Projeto sobre reajuste de professores é aprovado depois de bate boca

Professores chegaram animados e …

Cansados. Assim estavam os professores da rede estadual de ensino nas galerias da Assembleia Legislativa de Sergipe. O que era pra ser a votação da revisão do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) acabou em um bate boca desnecessário,  entre os deputados Ana Lúcia Menezes (PT) e Venâncio Fonseca (PP). No sentido de mostrar quem faz parte da esquerda e quem faz parte da direita, os parlamentares conseguiram deixar os professores que chegaram com toda a garra, decepcionados. Isso porque o foco acabou sendo desviado e após quase cinco horas, finalmente a categoria viu 16 deputados [a presidente só vota em caso de empate] aprovarem o projeto do Governo.

A sessão começou por volta das 10h tranqüila. Mas o dia prometia, principalmente para os professores que estavam acampados na Assembleia e para aqueles que residem no interior. Primeiro foi o painel eletrônico montado na Praça Fausto Cardoso para que os profissionais [em greve há 15 dias] pudessem acompanhar a votação. Deu trabalho para funcionar.

E ficaram desolados com o bate boca

Antes da votação, os deputados Venâncio Fonseca (PP), Augusto Bezerra [DEM] e Ana Lúcia Menezes (PT), discursaram. Tudo aparentemente tranqüilo. “Fiquei assustado quando cheguei à esta Casa hoje e vi todo um aparato governamental, um pelotão de chefes de Governo. Quero aqui pedir aos parlamentares que dêem uma chance aos professores, não votando o projeto hoje (9) e a oportunidade de um confronto de números entre a Secretaria da Fazenda, o Dieese, o Sindata e o Sintese e depois vocês podem votar de acordo com as suas consciências. O Governo não paga o Piso agora alegando não ter dinheiro, só que em 2012 tem que pagar, em 2013 também e em 2014 é ano eleitoral e aí o Governo vão ter dinheiro? O tacho vai estar abarrotado”, ressalta Venâncio.

“Se os professores não estão com pressa, estão querendo dialogar, por que o Governo está com essa pressa? Algo de estranho está no ar. Será que o Governo não quer usar o dinheiro do Fundeb porque sabe que o Governo Federal só libera a verba após uma auditoria na Secretaria de Estado da Educação?  Eu quero aqui parabenizar a coragem da deputada Ana Lúcia em afirmar que Déda nunca foi líder sindical e apresentar parecer do advogado renomado Hnri Clay constatando a inconstitucionalidade do projeto. Quero parabenizá-la apesar de nesta Casa a gente ter inúmeras divergências”, prossegue Venâncio Fonseca.

entre Venâncio e Ana Lúcia

“A deputada Ana Lúcia em nenhum momento falou mal do partido dela. Ela mostrou que o projeto é inconstitucional, desceu da Sala de Comissões inconstitucional. No ano das eleições o Governo disse que Sergipe era o primeiro Estado a pagar o Piso e agora não é mais. E agora inventou essa história de raspar o tacho, mas se acabar com a Carreira pode pagar?”, indaga o deputado Augusto Bezerra.

Lavando roupa suja

Os discursos de Venâncio Fonseca e Augusto Bezerra acabaram não agradando a deputada Ana Lúcia e ninguém imaginava que as discussões em torno de benefícios dos professores pudesse se transformar em um tremendo bate boca, atrasando a votação em quase duas horas.

Garibaldi recebe o agradecimento de professor (Fotos: Portal Infonet)

“O Governo Marcelo Déda teve duas audiências e nós continuamos discordando. Os professores têm ideologia e eu quero dizer que não é verdade que o deputado Venâncio mudou e está em favor da categoria. Como eu disse que é preciso acabar com o mito Marcelo Déda quero dizer que isso que Venâncio faz [transformar as mentiras em verdade] é que forma o mito. Agora ele vem defender Ana Lúcia. Ele esqueceu de ter dito que eu usei a estrutura do Sintese para pedir votos e eu nunca fiz isso. Quero dizer à direita que professores e professoras lidam com ideologia. Não admito que hoje a oposição incorpore os meus discursos, de Joel e de Ângela”, avisa.

“Eu comecei militar com 15 anos e apanhamos no Governo Valadares. E foi isso que eu disse, que Déda nunca foi militante, nunca esteve à frente de greves. No Governo Valadares quando a gente apanhava, ele era deputado e ficava tentando impedir. Tenho certeza que muitos deputados vão votar contra os professores, mas não vão votar com tranqüilidade porque receberam muitos votos de vocês”, enfatiza olhando para as galerias.

Bate-rebate

Com o discurso de Ana Lúcia, o deputado Venâncio Fonseca retornou à tribuna para dar explicação pessoal, mas com um tom bem diferente da primeira vez. “Aprenda a respeitar os colegas, a respeitar a oposição. Isso aqui é um colegiado e eu não levo desaforo pra casa. Facilite o trabalho do Governo, mas fique ciente que o governador respeita a oposição desta Casa. Vossa Excelência é muito autoritária. Na sala de aula, coitados dos seus alunos. Quer ser situação e oposição ao mesmo tempo. Escolha: Ou oposição ou situação. Agora, atitudes dúbias aqui não vou admitir”, rebate.

Tréplica

E a deputada Ana Lúcia mais uma vez foi à tribuna. “No grande expediente, eu cumpri o meu papel que foi o de tirar a máscara do deputado Venâncio Fonseca. O PT tem 13 agrupamentos diferentes no Brasil e eu nunca fui chamada a atenção pela minha posição. Em momento algum eu desqualifiquei e nem disse que o discurso dele não é verdade. O nosso Governo é de coalizão sim”, rebate Ana Lúcia que foi interrompida duas vezes por Venâncio sem que o deputado tivesse pedido apartes e de pronto solicitou à presidente da Assembleia Legislativa, que cumprisse o regimento interno.

Desolados

Já desolados nas galerias, os professores em sua maioria queriam apenas que o projeto fosse votado. Mas antes da votação, mais bate-boca entre Venâncio e Ana Lúcia. De um lado, Venâncio argumentava que a emenda apresentada por Augusto Bezerra, para que a correção do Piso fosse paga  ainda este ano e do outro, Ana Lúcia defendia que fosse paga de uma só vez em janeiro.

A emenda foi rejeitada pela maioria e finalmente o projeto do Governo, que já tinha sido aprovado por maioria em primeira votação, foi aprovado em segunda e em votação final pela mesma quantidade de votos: 16 a favor e sete contra. Entre os que votaram contra o projeto do Governo, os três deputados da bancada: Ana Lúcia, Capitão Samuel e Garibaldi. E os quatro da oposição: Venâncio Fonseca, Augusto Bezerra, Goreti Reis e Arnaldo Bispo.

Indagado pela reportagem do Portal Infonet, se votou com a consciência, o deputado Garibaldi Mendonça, não pensou para responder: “Votei com a consciência tranqüila. Primeiro porque se trata dos professores e segundo porque estou casado há 30 anos com uma professora e sei de perto a angústia que ela passa”, diz Garibaldi.

Por Aldaci de Souza

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