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Se for eleito, o escritor será o primeiro brasileiro a ter o prêmio Nobel de Literatura. (Fotos: Portal Infonet)
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“Eu leio sete livros de uma vez só, me cansa ler a mesma história por mais de uma hora”. Quem lê essa afirmação imagina que o aposentado de 88 anos tem uma história de longos anos com a literatura. O escritor sergipano Edson Almeida Valadares só começou a escrever aos 62 anos, após se aposentar.
Autor do livro “Memórias do Sertão” que foi escrito apenas com lembranças que ele tem dos primeiros 10 anos de vida no interior sergipano, o escritor lançou também o livro de poesias ‘Versos no Espelho’ obra dividida em três volumes com poemas escritos em várias partes do Brasil como Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe e até da Europa. Hoje a obra total do escritor é composta por 11 volumes, contabilizando três mil páginas.
O contador aposentado, que já trabalhou em grandes empresas nacionais explica que nunca deixou de escrever mesmo com a profissão mais voltada para os números. “Como contador e auditor escrevi mais de mil relatórios que eram muito elogiados pelos colegas de trabalho”, explica.
Quando criança o escritor se arriscou em alguns versos, mas o sonho infantil foi deixado de lado por muito tempo. Apesar disso, a ideia de escrever poesias só voltou anos mais tarde, na cidade de Ilhéus, Bahia. Depois disso, não parou mais. “Fui escrevendo contos e novos contos que eram elogiados por professores na Bahia. Meus contos são reais, não escrevo ficção, tenho pavor de ficção”, argumenta.
Prêmio Nobel
No início deste ano, o escritor resolveu realizar mais um sonho. Para isso, escreveu uma carta-proposta à Academia Sueca de Letras com o propósito de concorrer ao tão conhecido e desejado prêmio Nobel de Literatura. O resultado sai em outubro e se ganhar, ele será o primeiro brasileiro a receber tamanha homenagem.
Este ano ele está concorrendo nas categorias contista e poeta, mas se não conseguir o prêmio no próximo ano ele vai concorrer em mais categorias. “No próximo ano vou concorrer com 11 livros de nove gêneros literários diferentes, ninguém nunca fez isso”, afirma.
A obra do escritor é elogiada em vários lugares, principalmente no Rio de Janeiro e na Bahia. Nas palavras de Álvaro de Melo Veiga da Academia de Letras de Jequié na Bahia “o aspecto formal de sua poesia foge das raias dominantes, impositivas, parnásticas, que, por vezes, cingem o estro; não se prendem rigorosamente à metrificação, preferindo deixar o pensamento fluir em liberdade, prevalecendo-se de certas rupturas poéticas que floresceram no Romantismo para desaguar no Modernismo”.
Inspiração
A inspiração que tantos poetas tentam definir surgem para Edson Valadares de forma espontânea, até mesmo em sonhos. “Faço uma poesia em cinco ou 10 minutos, não faço revisão, escrevo direto. Às vezes me acordo de madrugada, vem um tema na cabeça, vem os versos, me levanto correndo e escrevo. Depois é um alívio, como se minha alma saísse de mim”, explica.
Abaixo trecho de uma poesia escrita em homenagem à cidade natal Simão Dias:
Simão Dias! Joia incrustada no sertão
do pequenino estado de Sergipe.
Simão Dias! Querido berço onde nasci.
Muitos anos se passaram, mas
jamais de ti me esqueci.
Do Rio de Janeiro, onde muitos anos vivi,
de ti a saudade me entristecia,
pois no teu seio minha doce
infância alegre e feliz acontecia…
Por Allana Andrade