Subvenções: filho de empresário é preso

Thiago: a exemplo dos pais, ele se reserva ao silêncio (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

A polícia prendeu mais um suspeito de envolvimento em suposto esquema fraudulento para desviar recursos públicos, que relacionam o uso das verbas de subvenções destinadas pela Assembleia Legislativa a entidades do terceiro setor. Foi preso no final da manhã desta quarta-feira, 25, o jovem Thiago Menezes Farias, 20, filho do casal Wilson Farias e Edivânia Farias, presos na terça-feira, 24, por determinação judicial, acusado de movimentar ilicitamente as verbas de subvenções doadas por deputados estaduais à Associação Sergipana de Produtores de Eventos (ASPE).

Thiago Menezes chegou a ser conduzido para a Delegacia de Polícia na terça-feira, mas logo foi liberado. No entanto, na mesma tarde, a delegada Danielle Garcia, do Departamento Especializado em Crimes Contra a Ordem Tributária e a Administração Pública (Deotap), encontrou farta documentação que o vincula ao suposto esquema liderado pelo pai dele e solicitou a prisão preventiva do acusado, que foi expedida pelo plantão do Poder Judiciário no início da noite. O jovem foi localizado no final da manhã desta quarta-feira, 25, na própria residência, no mesmo imóvel na Coroa do Meio onde os pais foram presos na manhã da terça-feira e onde farta documentação, veículos de luxo, joias e cerca de R$ 210 mil em espécie foram apreendidos.

Cópia de e-mail para Funcaju: "essa também para perder Neuza"

Além de encontrar vários imóveis em nome de Thiago Farias, a polícia observou extratos bancárias com grande movimentação de grande volume de dinheiro na conta pessoal de Thiago. Ao cumprir os mandados judiciais na terça, a delegada também encontrou farta documentação que abre suspeita de envolvimento da família Menezes Farias em esquema para fraudar processo licitatório promovido por muitas prefeituras sergipanas para contratação de bandas e estrutura para realização de festas populares. A delegada apresentou cópia de e-mails trocados entre representantes da ASPE e servidores de prefeituras municipais responsáveis pela condução de processos licitatórios, indicando quais seriam as empresas que poderiam perder a concorrência.

Entre os documentos apreendidos na terça-feira, 24, na residência de Wilson Farias, a delegada exibiu dois e-mails destinados pela ASPE à Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju), no qual indica as empresas indicadas para perder a licitação. “Essa também é para perder minha linda Neuza”, destaca o emissor no topo da correspondência, numa referência a mulher identificada, na mesma correspondência, como Neuza Mamona, referente a uma licitação realizada em 2013.

Três propostas de diferentes empresas enconrtradas na mesma casa

Na mesma correspondência, está destacado um número de um telefone celular. O Portal Infonet tentou contato, mas não conseguiu êxito. A ligação sempre cai em caixa de mensagem. O Portal Infonet tentou ouvir a Prefeitura de Aracaju. A Secretaria Municipal de Comunicação se comprometeu a enviar uma resposta, mas até o momento não se manifestou. O Portal Infonet permanece à disposição. Informações podem ser enviadas por e-mail jornalismo@infonet.com.br ou por telefone (79) 2106 – 8000.

A polícia também apreendeu vários outros documentos, inclusive propostas feitas por três empresas distintas para participação de licitação, papeis em branco, exibindo, na parte inferior, diferentes assinaturas de pessoas ainda não localizadas pela polícia e talões de cheques com folhas assinadas em branco por Thiago Farias, além de outra papelada que ainda está sendo analisadas pela equipe da delegada Danielle Garcia.

Silêncio

Danielle Garcia: farta documentação

Na ótica da delegada, a polícia está diante de uma família, que supostamente se constitui uma organização criminosa. “Pelo visto, uma organização criminosa, que começa dentro da própria casa”, conceituou. Na sede da Delegacia Plantonista, o jovem Thiago Farias encontrou um grupo de jornalistas, mas ele preferiu não fazer revelações. Da mesma forma que falou aos agentes, Thiago disse apenas que não sabia os motivos que o levaram à prisão e que desconhecia qualquer atitude criminosa em sua atividade empresarial.

Na terça-feira, 24, também foram presas duas mulheres [Edivância Farias, a esposa de Wilson Farias e mãe de Thiago] e também Alessandra Menezes, que seria o braço direito de Wilson nas transações, que envolvem saques de cheques, com alto valor, feitos na boca do caixa bancário. Alessandra foi procurada pela justiça eleitoral para dar explicações quanto à movimentação das verbas de subvenções destinadas pela Assembleia Legislativa para a ASPE, mas não foi localizada.

As investigações da polícia civil identificaram o endereço da acusada. Ela reside um povoado no município de Itabaiana, já prestou assessoria para o ex-deputado Armando Batalha, que também destinou verbas para aquela associação enquanto exercia o mandato na Assembleia Legislativa de Sergipe, e foi presa em Aracaju, na residência do ex-companheiro no bairro D. Pedro.

A delegada não tem dúvida que há um forte esquema, envolvendo as empresas dominadas por Wilson Farias, para fraudar licitações promovidas por prefeituras sergipanas. A delegada solicitará informações sobre os contratos de todas as prefeituras sergipanas, em ofícios enviados diretamente aos gestores, e também ao Tribunal de Contas do Estado.

Por Cássia Santana

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