Albano seria candidato “in pectore”? – Por Ivan Valença

O fato político de maior significado da semana pós Pré-Caju, além, é claro, da acalorada disputa interna na base aliada pela vice-governança foi, sem dúvida, o comentário do governador Marcelo Déda, sobre as constantes hostilidades que vem sofrendo o deputado Albano Franco de seus potenciais “aliados” do DEM.

Para o dr. Déda trata-se de uma estratégia visando bombardear a candidatura do ex-governador ao Senado, simplesmente porque o DEM não terá votos suficientes para eleger uma bancada federal expressiva sem a candidatura do dr. Albano a deputado federal, isto em razão da saída dos Amorins do DEM e da “aposentadoria” do deputado Jerônimo Reis, que, fisiologicamente, ingressou seu filho, Fábio Reis, na base do governo e que será candidato a deputado federal pelo PMDB; e, ainda, pelo tempo que o PSDB irá dispor no rádio e na televisão.

Tem lógica o comentário de Marcelo Déda, muito embora, deva-se considerar que o DEM possui nomes expressivos como os da Senadora Maria do Carmo e dos deputados federais José Carlos Machado e Mendonça Prado, isto sem mencionar a incontestável liderança do dr. João Alves, potencial candidato de peso ao governo.

Mas, por que, de forma tão explícita, o governador foi em defesa da candidatura do deputado Albano Franco ao Senado? Ai cabem duas especulações. A primeira é de que, da mesma forma que a oposição procura desestabilizar a base aliada em razão das enormes dificuldades que o governador terá para conciliar seus aliados (Antonio Carlos Valadares/Belivaldo Chagas, Jackson Barreto, Eduardo Amorim) candidatos aos cargos majoritários (senador e vice-governador), por sua vez, o Dr. Déda, atiça a desconfiança nas hostes oposicionistas jogando o dr. Albano contra seus “aliados” democratas.

A segunda é a de que, na verdade, o Dr. Déda torce para que o deputado Albano Franco seja realmente candidato ao Senado. Em primeiro lugar, porque está no páreo com condições de ganhar e, em segundo, porque, em face das simpatias (e simpatia é quase amor, segundo o verso de Casimiro de Abreu) que os aproxima, o governador, se reeleito, teria um forte aliado na Câmara Alta. Ora, ninguém medianamente informado desconhece o elevado prestígio do deputado Albano Franco no mundo político e empresarial do país. Assim, não podendo ser candidato da aliança governista, será candidato “in pectore” de Sua Excelência, ou seja, do peito, do coração. Se isto dá votos é outra história.

Por Ivan Valença