Ponte do Imperador, símbolo da cidade

Idos de 1860, o imperador D.Pedro II aportou na ponte, construída para a recepção da comitiva real em visita às plagas sergipanas. Porém, mais que um simples desembarcadouro da realeza, o monumento sobreviveu relicário de lembranças, pórtico de nossa história e reverenciada musa de poetas e escritores. É o cartão mais retratado de Aracaju, palco histórico de grandes encontros cívicos, religiosos e festivos. A antiga rua de Aurora, hoje Avenida Rio Branco, a popular Rua da Frente é a enseada anfitriã da Ponte do imperador, vigilante da fronteira ribeirinha da capital. E é assim que a ponte ultrapassa seus próprios limites como uma escada infinita que nos leva ao passado, ao presente e ao futuro de Aracaju. O passado da Ponte do Imperador vitrifica cenas que jamais serão varridas da história, testemunhas incontestes de sua importância. Foi da ponte que, em 1922, o povo viu, pela primeira vez, a amerissagem de quatro hidroaviões no rio, as aeronaves quedando aviadores, recepcionados como heróis de uma epopéia imorredoura, para sempre marcada na passarela da construção. No ano de 1937, na semana da Marinha, os navios varredores (da base naval de Aratu) Abrolhos, Atalaia e Araçatuba atracaram em Aracaju. O público delirou com a visitação, abrigado na Ponte, observando as atrações. Neste mesmo ano aconteceu a primeira travessia do Rio Sergipe. O povo debruçado na ponte, as moçoilas solteiras suspirando pelos musculosos e bonitos remadores das regatas. A Ponte do Imperador tornou-se, também, observatório da fé, na procissão de Bom Jesus dos Navegantes. Dali a imagem santa saía para percorrer as águas mansas do Rio Sergipe. Em tempos atuais o cenário foi palco de grande aglomeração popular no grito político das eleições diretas já”. A Ponte do Imperador, formada de concretos, amores abstratos, poesias e sentimentos reais, resguarda a memória dos lampiões que a iluminavam, dividindo com a lua, o brilho das noites boêmias, dos violões seresteiros. Resguarda embarques e desembarques, acenos de lenços, lágrimas e risos das vestes engomadas e dos cavalheirescos chapéus Panamá. Assim, firmou-se na geografia arquitetônica da paisagem de Aracaju, e, mesmo remodelada, conservou imutáveis suas características de eterno símbolo da cidade. Fotografada para sempre na lente da eternidade, a ponte embalou a brisa que soprava a batina surrada do Padre Pedro, o santo homem que aparecia para abençoar os desvalidos da sorte. A Ponte do Imperador tornou-se eterno trampolim dos profundos mergulhos de Zé Peixe. Forte e feminina, igual às braçadas e o corpo da musa do rio, a bela Rita Peixe. E a ponte atravessa o progresso, resistindo às agressões ao meio-ambiente, lado a lado com o tempo, acompanhando o ritual de saudades dos meninos mergulhões, que ainda salitam do seu seio para as águas impuras do Rio Sergipe. A ponte é um ponto cheio de reticências, ato contínuo da história da cidade, porque Aracaju começa na Ponte do Imperador. Sabes, minha Ponte do Imperador, comentam por aí que não é moderninho dizer “eu te amo”, mas eu sou sergipano, brasileiro e te amo mesmo. E acho que antiquado é negar o amor que sinto por ti. És a Ponte, o ponto, a fronte, a frente. És Aracaju! Autor: Moreno / José Sérgio dos Santos 6º colocada no 2º Concurso de Crônicas sobre a cidade de Aracaju

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