Castelo de Flores na Assembleia

Danielle Garcia falou ao lado da superintendente Katarina Feitosa (Fotos: Portal Infonet)

Se a delegada Danielle Garcia sonhasse que seria tão bem recepcionada na Assembleia Legislativa de Sergipe e que A Operação Castelo de Cartas seria transformada em ‘Castelo de Flores’, já teria atendido ao requerimento do deputado Gilmar Carvalho (PR), aprovado por unanimidade no dia 16 de junho de 2011.

A sessão da manhã desta quarta-feira, 28 em que os deputados iriam questionar a delegada sobre um possível desrespeito à Casa [Danielle teria dado entrevista insinuando a participação de um funcionário da Assembleia em irregularidades investigadas pela Operação Castelo de Cartas] foi uma surpresa até mesmo para os vários delegados que ocuparam as galerias.

Isso porque o requerimento foi aprovado por unanimidade e quando o deputado Gilmar Carvalho deu entrada, os demais parlamentares se pronunciaram contra a possível atitude da delegada [ela garantiu que nunca faltou com respeito àquele Poder] e insistiam para que a delegada atendesse à convocação. Mas, o que se viu na sessão desta manhã, foi vários deputados desviando o que estava em debate. Apenas o deputado Augusto Bezerra (DEM) fez um discurso mais duro.

Delegados lotaram as galerias

“Como Poder, nós não podemos ser tratados como a Senhora nos tratou. A vítima aqui não é Vossa Excelência, mas a Assembleia. Eu sou deputado pela quarta vez e não abro mão de defender esta Casa. Quero saber se algum prefeito se recusou a entregar documentos e se as empresas são as mesmas investigadas e, se são, por que a polícia não foi buscar os documentos nas secretarias?” indaga Augusto Bezerra.

Esclarecimento

“Em momento algum eu falei de forma desrespeitosa porque sei que todos os três poderes devem ser respeitados. Seis municípios foram investigados com base no curso da operação. Mas é preciso esclarecer que a Polícia Civil investiga, o Ministério Público dá o parecer e o Judiciário defere e todos os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na mais extrema legalidade. As empresas são as mesmas, mas não posso afirmar que todas apresentam indícios de irregularidades e fiscalização de órgãos não cabe à Polícia Civil”, enfatiza Danielle Garcia.

Vereador Jony Marcos e o secretário adjunto da SSP, João Batista no plenário

“Eu reconheço e parabenizo o trabalho de combate à corrupção, mas defendo que essas ações sejam igualitárias. Não entra na minha cabeça que empresas que são acusadas de corrupção no interior estejam agindo com honestidade no Governo do Estado. O que nós queremos é o tratamento igualitário. Peço cautela quando vocês forem lidar com o homem público para que não fique sentenciado perante o eleitorado”, ressalta o deputado Venâncio Fonseca.

“Para tranqüilizar o Senhor, existem desdobramentos da operação e tudo o que precisar ser feito, vai ser feito”, garante a delegada.

O líder do Governo na Assembleia, deputado Francisco Gualberto (PT) destacou: “Temos que nos esforçar para preservar esta Casa, mas entendo que alguns discursos mostram que de qualquer jeito querem encontrar uma sabotagem no Governo”.

Augusto Bezerra focou no objetivo do requerimento

Para a deputada Ana Lúcia Menezes (PT), “a delegada Danielle Garcia veio a esta Casa com um objetivo e conseguiu atingir outro, que é o de dialogar”.

Autor

O autor do requerimento, deputado Gilmar Carvalho preferiu ouvir todos os depoimentos dos colegas para em seguida se pronunciar. “Se falou tanto, se especulou tanto, se disse tantas coisas e apenas e tão somente aquilo que devia ser e está sendo, um encontro cordial. Eu apenas ouvi uma novidade lamentável, foi saber que o requerimento nosso do mês de junho, brincou nas fogueiras de São João e só chegou à delegada no dia 09 de setembro, inclusive já com a perda do objeto do requerimento. O interesse da Casa não era ouvi-la durante o inquérito policial”, destaca.

