais afastada, e todos pensaram se tratar de uma briga. Quando os mais curiosos foram comprovar a suspeita, voltaram correndo de imediato, avisando que havia um homem armado no pátio da escola. “A professora nos trancou e pediu que todos se abaixassem. Uma colega desmaiou e a maioria começou a chorar; todos apavorados. Ouvimos o barulho dos outros estudantes correndo e, com medo, também saímos. A polícia chegou logo depois, mas eles ainda ficaram por algum tempo por lá”, lembra.

Segundo ela esta é a terceira vez em apenas uma semana que a escola é invadida. A última ocorreu na madrugada de sexta-feira, 22, quando alguns computadores foram roubados e o porteiro do colégio foi feito refém. “Fiquei muito nervosa. Estamos com medo que eles voltem mais uma vez. Não temos segurança nenhuma. Não sei se estaremos confortáveis para voltar às aulas nos próximos dias”, diz a adolescente.

Outra estudantes da mesma idade, mas identificada sob as iniciais de E.K.O.S. afirma ter ouvido o momento em que o homem que estava com o revólver ameaçou a diretora. “Ele disse que não havia mais nada para roubar, então iria matar a diretora e os alunos. Foi aí que a coordenadora desmaiou”, narra a menina, que disse ter visto toda a ação. “Então começou a correria, todos saíram gritando. A polícia chegou e ouvimos um tiro. Só consegui pensar no pior. A escola é bem insegura e todos os dias ficamos sabendo que houve assaltos e roubos. Só na semana passada entraram na escola três vezes”, assevera a jovem.

A equipe do Portal Infonet esteve na casa da diretora da escola. Abalada, ela não quis conceder entrevista e pediu para que não tivesse o nome divulgado. As aulas na escola estão suspensas por tempo indeterminado.

Insegurança é comum

A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino do Estado de Sergipe (Sintese) do Sul do Estado, Ivônia Aparecida, acompanhada da deputada estadual Ana Lúcia (PT), esteve com a coordenadora e a diretora. Aparecida revelou que a situação de insegurança nas escolas é algo comum naquela região. Ela confirmou o relato das estudantes e disse ter sido informada do caso por telefone através de uma professora do colégio.

“A situação é de total abandono e de insegurança. A prova veio hoje e não é a segunda vez. Felizmente ninguém ficou ferido. Mas não há um vigilante lá, apenas um porteiro, que faz tudo. Eles entraram pelo fundo da escola, onde há um matagal. Esperamos que as providências venham o mais rápido possível, não só aqui, mas em outros lugares. Em Estância temos mais três escolas na mesma situação e que também já foram invadidas”, acrescenta Ivônia.

Ela informa que na próxima terça-feira, 2 de agosto, estudantes de vários municípios daquela região virão à capital para participar de uma audiência com o secretário de Estado da Educação Belivaldo Chagas, a fim de solicitar providências do governo. “As escolas estão em péssimas condições. Muitas no escuro, porque roubam os fios da rede elétrica. Tudo o que ouvimos nesses sete anos foram promessas”, desabafa a sindicalista.

Polícia

A polícia de Itabaianinha ainda não tem pistas do paradeiro dos dois suspeitos, mas informa que as buscas continuam. A equipe de reportagem esteve na cidade e a delegacia estava fechada. Na 3º Companhia do 6º Batalhão da Polícia Militar sediada no Município havia três policiais. Um deles apenas pediu que o repórter checasse uma matéria publicada no site oficial da Polícia Militar para obter as informações do ocorrido.

No texto, a assessoria de comunicação da PM informou que delegada Gisele Martins negou que houve invasão ou tentativa, contrariando o relato de todas as pessoas ouvidas pela reportagem. Ela alegou, ainda, não ter a confirmação da identidade dos suspeitos e nem mesmo informações se eles são adolescentes ou adultos. A delegada não foi encontrada para falar sobre o assunto.

Por Diógenes de Souza

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