Depois de encerrada a careira de atleta, o sergipano José de Oliveira Pereira, ou ‘China’, como ficou conhecido no futebol local nas décadas de 1970 e 1980, fez de tudo um pouco: foi cozinheiro, operário e até motorista. A paixão pelo esporte, entretanto, o fez voltar à ativa, mas agora em uma função diferente: ele é treinador de uma equipe sub-17, em Nossa Senhora do Socorro. O ex-jogador não esconde as dificuldades que cercam a profissão, mas garante que faria tudo de novo. (Foto Ilustrativa)
O segredo para que a história de ‘China’ e de outros ex-atletas sergipanos que conseguiram ‘vencer na vida’ não repetisse a fórmula do estrelato, drogas e morte trágica foi simples: ambos contemplaram na educação e no equilíbrio emocional, principalmente, a melhor saída para lidar com o fim carreira. Muitos outros, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Do futebol ficaram apenas as lembranças e, olhando para a realidade sergipana, o desgosto com a administração retrógrada dos dirigentes atuais.
“Foi tudo gratificante. E esse sentimento é ainda maior quando a gente é reconhecido em algum lugar, por alguém que nos acompanhou e ainda hoje enaltece o nosso trabalho”, afirma, orgulhoso, o homem que iniciou a carreira aos 16 anos e acumula títulos de bicampeão sergipano, piauiense, maranhense e foi, ainda, um dos grandes artilheiros nordestinos. “As dificuldades sempre existiram: o salário atrasava, o jogador tinha contrato por seis meses, mas ficava oito meses parado”, relembra ‘China’. China diz que um dos problemas mais comuns a ex-atletas é o alcoolismo (Foto: Portal Infonet)
Ele reconhece, no entanto, que faz parte de uma minoria que teve oportunidade de estudar e conseguir certa estabilidade. Ter uma casa e os três filhos encaminhados profissionalmente – nenhum deles, todavia, jogador de futebol – é visto como a maior das vitórias já conseguidas. Mas a falta de oportunidade fora dos campos, admite o ex-jogador, uma situação absolutamente comum, é o mais difícil de lidar. “Muitos dos nossos colegas não chegaram nem a concluir o 2º grau e, por isso, nem arriscaram outras profissões, por isto acabaram se entregando ao álcool, principalmente”, lastima.
“Bossa Nova”
Também aos estudos Luiz Carlos de Oliveira, o ‘Bossa Nova’, outro grande nome do futebol sergipano de décadas passadas, credita as oportunidades que teve extra-campo como resultado da sua estabilidade atual. O ex-atleta começou a carreira aos 14 anos, e além de conquistar títulos em campeonatos locais e regionais, teve passagens pelo Atlético Mineiro, quando da conquista do hexacampeonato mineiro, e pelo Santos, quando também conquistou o campeonato paulista por duas vezes. Além disso, ‘Bossa Nova’ atuou também no futebol europeu, no time suíço Grassnoper. Carlos Alberto diz que nada mudou no futebol sergipano (Foto: Portal Infonet)
“O futebol me fez ser reconhecido, mas em termos financeiros não foi nenhuma mina de ouro. As dificuldades por que passam os atletas quando a carreira acaba são muitas. As pessoas reconhecem, mas não ajudam”, lamenta Luiz Carlos. Fora do campo, ele chegou a ter a própria escolinha de futebol, que chegou a ser transformada em um núcleo do time carioca Vasco da Gama. Depois disso ele ainda foi técnico do Confiança, Lagartense, Riachuelo, Guarany e do Boca Juniors, de Cristinapólis.
‘Bossa Nova’ hoje aguarda a aposentadoria, um privilégio de poucos dos seus colegas. “Quem optou por estudar, conseguiu uma vida melhor”, ressalta o ex-jogador que, assim como ‘China’, não teve nenhum dos quatro filhos que seguisse a profissão do pai. (Foto Ilustrativa)
Futebol sergipano
Com ambos mora o consenso de que o futebol sergipano é decadente. Tanto que eles se dizem desestimulados, inclusive, em assistir às partidas no Batistão, palco onde brilhavam aos olhos dos torcedores.
“Os dirigentes são os maiores culpados, porque carregam erros de outras épocas. Os profissionais daqui, tanto jogadores quanto técnicos e preparadores físicos, não são valorizados. Paga-se, por exemplo, R$ 2 mil a um profissional local e R$ 20 mil ao de fora, que nem sempre é tão bom”, reclama ‘China’.
Os recentes escândalos envolvendo a administração do Clube Sportivo Sergipe foram tomados de exemplo por Luiz Carlos ‘Bossa Nova’ como uma comprovação do descaso com o futebol sergipano. “Não se sabe administrar os clubes. Quando éramos vendidos não recebíamos nem os 15% a que tínhamos direito. Se os times fossem levados a sério, o futebol daqui seria de primeira divisão”, acrescenta ‘Bossa Nova’, que diz acompanhar apenas os campeonatos Brasileiro e Mundial.
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