Gilmar Carvalho: "Me tomei de indignação"

Gilmar Carvalho disse ainda: “quando li a nota em um jornal diário e Vossa Excelência tem razão quando diz que não me deu entrevista sobre o assunto, eu me tomei de indignação. Tá lá na nota que Vossa Senhoria disse que eu Gilmar Carvalho deveria cuidar de me informar sobre o envolvimento de um funcionário desta Casa na Operação. Tive o cuidado de lhe procurar para ouvi-la e Vossa Senhoria não tinha obrigação de falar e a nossa produção entrou em contato com o presidente da Associação dos Policiais Civis, Dr. Cássio Viana e a resposta foi de que não conseguiu falar com Vossa Senhoria. Apresentei um requerimento então em homenagem à defesa que deveria ser feita desta Casa, confirmar ou não o que estava na nota e se havia ou não envolvimento de funcionários nesta Casa ou do deputado Gilmar Carvalho”, explica.

“Esta Casa se sentiu obrigada a fazer o requerimento atendendo sugestão do deputado José Franco. Não é nada contra o trabalho de Vossa Senhoria, se não tivesse a publicação daquela nota, que não sei de onde saiu, a reação de alguns setores para evitar que a delegada viesse à Assembleia, não teria a opção de convocá-la para mostrar o ponto de vista da seriedade das investigações. Estamos satisfeitos”, finaliza.

Surpresas

A sessão foi mesmo marcada por surpresas. A presidente da Casa, deputada Angélica Guimarães (PSC) se referia à Danielle Garcia como deputada. Ao final da explanação da delegada [que optou por não detalhar a operação, mas esclarecer que as duas entrevistas que deu sobre a Operação Castelo de Cartas estão gravadas em CDs e a disposição dos deputados, comprovando que não houve qualquer desrespeito], os delegados aplaudiram, tendo sido informados pela presidente que o regimento não permite.

O que não se entendeu foi a permissão para que o secretário adjunto da SSP, João Batista e o vereador Johny Marcos acompanhassem a sessão dentro do plenário.

Outra novidade foi a de que apesar de ter sido aprovado no dia 16 de junho, o requerimento só chegou às mãos da delegada em 09 de setembro.  Isso sem contar com a mudança de discurso de vários deputados que antes criticaram a delegada e votaram a favor do requerimento e na sessão desta quarta, garantiram nunca terem ouvido a delegada desrespeitar aquele Poder.

Tiro

Outro fato inusitado na manhã desta quarta-feira na Assembleia Legislativa, foi o disparo de uma arma pertencente a um policial civil à paisana. De acordo com o pessoal da segurança, “o procedimento padrão é a utilização da caixa de areia para desmuniciar, descarregar apontando a arma para a caixa, só que ao policial se dirigir até o local, a arma disparou atingindo a areia”.

E no final da sessão, mais uma surpresa: a determinação para que os profissionais de imprensa não entrassem no plenário para entrevistar os deputados até que a delegada Danielle Garcia saísse acompanhada da superintendente da Polícia Civil, Katarina Feitosa.

Decepcionado

No início da tarde, o deputado Augusto Bezerra (DEM) procurou a reportagem do Portal Infonet para dizer que ficou muito decepcionado com a sessão em que a Delegada Danielle Garcia seria ‘sabatinada’ sobre o possível envolvimento de um funcionário da Assembleia no Castelo de Cartas e o desrespeito ao Poder.

“Esse é o meu sentimento, de decepção, pois se a Assembleia não tinha nenhuma dúvida quanto ao Castelo de Cartas e se a Assembleia não se sentiu ofendida pela delegada, qual foi mesmo o objetivo da ida àquela Casa. Eu não estou aqui criticando a posição dos colegas parlamentares, mas se tudo está dentro da normalidade, a delegada não deveria ter sido convocada”, entende o deputado Augusto Bezerra lembrando que o requerimento foi aprovado por unanimidade.

Por Aldaci de Souza

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