“Comemoração do São João era mais intimista”, diz pesquisador

Ruas fechadas, arraiais improvisados, corte do mastro, bandeirolas por toda a parte, novenas, procissões, fogueiras iluminando as ruas. Era assim que se comemoravam as festas juninas antigamente. Shows com milhares de pessoas, carros em fileiras imensas que vão até o Mercado, onde acontece o Forró Caju. Nos dias atuais, é como se festejam o São João, o São Pedro, e o Santo Antônio. Para o jornalista e pesquisador Luiz Antônio Barreto, as festas eram mais íntimas em tempos passados.

Segundo ele, fogueiras eram acesas na porta de casa, e as pessoas eram convidadas a orar novenas a Santo Antônio dentro da residência, para depois rezar a novena principal na igreja. O público participava dos festejos, através das cavalgadas, do pau de sebo, quando se elevava um pau com mais ou menos cinco metros de altura, colocava-se um triângulo de madeira no topo, e aquele que conseguisse chegar até o topo ficava com o dinheiro preso ao triângulo. Hoje, a multidão se reúne para assistir a um grande show, não há mais um clima intimista, e o público não participa do espetáculo, está lá como espectador.

 

Em Aracaju, só bairros populares como Santo Antônio e 18 do Forte ainda preservam certas tradições e fazem arraiais, forrós e fogueiras. Antigamente o público se concentrava na Vila João Costa, depois passou para a Rua São João, onde se realizavam apresentações de quadrilhas. Havia grandes arraiais e bailes em ruas como a de Gararu e Estância.

 

A música das festas juninas é o forró. Nos bailes que não existem mais, o trio composto por sanfona, zabumba e triângulo entoava canções de Luiz Gonzaga, enquanto os casais dançavam e paqueravam. Hoje em dia, grandes multidões se reúnem para assistir às bandas de sucesso na mídia, como as de forró elétrico, entre elas Calcinha Preta, Mulheres Perdidas, e artistas que são sucesso de público e de crítica, como Alceu Valença, Elba Ramalho e Cordel do Fogo Encantado.

 

Para Luiz Antônio Barreto, houve uma perda de tradições. “Quando o povo perde a tradição, perde a memória. Se não há memória, não há referência”, considera. Além disso, não há mais costumes como o de deixar uma bacia cheia de água no quintal, para no dia seguinte ver o rosto refletido e verificar se não falta nenhuma parte dele, pois seria a garantia de viver outro São João. Mas, apesar das mudanças ocorridas nos festejos juninos, Luiz Antônio Barreto acredita que a cultura popular não perdeu sua magia.

 

Religião – Os festejos juninos mesclam uma tradição religiosa originária da Idade Média com o culto agrário da colheita do milho, e os elementos da cultura popular nordestina. O milho e o coco são os ingredientes essenciais na culinária dessas festas, na produção de alimentos como pamonha e canjica.

 

Fogueiras – As fogueiras são acesas, e forma-se uma roda de dança em volta dela. Alguns acreditam que a tradição de acender fogueira e queimar fogos remonta às festas bárbaras e pagãs, quando o fogo era usado para afugentar maus espíritos e rogar boas colheitas. Outros afirmam que é usada para lembrar o ritual de Isabel, mãe de João Batista, e Maria, mãe de Jesus. Isabel e Maria teriam combinado de acender uma fogueira para comunicar uma à outra o nascimento de seus respectivos filhos.

 

Quadrilha – A quadrilha teve origem na Inglaterra, por volta dos séculos XIII e XIV, e é realizada em homenagem aos santos juninos para agradecer as boas colheitas na roça. Ela é comandada por um marcador, que usa palavras com influência francesa e portuguesa para comandar os passos dos casais.

 

Santos – João era um profeta, Pedro, apóstolo, e Antônio, intérprete da bíblia, mas na cultura popular cada um ganha um novo significado. Antônio é o santo casamenteiro, João é o protetor dos casados e dos enfermos, e São Pedro é aquele que cuida dos velhos, viúvas e necessitados, guardião do céu, e responsável pela chuva.

 

Por Tatiana Hora

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