Navalha: testemunhas não mudam tese do MPF

Advogados no momento da audiência (Fotos: Portal Infonet)

A juíza Telma Machado, da 1ª Vara da Justiça Federal, começou uma nova fase do processo judicial, fruto da Operação Navalha desencadeada pela Polícia Federal com o objetivo de desarticular um suposto esquema para fraudar licitações e desviar recursos públicos, que teria no comando a Construtora Gautama. No evento Sergipe, algumas testemunhas arroladas pela acusação já foram ouvidas e nesta terça-feira, 26, duas testemunhas arroladas pela defesa de dois réus prestaram depoimento em audiência realizada na sede da Justiça Federal em Aracaju.

O depoimento de ambas as testemunhas não modificaram a tese do Ministério Público Federal (MPF). “Por hora, as constatações da CGU [Controladoria Geral da União] se mantêm”, observou o procurador da república Leonardo Martinelli. A afirmação de uma das testemunhas quanto ao tipo de material utilizado pela Gautama na obra contratada pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) para a duplicação da adutora do São Francisco chamou a atenção do representante do Ministério Público Federal.

Ferro fundido e aço de carbono

Ao ser questionado pelo procurador Martinelli, o supervisor de montagem Cláudio Dantas Santos, que coordenou o trabalho de montagem da tubulação da obra investigada no Evento Sergipe da Operação Navalha, destacou que produtos com aço de carbono seriam utilizados de forma mais usual do que o material de ferro fundido em obras deste porte.

Carlos especficia tipo de material usado em obra

E, conforme o procurador da república, seria o ferro fundido o material ofertado pela Construtora Gautama e este seria um dos itens que contribuiu para aquela construtora vencer o processo de licitação. “Mas o processo é muito complexo”, opinou, destacando o relatório da CGU que aponta indícios de superfaturamento na aquisição de material, diferença nas medições da tubulação e direcionamento na licitação para, supostamente, beneficiar a Construtora Gautama.

Após o depoimento, Cláudio Santos conversou com o Portal Infonet, disse que a obra teve efetiva fiscalização do Tribunal de Contas da União e que teria se surpreendido quando soube, por meio da imprensa, das irregularidades apontadas pela Operação Navalha. “Fiquei surpreso [com as notícias] porque foi uma obra em que a gente era muito cobrado e tudo foi feito com amor, fiscalização e controle de qualidade”, destacou.

O engenheiro Gustavo José Santos Silva Lima, funcionário da Caixa Econômica Federal, foi a segunda testemunha ouvida nesta terça-feira, 26. Na época em que a Caixa financiou a obra, em 2003, o engenheiro exercia cargo de gerente de engenharia na instituição financeira. No depoimento, ele deixou claro que a fiscalização da obra seria de responsabilidade da Companhia de Saneamento. O engenheiro saiu da sede da Justiça Federal sem falar com a imprensa.

Martinelli: suspeitas mantidas

Entre os réus, apenas Ricardo Magalhães da Silva, que gerenciou as obras em Sergipe, compareceu à audiência. Os demais foram dispensados e foram representados pelos respectivos advogados, que não quiseram se pronunciar a respeito do andamento do processo. Além de Ricardo, também respondem à ação penal movida pelo MPF Flávio Conceição de Oliveira Neto [conselheiro aposentado pelo Tribunal de Contas do Estado de Sergipe], Gilmar de Melo Mendes, João Alves Neto, Ivan Paixão, Kleber Curvelo Fontes, Max Vasconcelos de Andrade, Renato Conde Garcia, Sérgio Duarte Leite, Victor Fonseca Mandarino e o empresário Zuleido Veras [dono da Construtora Gautama].

Por Cássia Santana

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