Gestor de carreiras fala sobre importância das categorias de base no futebol

Ele é um dos responsáveis pelo caminho de sucesso que vem trilhando o jovem Victor Andrade, o adolescente sergipano que dá show na categoria de base do Santos. De passagem por Sergipe, Paulo Ernani, que também foi preparador físico de Vasco e Flamengo, diz que vai ao interior do estado garimpar talentos.

Antes disso, ele recebeu a equipe do Portal Infonet para um rápido bate-papo que você confere abaixo.

Portal Infonet – De que forma começou sua história no mundo da bola?

Paulo Ernani – Eu era diretor da Nike e após algum tempo fiquei responsável pela observação e contratação de novos atletas em toda a América do Sul que fossem interessantes à marca. Nessa trajetória descobri meninos até então desconhecidos, como Pato, Juan e Robinho, para os quais consegui o primeiro contrato da vida deles.

Infonet – Além do talento com os pés, quais são os atributos avaliados nos garotos?

PE – A observação de um jogador depende muito do propósito. Na  Nike era de uma forma mais abrangente, o jogador precisava aliar a técnica com características extra-campo, ou seja, uma imagem de jogador vencedor, que leva o esporte como paixão e que além de bom atleta é bom filho e bom pai. Os irreverentes também se destacam e, claro, a qualidade atlética do jovem também tem um peso fundamental.

Paulo e Victor, o craque sergipano do Santos

PE – O suporte dos pais é importantíssimo para uma carreira de sucesso. Por isso, o fundamental é que eles orientem o filho a focar naquilo que ele quer fazer de forma profissional, já equilibrando a alimentação dele e incentivá-lo aos treinos. No Brasil acontece algo muito interessante que quase toda criança começa a jogar bola no futsal, já que temos muitas quadras espalhadas pelos bairros e escolas do país. Isso é legal, pois essa prática consegue desenvolver as habilidades do futebol de campo.

Infonet – Como você vê o trabalho das categorias de base no Brasil?

PE – Os clubes de médio e grande porte têm melhorado o trabalho na base, entretanto antigamente a gente via uma quantidade maior de jogadores considerados acima da média que hoje. Isso ocorre porque antes o mercado do exterior se resumia apenas aos países da Europa e hoje o Brasil exporta muitos atletas também para o futebol da Ásia, Oriente Médio e Leste Europeu, fazendo as nossas promessas irem embora mais cedo e acelerando o processo de formação na base. A fila está andando muito rápido.

Infonet – E como frear a velocidade do andamento dessa fila?

PE – Acredito que a alternativa para frear um pouco mais esse processo está no planejamento financeiro dos clubes para que eles dependam menos da venda desses jogadores, o que já vem sendo incentivado pelo Governo Federal e CBF, mas ainda falta organização dos times.

Victor Andrade

PE – Atualmente, a nível nacional, Grêmio e Inter. Na região Nordeste, Bahia e Vitória.

Infonet – E como é que anda o trabalho com o sergipano Vitor? Teremos chance de vê-lo com a camisa da seleção em 2012?

PE – Olha, o Vitor é um menino muito especial, não só como atleta que é, com técnica e corpo destacáveis, mas como pessoa, e isso vem do suporte familiar que ele tem. Estamos com um trabalho muito bom vislumbrando a ascensão dele no futebol e acredito que ele tem muita chance de em 2012 e 2016 ele estar vestindo a camisa da seleção olímpica brasileira.

Infonet – Vai em busca de novas jóias do esporte em Sergipe?

PE – Isso. Esta semana vou botar o pé na estrada, ver algumas pequenas competições, umas peladas em caminhos de várzea. Muitos bons jogadores têm Sergipe como berço e isso já é um referencial. Se vermos garotos muito bons e vislumbrarmos um futuro para ele, com certeza vamos convidá-lo para fazer testes em alguns grandes clubes.