Valadares: “crise fortalece os adversários”

Valadares: bombeiro pela paz (Foto: Portal Infonet)

O senador Antonio Carlos Valadares (PSB) decidiu antecipar seu retorno a Sergipe – ele tinha um compromisso no Rio de Janeiro na quinta-feira, 1º – para atuar como bombeiro em busca de um ponto de equilíbrio que possa amenizar a crise política que abala as relações harmônicas entre a Assembleia Legislativa e o Governo de Sergipe, desde que as eleições para escolha da nova mesa diretora da Assembleia Legislativa foram antecipadas.

Demonstrando profunda tristeza – como antecipou o Portal Infonet, na manhã de ontem – com os últimos episódios que causaram rompimento público entre o bloco liderado pelo senador Eduardo Amorim (PSC) com o governador Marcelo Déda (PT), o senador Valadares não deixa de reconhecer que a crise política que bate à porta governista poderá contribuir com o fortalecimento do bloco oposicionista liderado pelo ex-governador João Alves Filho (DEM) no Estado de Sergipe.

Para Valadares, “toda crise acontecida na base só fortalece o adversário”. O senador admite que, estando na condição de João Alves Filho, estaria bastante sorridente. “Eu, no lugar dele, estaria sorrindo”, brincou. “Ele já é sorridente, imagine… É como a gente diz lá em Simão Dias: está com os dentes no quarador”, completou, entre gargalhadas.

Sem rompimento

Ainda na quinta-feira, 1º, depois de desembarcar em Aracaju, o senador Antonio Carlos Valadares cumpriu a agenda reunindo-se com os deputados estaduais Adelson Barreto e Maria Mendonça, que se declaram bastante magoados com os episódios que culminaram com a exoneração de pessoas que ocupam cargos no governo a partir das indicações dos parlamentares, em especial a exoneração de uma das irmãs da parlamentar itabaianense, Maria do Carmo Mendonça Andrade, da diretoria de Atendimento do Detran.

Apesar de reconhecer que ambos os parlamentares se sentem ‘magoados e ofendidos’ com as palavras ásperas do governador Marcelo Déda, o senador Valadares disse que vai operar nos bastidores para garantir paz e harmonia entre os Poderes Legislativo e Executivo, de forma que o PSB permaneça apoiando o governador Marcelo Déda. “Não é momento de falar em rompimento”, disse. Valadares também reconhece não se tratar de momento para massacrar os deputados que contrariam os interesses do Governo.  “Sei que os deputados Adelson Barreto e Maria Mendonça estão magoados e ofendidos com as conversas que tiveram com o governador, mas tudo é superável”, comentou. “Os deputados que votaram em Angélica também não devem ser massacrados pelo partido. Não vamos fazer isso, de maneira nenhuma”, ressaltou.

Para Valadares, a reação do suplente de deputado Gilmar Carvalho (PR) ao defender o rompimento do PSB com o governador Marcelo Déda não passa de uma pressão política para mantê-lo titular na Assembleia Legislativa. “A verdade é que Gilmar Carvalho pleiteia voltar a Assembleia, mas não pode impor condições ao PSB”, diz. “Gilmar tem todo direito de pleitear seu retorno à Assembleia, defender a indicação de outro deputado estadual para o Tribunal de Contas e abrir a vaga para ele, mas não pode usar o PSB. Não posso tomar decisão em cima de uma opinião de um companheiro de outro partido”.

Para Valadares, a decisão pela indicação da Assembleia Legislativa para a vaga do Tribunal de Contas deve ser secundária. “A prioridade, neste momento, é manter a governabilidade. Neste momento, não há que falar em rompimento para não agravar a crise”, compreende.

E quanto à escolha para o TCE, Valadares defende o acordo em favor de Belivaldo Chagas, reconhecendo que seria fruto dos entendimentos políticos ocorridos em 2010, que emplacou Jackson Barreto na vice-governadoria e os dois senadores (Valadares e Amorim) na chapa majoritária, enquanto Belivaldo – que era vice no primeiro mandato de Déda, ficaria sem mandato ocupando a pasta da Secretaria de Estado da Educação até o surgimento da vaga no TCE, aberta, finalmente, no início do mês passado com a aposentadoria da conselheira Isabel Nabuco.

Valadares garante que recebeu com surpresa as informações sobre a crise instituída a partir da antecipação das eleições na Assembleia Legislativa. Ele informou que fez interferência junto ao empresário Edvan Amorim orientando o grupo a conversar com o governador Marcelo Déda antes de qualquer tomada de decisão quanto ao processo eleitoral para escolha da nova mesa diretora.

Valadares inclusive reconhece como algo natural e corriqueiro a interferência do Poder Executivo no processo para a escolha da mesa diretora do Poder Legislativo. “É natural o governador participar como o presidente da república também participa no Congresso Nacional e não significa subserviência, mas boa relação entre os poderes. Agora, o presidente do Tribunal de Justiça é que não pode consultar o governador para saber quem vai ser o presidente daquele tribunal”, comenta o senador.

O senador viajou a Brasília, na segunda-feira, com tranquilidade, conforme confessou, por ter deixado um clima de diálogo em Sergipe entre os Amorim e o governador Marcelo Déda. “Edvan (o irmão do senador Eduardo Amorim) foi conversar com o governador na segunda. Eu estava tranquilo e feliz por vê-los conversando e viajei a Brasília, mas, quando cheguei em Brasília, recebi a noticia de que houve o papoco”. Uma bomba que chegou aos ouvidos do senador por meio de um telefonema do próprio governador Marcelo Déda.

Ainda hoje, o senador terá encontro com o governador Marcelo Déda para debater a crise e articular mecanismo para recompor a maioria na Assembleia Legislativa. O senador também pretende retomar as conversações com os deputados Maria Mendonça e Adelson Barreto, assim como está disposto a voltar a conversar com os irmãos Edvan e Eduardo Amorim.

Por Cássia Santana

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